Lulismo ou não

Por htang

Ref. ao post O fim do lulismo e do fernandismo

O milagre econômico do Japão sem dúvida se deve ao caráter e responsabilidade do povo japonês, mas a grande alavancada foi a de criar empregos e distribuir a renda em forma de salários. A diferença de salário de um faxineiro e de um diretor no Japão não passa de quatro vezes numa empresa nacional de até médio porte e no máximo de 10 vezes numa empresa de grande porte, enquanto que aqui no Brasil não tem muita referência, mas sabe-se que chega a 100 vezes ou mais.

Os japoneses não tem preconceito de raça, mas tem preconceito de pobreza, pois à partir do milagre econômico, o lema era, ” pobre porque é vadio, o emprego tem para todos”. O salario líquido de um faxineiro no Japão sem horas extras gira em torno de U$ 2500,00/mês e o salário mínimo é c.a U$ 1500,00. Os serviços sujos, pesados e fora de horário são os mais bem remunerados.

A grande maioria dos trabalhadores, após a faculdade, começa ganhando o salário mínimo, mas não se sujeita aos serviços como o de faxineiro mesmo sabendo que são mais bem remunerados.

Atualmente no Japão vivem c.a de 3 milhões de estrangeiros tralhando nos serviços rejeitados, inclusive brasileiros que chegam um contingente de 300 mil. Ainda que errônea, as diversas bolsas salários que o governo tem dado nos últimos nos, tem tirado muita gente da pobreza extrema e movimentou a economia principalmente no nordeste, onde há muita gente que ainda passa o dia com um refeição (se é que dá pra dizer, um prato de feijão com água e farinha). Historicamente o nordeste brasileiro sempre foi sacrificado em todos os sentidos desde a época do Brasil colonial e depois na fase dos imigrantes e da industrialização do país.

Veja, para onde vieram a grande maioria dos imigrantes? Para onde vieram as empresas estrangeiras? A grande maioria veio para o sul e sudeste onde não tinha problema climático, tudo que se planta dá. Geograficamente tudo era mais fácil e mais estruturado. Não tem estrutura no nordeste? Até tem, mas foi feita para atender às elites e coronéis e até hoje ainda não vejo muita diferença.

Na época da industrialização do Brasil (aliás foi feita de forma desastrosa) a grande massa de M.O foram buscar no nordeste. Hoje os estados do sudeste que são considerados os mais desenvolvidos se deve a essa massa de M.O, certamente se não fossem eles, não seriam o que hoje são. Entretanto, foram sempre subjugados e rejeitados.

As bolsas do governo, apesar de serem pequenas, ajudam até a minimizar a imigração para estados do sul, evitando assim a formação de novos bolsões de favelas, criminalidade e necessidades dos governos em ter que aumentar e melhorar a infraestrutura local.

Para complementar, no Japão, hoje, não existe nenhuma escola pública gratuita em todos os níveis. O sistema de saúde do governo, quando utilizado, terá que pagar 30% da taxa de referência de uma consulta ou de cirurgia, isto enquanto o pagamento está dentro do prazo de validade. Os trabalhadores não ganham vale transporte (tarifas são caras), o quilo de carne custa R$ 400,00, uma cabeça de cebola ou de batata R$ 2,50. A energia elétrica para um casal de idoso que possui calefação de casa a querosene, aquecedor de agua a gás, com geladeira, TV, iluminação e máquina de lavar roupa, custa, em média, R$ 450,00/mês.

Aqui no Brasil talvez ainda estivesse na faixa da tarifa social. Para terminar, a aposentadoria oficial está limitada a R$ 2200,00 e não tem 13º salario, aqueles que não fizeram uma economia durante a vida ativa, certamente passarão dificuldades ou imigrarão para regiões da Ásia onde o custo de vida é mais barata para terminar o resto da vida que ainda tem direito.

Redação

6 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. O brasileiro também não

    O brasileiro também não aceitaria a carga horária e as férias japonesas, que se não me engano sao 20 dias no ano, e mesmo assim eles não levam muito em conta não. A questão é cultura, o brasileiro (boa parte) infelizmente quer vida boa a custo baixo.

