Manobra contra Ucrânia é maior aposta de Putin até agora

Sugerido por Antonio Carlos Silva

Do O Globo

Artigo: A maior jogada no tabuleiro de Putin

Jonathan Owen

Seja por suas caças a tigres e ursos polares com rifles de dardos tranquilizantes ou por suas lutas com seu treinador de judô, Vladimir Putin é mais conhecido por suas façanhas de macho do que por sua diplomacia. Imagens do líder russo caçando, pescando, nadando e cavalgando — frequentemente sem camisa — mostram como o ex-chefe da KGB é afiado na hora de mostrar sua firmeza. É uma imagem que funcionou bem com aqueles que o veem como um símbolo do poder e dominância da Rússia. Mas, para seus oponentes, ele não passa de um ditador. Um inimigo da democracia.

Os Jogos de Inverno de Sochi deveriam ter mostrado um lado novo e mais ameno do poder russo. Mas, poucos dias depois da cerimônia de encerramento, a crise na Ucrânia desfez estes esforços. Putin não existe sem controvérsia. Ele optou por uma abordagem cada vez mais hostil em relação ao velho inimigo — o Ocidente. Agressividade é uma de suas características.

O presidente russo era um aluno problemático na escola, mas sua ambição pela espionagem o levou ao topo da KGB, que o enviaria a uma carreira de 16 anos na Alemanha Oriental. Ao deixar o país, em 1991, ele havia chegado ao posto de tenente-coronel. Em seu retorno à Rússia, começou a se envolver em política e, menos de uma década depois, já estava liderando o país — assumindo o lugar de Boris Yeltsin como presidente em 1999. Desde então, tem se mantido no poder, seja como primeiro-ministro ou presidente, apesar dos protestos. Putin sempre busca lições no passado, e já descreveu o colapso da União Soviética em 1991 como a “maior catástrofe geopolítica do século XX”. A perda da Ucrânia é um símbolo poderoso do que foi perdido — e do que Putin quer tomar de volta. Ele teria ameaçado “desmembrar” a Ucrânia e anexar a Crimeia durante encontros do Conselho da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em 2008, como resposta a insinuações de que o país queria se juntar à aliança militar ocidental. Mais tarde, naquele mesmo ano, Putin enviou tropas russas à Geórgia para garantir que as regiões autônomas da Ossétia do Sul e da Abcásia — todas amigas da Rússia — ficariam livres do controle georgiano.

Putin já definiu seu estilo com a frase: “Se eu faço algo, tento ver como será sua conclusão, ou pelo menos tento assegurar que as coisas tragam o melhor resultado possível”. E as ações russas, na Geórgia e agora na Ucrânia, estão no contexto de uma posição ainda mais ambiciosa contra o Ocidente. Numa entrevista para a televisão em 2011, Putin rejeitou a sugestão de que outros países enxergam a Rússia como uma potência mundial de segunda linha. “A Rússia não é um país que pode ser intimidado”, disse.

Sua ambição de criar uma União Euroasiática entre Rússia e países vizinhos é uma tentativa de recriar o poder da antiga União Soviética. Mas, para que o plano funcione, precisa da Ucrânia, o segundo maior país da Europa. Quanto mais a Ucrânia se aproxima da Europa, menores são as chances de o plano se concretizar.

A manobra militar contra a Ucrânia é a maior aposta de Putin até o momento. E como um homem jogando por uma alta bolada, Putin se mantém quieto. Mas ainda não é certo se a mesa lhe será favorável. Há muita coisa em jogo, e a popularidade de Putin pode cair em seu próprio país, aumentando os sinais de instabilidade na Rússia.

*Jonathan Owen é jornalista do “Independent”

Redação

20 Comentários

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  1. Sobre o golpe de estado dos nazi-fascistas ninguém fala…

    IMPERIALISMO FINANCIOU NAZISTAS UCRANIANOS – Então uns e outros imaginaram que a Rússia iria tolerar um golpe de estado perpetrado por nazi-fascistas financiados pelos EUA e pela OTAN?

