O combate à pobreza na Bolívia

Do Brasil Econômico

Bolívia precisar dobrar crescimento para erradicar pobreza

Marcelo Ribeiro

Para especialista, nos últimos cinco anos, os projetos sociais fizeram com que a pobreza extrema nas regiões rurais caísse 20%

As declarações de Evo Morales, presidente da Bolívia, de que pretende erradicar a pobreza no país até 2025 geraram repercussão nesta terça-feira (7/8). Além disso, o líder boliviano projeta que no mesmo período o governo do país consiga disponibilizar os serviços básicos a toda população. 

Os números mais recentes indicam que 1,5 milhão de pessoas, o que representa 15% da população, vivem em condições abaixo da linha da pobreza. 

Segundo Carlos Eduardo Vidigal, professor de relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB), as declarações não podem ser interpretadas como intenção de Morales em se candidatar à uma nova reeleição. 

“As projeções do presidente devem ser consideradas como plano de governo e proposta para que os demais presidenciáveis sigam o mesmo caminho para chegar a esse objetivo. Além disso, as eleições estão marcadas para dezembro de 2014, muitas coisas podem acontecer até lá “, avalia.Morales também projeta alcançar a independência alimentar para o país até 2025, considerando que o país tem uma área extensa e é pouco populoso (10 milhões de habitantes).

De acordo com o especialista, apenas nos últimos cinco anos, os projetos sociais fizeram com que a pobreza extrema nas regiões rurais caísse 20%.

Para Vidigal, a nacionalização dos hidrocarbonetos foi responsável por multiplicar por 10 o aporte do setor às finanças públicas do país. “Essa foi uma das principais medidas que alavancou o PIB do país e também propiciou a diminuição da pobreza”.

Vidigal destacou a estabilidade política como um dos principais triunfos do presidente boliviano, já que os líderes anteriores não conseguiam se estabelecer por mais de uma gestão a frente de país. 

Já Julio Alvarado, analista econômico, não acredita nas possibilidades, devido a relação entre a erradicação da extrema pobreza e o Produto Interno Bruto (PIB) boliviano. 

“Para atingir o objetivo, o país deveria crescer aproximadamente 8% ao ano. O PIB boliviano, porém, registra 4,5%. Precisa dobrar crescimento para erradicar pobreza. Neste sentido, os esforços teriam que ser inúmeros para atingir esse objetivo”, explica Alvarado. 

Mesmo com o momento econômico favorável, o analista avalia que um modelo econômico que poderia ser seguido é o da Coreia do Sul. “Os sul coreanos conseguiram tal feito, crescendo entre 8 e 10% ao ano”

Para Alvarado, a independência alimentar também é inviável, considerando que nos últimos anos, as importações de alimentos triplicaram, passando de US$ 200 milhões para US$ 600 milhões em alimentados trazidos de outros países.

Luis Nassif

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