    1. Japão planeja aumentar carga horária de trabalho semanal

      Quem trabalha muitas horas no Japão são os imigrantes, o japonês médio trabalha pouco mais de 40 horas semanais. Olha essa notícia de maio do ano passado… 

       

      Japão planeja aumentar carga horária de trabalho semanal

        

      Do Mundo-Nipo

      O governo japonês planeja modificar a legislação trabalhista do país, a fim de flexibilizar a carga horária semanal em algumas profissões, permitindo assim que ultrapassem o limite atual de 40 horas semanais de trabalho, mas sem compensação por horas extra. A iniciativa faz parte de uma nova estratégia para estimular o crescimento econômico que o governo pretende apresentar em junho, informou nesta quinta-feira (29) o jornal financeiro “Nikkei”.

      A medida, que provocou a mobilização dos sindicatos japoneses, foi respaldada pelo Conselho de Competitividade e Indústria do Executivo. Atualmente, a legislação trabalhista japonesa só exime do limite legal de 40 horas semanais os diretores de empresas.

      Todos os outros trabalhadores japoneses que trabalham além desse teto têm direito à horas extras, o que em muitos casos é considerado um incentivo para estender as jornadas sem que necessariamente a produtividade aumente.

      Embora se trate de uma minuta legislativa ainda em fase de elaboração, a medida já despertou os protestos dos sindicatos japoneses. Na quarta-feira, foram realizadas manifestações em todo o país, diante do que consideram uma concessão às grandes empresas.

      A confederação sindical japonesa (Rengo, na sigla em inglês), organizou pela primeira vez manifestações simultâneas nas 47 prefeituras do país contra a proposta, reunindo cerca de 22 mil pessoas, 3,8 mil delas em Tóquio, segundo o jornal ‘The Asahi Shimbun’.

      O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, tratou de acalmar as críticas afirmando que o limite de horas semanais só será alterado para determinadas profissões de alta qualificação, com funções especializadas e principalmente do setor financeiro, como gerentes de fundos de investimento e comerciantes de divisas.

      O político conservador acrescentou que os trabalhadores sempre poderão recusar que fazer parte desta exceção sem que o salário seja alterado, disse no discurso de ontem no parlamento.

      Já os sindicatos consideram que o governo “pretende mudar as regras de proteção dos trabalhadores em favor das corporações”, acusou o presidente da Rengo, Nobuaki Koga.

      “A proposta é afinal de contas um sistema para não pagar as horas extras”, afirmou o líder sindical, e acrescentou que se a iniciativa for adiante, as empresas poderão pagar os trabalhadores “segundo seu rendimento” e ficarão isentas de abonar compensações por turnos noturnos ou feriados.

      O objetivo do governo é apresentar a nova proposta legislativa ano que vem, para que ela entre em vigor em 2016.

      (Com informações das agências EFE e Kyodo e dos jornais Nikkei e Asahi)

       

  2. Do contrato social.
    Há uma clara idealização do Japão.

    A frase “os japoneses não tem preconceito de raça” se aplica ao Japão na mesma medida que os “não somos racista” se aplica ao Brasil.

    Qualquer comparação entre dois países esbarra sempre na história.

    Agora, creio que há poucas dúvidas que quanto menos injusto um país, mais rico ele é.

    Isso é uma questão de economia. Pouco ou nada tem a ver o carater ou responsabilidade de um povo mas é fortemente influenciada pelas relações de poder dentro da estrutura social que forma esse povo.

  3. Preconceito de raça.

    Meu irmão morou nove anos no Japão, trabalhava na Toyota. Segundo seus relatos o japonês é racista sim. Tinha um amigo seu japonês que a galera brasileira tirava sarro, dizendo que ia arrumar uma negra para ele. Dizem ainda que a discriminação com habitantes de Okinawa. São os japoneses pardos (pretos), aqui em Dourados mesmo, temos muitos imigrantes japoneses, tem um na minha paróquia que é pardo (preto).

  4. Eu morei 3 anos no Japão

    e japonês é super racista, a ponto de saírem do elevador quando eu entrava. Porém, os salários lá são excelentes e o padrão de vida também.  Os chefes japoneses esperam que os trabalhadores demostrem grande esforço físico/mental e dedicação ao trabalho e o emprego é visto como mais importante que a família. Trabalha-se muito, mas as condições não são insuportáveis, pelo menos não foram para mim. Eu tinha 20 dias úteis de férias anuais, o que dá cerca de um mês. O japonês costuma fazer hora-extra sim, é quase um esporte nacional, mas todo mundo é muito bem pago para isso.Na Europa a maior paridade de salários também é evidente, em Portugal, por exemplo, o primeiro ministro ganha cerca de 10 salários mínimos. Já aqui é uma vergonha, só em benefícios nossos políticos e juízes levam mais que a maioria da população.   

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador