Diretor da CIA e senadora divergem sobre técnicas polêmicas de interrogatório

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A senadora democrata Dianne Feinstein e o diretor da CIA, John Brennan, entraram em um embate sobre as práticas da agência para conseguir respostas dos investigados, utilizando-se de interrogatório intensificado e, inclusive, tortura. Enquanto John Brennan defendeu as ações em uma coletiva de imprensa, a senadora desmentiu que tais técnicas foram utilizadas para a busca de Bin Laden pela CIA.
 
De O Globo
 
Líder da Comissão de Inteligência do Senado desmente chefe da CIA no Twitter
 
Dianne Feinstein rebateu discurso de John Brennan, e afirmou: ‘Agência já tinha informações quando torturou
 
WASHINGTON — Durante o discurso e a coletiva de imprensa do diretor da CIA, John Brennan nesta terça-feira sobre as conclusões do relatório da Comissão de Inteligência do Senado sobre as práticas da agência, a senadora democrata Dianne Feinstein, que liderou a comissão, comentou as respostas de Brennan no Twitter, e desmentiu muitas das afirmações do chefe da CIA.
 
Brennan afirmou que informações importantes e valiosas foram obtidas de indivíduos que foram — em algum momento — submetidos a técnicas intensificadas de interrogatório, e que era impossível determinar se essas informações poderiam ter sido obtidas de outra maneira.
 
Feinstein tuitou: “O estudo do Senado mostra que a CIA já tinha tais informações quando praticou tortura, e não há qualquer evidência mostrando que ataques terroristas foram impedidos, terroristas foram capturados, ou vidas foram salvas usando as técnicas intensificadas de interrogatório”.
 
O diretor também creditou à aplicação das polêmicas técnicas, a obtenção de informações que permitiram que os Estados Unidos realizassem a operação que matou o líder da al-Qaeda, Osama bin Laden.
 
A senador respondeu no Twitter: “Informações que levaram a Bin Laden não estavam ligadas às técnicas intensificadas, e o estudo do Senado prova definitivamente que o uso das técnicas intensificadas não levaram a Bin Laden. Página 378”.
 
Brennan defendeu as ações dos agentes da CIA, afirmando que durante o período em que foram empregadas, as técnicas intensificadas foram consideradas legais pelo Departamento de Justiça, e autorizadas pelo governo de George W. Bush, como métodos legítimos de interrogatório.
 
Feinstein replicou: “A autorização do governo não permitia o uso de técnicas coercitivas de interrogatório”.
 
Brennan também questionou o processo de elaboração do estudo do Senado, dizendo que gostaria que a Comissão tivesse perguntado aos agentes da CIA envolvidos no programa sua opinião sobre os métodos utilizados, e lamentou que a Comissão de Inteligência tenha aberto mão da possibilidade de interagir com agentes da CIA.
 
Feinstein voltou a responder: “São mais de 100 entrevistas, testemunhos orais e escritos, respostas oficiais da CIA e diversos encontros da agência contribuíram para o estudo apresentado pela Comissão de Inteligência do Senado”.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

5 Comentários

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    1. Pelo contrário,

      Defensores da tortura – lá como cá – se elegem com o apoio de defensores da tortura.

      A maioria dos estadunidenses apoia torturar não-estadunidenses.

      1. “A maioria dos

        “A maioria dos estadounidenses apoia torturar não-estadounidenses”.

        É verdade. Mas, por não se rebelarem contra a barbárie que suas instituições aplicam aos outros povos é que já estão provando desse veneno. A violência policial nos “states” é, segundo relatam, alarmante. As vítimas, na maoir proporção, são os negros e os hispânicos.  Mas os branquinhos não estão sendo poupados.

    1. Contaminação semiótica

      As palavras e seus significados é que estão sendo torturados, assim como os valores humanos que elas expressam.

      Vivemos num mundo em que as palavras dos poderosos têm tanto poder que se impõe sobre as consciências e se reproduzem independente delas.

      Mesmo o jornalismo progressista vira escravo delas. Tão moderno que dispensa a censura.

       

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