FMI sinaliza que dinâmica da dívida grega não se sustenta

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou nesta quinta-feira (2) que a dinâmica da dívida pública grega é insustentável. Técnicos do fundo defenderam uma extensão dos prazos dos empréstimos europeus, em conjunto com novas reformas para inverter essa tendência. Caso o alongamento falhe, o fundo cogitou a possibilidade de corte da dívida do país.

“Em cima de uma dívida já muito elevada, as novas necessidades de financiamento tornam a dinâmica da dívida pública insustentável”, informou o FMI, em uma análise de sustentabilidade da dívida da Grécia. O documento tem data de 26 de junho, mas só foi divulgado hoje.

“Para garantir que a dívida seja sustentável, as políticas gregas terão de voltar ao caminho definido, mas também, pelo menos, as maturidades [prazos] dos empréstimos europeus terão de ser estendidas significativamente”, destacou o comunicado. “Os novos financiamentos europeus, previstos para assegurar as necessidades de financiamento nos próximos anos, terão de ser garantidos com base em termos concessionais semelhantes”, acrescentou.

O FMI alertou que pode ser necessário um perdão parcial na dívida caso os acordos não deem certo. “Se o pacote de reformas em consideração for ainda mais enfraquecido – em particular por meio de uma redução das metas de excedentes orçamentais primários ou de reformas estruturais menos robustas –, serão necessários cortes [haircut] na dívida”, esclareceu.

O FMI lembrou que, em numa análise realizada em maio do ano passado, a dívida pública da Grécia estava voltando ao caminho da sustentabilidade, embora permanecesse altamente vulnerável a choques.

“No fim do verão de 2014, com as taxas de juro em queda, parecia não ser necessário um alívio da dívida  baseado no acordo de novembro de 2012. Mas várias alterações nas políticas desde então – além de um excedente orçamental primário e um esforço reformista mais fraco – estão criando novas necessidades de financiamento”, explicou o órgão.

De acordo com o relatório, essas necessidades podem significar 50 bilhões de euros entre outubro de 2015 até ao fim de 2018, requerendo “novo dinheiro europeu” de pelo menos 36 bilhões de euros por três anos. O relatório do FMI foi divulgado em um momento em que credores internacionais da Grécia decidiram adiar negociações com o governo grego para depois do resultado do referendo de domingo (5).

Os responsáveis pela análise lembraram que, após a conclusão do documento, as autoridades gregas fecharam o setor bancário, impuseram controle de capitais e não pagaram, como previsto, o reembolso de cerca de 1,5 bilhão de euros devido até terça-feira (30).

“Esses desenvolvimentos devem ter impacto significativo e adverso na economia e nas finanças gregas que ainda não foi refletido nesta análise”, destacaram os técnicos do FMI.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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