Federal Reserve não deve ter pressa para retirar estímulos à economia

Jornal GGN – A boa notícia do dia, para os Estados Unidos, foi a queda da taxa de desemprego em novembro, para 7%, a menor em cinco anos. Em uma primeira leitura, o mercado passou a considerar que o Federal Reserve (Fed) poderá, muito em breve, cessar seu programa de recompra de ativos, que há cinco anos visa estimular a economia americana.

No entanto, um olhar mais cauteloso desautoriza esta previsão. Em primeiro lugar, e muito importante, a falta de aprovação do Orçamento, que paralisou o país por 16 dias em outubro, ainda não está equacionada. Foi firmado um acordo provisório e a matéria voltará ao Congresso na próxima semana. Não havendo paz nesta seara, o risco para a atividade econômica é altíssimo.

O chamado “shutdown” se originou da discussão em torno da Affordable Care Act (reforma do sistema de saúde). O  governo dos EUA opera com um orçamento anual que vai de 1º de outubro a 30 setembro (ano fiscal do governo), e todos os anos o Congresso deve autorizar um novo orçamento por meio de um projeto de lei de gastos. Neste ano, no entanto, os republicanos no Congresso apresentaram um projeto que pretendia mudar a reforma – uma forma de “atacar” o presidente e usar a matéria como moeda de troca em projetos deles.  Não houve acordo até 30 de setembro e muitas atividades governamentais foram paralisadas.

Também a questão do teto é constitucional – todos os anos é preciso elevá-lo para que o Tesouro continue a emitir dívida para financiar o governo. O acordo, neste caso, também foi parcial. Agora vai ter de ser votado senão, em tese, o governo americano daria um calote (default).

Por fim,  a nova presidente do Fed, Janet Yellen, toma posse apenas em janeiro. E Ben Bernanke não tomaria uma decisão às pressas que pode ter implicações sérias para sua sucessora.

Neste cenário, o mais provável é que a retirada de estímulos – se tudo andar conforme o figurino – só ocorra em março de 2014. Aí sim o Brasil terá motivo de preocupação, porque, entre a maior economia do mundo em recuperação e o emergente que cresce pouco, os investidores tenderão a aportar seu dinheiro na primeira alternativa.

Redação

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