    Deveriam voltar aos livros de história, principalmente naquela parte que fala sobre a II Guerra Mundial e sobre os mais de 25 milhões de soviéticos que morreram para salvar o mundo da besta nazista.

    A Crimeia pertenceu à União Soviética até o ano de 1954. Neste ano o líder soviético Nikita Khrushchov teve a “brilhante” ideia de passar a Península para a Ucrânia (antes fazia parte da atual Rússia). É por isto que vivem lá inúmeros russos e descendentes de russos até os dias de hoje.

    O conflito entre Rússia e Ucrânia não tem absolutamente nada a ver com etnias. Não é um conflito étnico. Russos e ucranianos, para quem não sabe, são eslavos. 

    A Rússia, bem como a Ucrânia e a Bielorrússia, tem como origem histórica o Principado de Kiev, erigido no século IX. 

    Finalizando, o que houve agora na Ucrânia foi um clássico golpe de estado desfechado por nazi-fascistas, com apoio da Europa Ocidental e dos EUA. Imaginar que a mãe Rússia iria assistir a isso na porta da sua casa, e que nada faria, é de uma inocência sem limites.

  2. Nassif
    40% da energia que a

    Nassif

    40% da energia que a UE consome vem da Russia, não serão loucos de contraria-lo….a Criméia já é dele e não a perderá por causa dos mares….se perder,  ficará só com os fim de mundo de Vladvostok e Murmansk….e o Obama tá longe….a Ucrania não tem dinheiro, equipamentos militares e soldados…é um fracasso para qualquer aliado…

    Nesse jogo o Putin ditará as regras….e ponto final….. 

    1. o inverno europeu está

      o inverno europeu está acabando, portanto o consumo de energia diminui, os russos não aguentam 06 meses sem receber a grana do gas e petroleo que enviam para a Europa!

      1. Energia e gás não se limitam ao consumo de inverno.

        Indústrias e geração de energia elétrica demandam gás o ano todo. No verão, a refrigeração de ambientes aumenta o consumo de eletricidade, que leva a mais consumo de gás, e as viagens de férias elevam o consumo de petróleo; fora o fato da Rússia ter mais de meio trilhão de dólares de reservas. (Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_foreign-exchange_reserves )

  3. antes de qualquer análise, o

    antes de qualquer análise, o post, me parece a palavra oficial da otan ou do departamento de estado americano.

    para o autor, a questão da ucrânia e da criméia é um assunto decorrente da personalidade do putin. e só. quanta bobagem num artigo só.

  4. Utilizando a Estratégia:

    Utilizando a Estratégia: Dividir para comquistar fez o Secretário de Estado dos Eua Oferecer 1 bilhão a parte pró-ocidente da Ucânia. Isso já serve aos interesses dos EUA na região.

    Além das das palavras da Subsecretária Americana para a UE: “Isso seria fantástico para ajudar a unir tudo isso, ter a ONU que una isso e, você já sabe, que se f… a UE”.

    E devemos ter brasileirinhos recebendo apoio da CIA acreditando piamente que poderão repetir 64.

    Como diria Heráclito de Éfeso nascido em 535 AC: “Não se entra no mesmo rio duas vezes… No eterno devir…”

  5. O lance da Rússia no

    O lance da Rússia no tabuleiro da Criméia foi um fantástico golpe nos EUA que, dia após dia, mostra sinais claros de perda de hegemonia. Há tantos lances possíveis por parte da Rússia, que a única opção que resta a Obama é unicamente deixar esfriar o bolo que saiu agora do forno. Não foi assim quando declararam sanções aos mesmos russos quando do conflito na Geórgia? Quanto tempo durou o embargo econômico? Não mais que seis meses. Agora, os russos inclusive levantaram a possibilidade de substituir suas reservas em dólares, o que, claro, os europeus adoraram, chineses idem, pois certamente Moscou adotaria o euro. O que resta então ao fraco Obama? É importante aqui que se diga: a fraqueza de Obama não é pessoal, não é fraqueza dele como presidente, mas dos EUA como nação no atual contexto geopolítico, ainda que republicanos discordem. Estivesse Bush no cargo, as coisas ficariam muito pior do que estão. No mais, a ameaça de cancelamento da reunião do G8 pelos EUA, apenas sugere que Putin pagou um preço baixíssimo por demonstrar sua soberania na Ucrânia. Outros países têm agora um bom exemplo sobre como lidar com um EUA “pra lá de Bagdá”. Mas… por favor, sem ironias.

    1. na vejo perda de hegemonia

      na vejo perda de hegemonia americana, pois a Ucrania pertence a area de influencia russa, o fato dos americanos obrigarem os russos a agirem de forma truculenta e imperialista serve aos interesses americanos na europa, pois podem novamente assustar os europeus com o perigo de Moscou!

      quando a URSS invadiu a Polonia, Alemanha Oriental, Hungria e Tchecoslovaquia na epoca da guerra fria, não houve perda de importancia do papel americano, aqueles paises eram dos sovieticos mesmo, como agora!

      quem perdeu foram os russos!

      1. Isso é óbvio.

        Quem perdeu influência foi a Rússia.

        Os países ex-Comecon (Polônia, Romênia, República Tcheca, Eslováquia, Bulgária, Hungria, os Bálticos) são todos da União Europeia, quando não da Zona do Euro.

        A Bielorússia tem só 10 milhões de ambientes e uma economia muito dependente da Rússia, não é um grande trunfo geopolítico.

        A Ucrânia seria uma conquista interessante para a comunidade econômica que a Rússia gostaria de implementar. Mas agora foi-se de vez, como esperar que os ucranianos (inclusive parte dos falantes de russo) não tenham receios depois de tão desastradas manifestações de Putin?

        Podem até pressionar para participar da OTAN, aludindo ao descumprimento do tratado de 1994.

        E o Casaquistão, se tinha alguma dúvida entre favorecer UE ou China, não vai ter mais.

        Mas o óbvio é difícil de encontrar nas áreas de comentários de blogs…

        Alguém precisa contar que a Rússia não tem mais gente que o México, que essa chantagem do gás já fez as importações da Europa só caírem nos últimos dez anos e que a Rússia não é modelo pra nada.

        Mas deixa pra lá.

         

         

         

  6. A reportagem é claramente

    A reportagem é claramente imperialista. Caquética. Até parece que vai engabelar a turma do Nassif com essa balela.

  7. Putin não é Chávez nem a

    Putin não é Chávez nem a Europa Oriental, a América do Sul.

    Problema da Casa Branca  continua   a ser   geografia.

    História,também.

    Obama olha preocupado para o baixo crescimento  do seu país,agora e  para os  próximos  anos.

    A manter o padrão tradicional de consumo,segundo se publica,  Manhattan consome o mesmo que  oitocentos milhões de africanos,somente dois continentes possuem recursos que satisfaçam essas metas americanas: a Eurásia e a América do Sul.

    Nessa altura da história,  surpreende  que os ocupantes  da Casa Branca,não tenham  se dado conta

    do anacronismo  das justificativas para intervenções e  outras medidas para constranger  nações adversárias.

    Passado o século XX,denúncias através  de documentos confidenciais, incluindo arquivos  das mídias,impossível  acreditar em qualquer discurso emanado dessa  decepção que atende por  Barak Obama.

  8. Viva a internet!!!

    o ferramenta bendita! é, o EUA estão mesmo parecendo ser mesmo o que os chamados terroristas do oriente-médio, sempre diziam, um demônio.

  9. Bomba !! Bomba !! 
    O embarco

    Bomba !! Bomba !! 

    O embarco aos russos acabou de ser declarado pela União Européia:

    Estão proibidos de fazer compras na Harrods.

    kkkkkkkkkkkk

  10. Que matéria crétina

    Tinha que ter saido de uma fonta do o globo, so com a fonte de onde veio não precisa nem perder tempo comentando gente.

     

    Pessoas que escrevem textos como esse não merecem que percam tempo para comentar o que ele escreve.

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