Obama e a América Latina

De Jânio de Freitas, na Folha

Cá entre nós

Pois é, enquanto a “internacional antichavista” faz mágicas para continuar alimentando a imprensa sul-americana, vem do mundo de Barack Obama uma novidade que não parece ocasional.

O Departamento de Estado atesta que o referendo vencido por Hugo Chávez foi “totalmente coerente com o processo democrático”. Como sobremesa, o democrata “Washington Post” define as novas constituições de Venezuela, Bolívia e Equador como “processos pacíficos” que se destinam a “refundar aquelas nações para corrigir injustiças históricas”. (Dois fatos em pequenas notícias na Folha de ontem).

No que nos respeita, são sinais quase inacreditáveis de uma inovação inacreditável. Por importante que seja, seu aspecto político é o de menos. A mudança de percepção e de concepção é ainda mais assombrosa.
Lembra uma palavra que nunca passou de sua sonoridade: Panamericanismo. Não faz mal imaginar que aqueles fatos sejam uma insinuação esboçada de vida em comum nas nossas bandas.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1902200911.htm

Obama muda aos poucos política para América Latina

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Nos últimos dias, embora não tenha feito da região uma prioridade de seu governo, como prometera na campanha, o presidente Barack Obama vem dando sinais que apontam para a implantação de uma agenda mais progressista para a América Latina. O mais recente veio da reação amena do Departamento de Estado à vitória chavista no referendo de domingo.

Mas não foi o único. No último dia 4, foi apresentada ao Congresso emenda que restabelece o direito de norte-americanos viajarem para Cuba e vice-versa. A medida, batizada Ato Pela Liberdade de Viajar a Cuba, é assinada por três deputados democratas e dois republicanos e está sendo analisada agora pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara.

Outras tentativas nesse sentido foram feitas em anos anteriores, mas, nos últimos oito anos, pairavam sobre elas a ameaça de veto de George W. Bush. A medida de agora conta com a simpatia expressa do ocupante da Casa Branca. Obama declarou que um ato como esse poderia ser o primeiro sinal efetivo da distensão que ele pretende promover nas relações EUA-Cuba.

Clique aqui: http://www.google.com/notebook/public/03904464067865211657/BDcJU5goQ46CH8fgj

Por Hans Bintje

O pessoal do blog já previa esses movimentos. Duas evidências enviadas pelos leitores, escolhidas ao acaso:

1) Artigo do professor José Luís Fiori, de 05/11/2008, publicado pela Carta Maior ( http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4022 ).

Trecho:

“Todos organismos internacionais estão prevendo quedas acentuadas da produção, dos preços e das exportações. E a OIT está prevendo um aumento imediato de 10% do desemprego mundial, mais concentrado nas regiões mais pobres do mundo. Nestas regiões, deve se prever um processo complicado de desintegração social e política, e o mais provável é que voltem à ordem do dia as revoltas e revoluções sociais. Elas não serão socialistas nem proletárias, mas adquirirão maior intensidade e violência nos territórios situados em ‘zonas de fratura’ ou de disputas e conflitos geopolíticos crônicos. Isto poderá ocorrer em vários pontos da Europa do Leste, e em alguns países da Ásia Central, e poderá assumir uma forma dramática no continente africano”.

2) Entrevista com o sociólogo Francisco de Oliveira, de 06/01/2009, publicada pela Carta Maior ( http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15467 ). Trecho:

“A crise é tão grave que abre um período de suspensão do hegemon; não sua derrocada, mas um hiato para lamber as próprias feridas. Isso tomará boa parte do tempo e das energias desse Obama, em relação ao qual, diga-se, não compartilho do otimismo de muita gente de esquerda. Mas o fato é que ele estará ocupado e com uma quantidade apreciável de problemas. Abre-se um espaço, portanto. Talvez até mais que isso: haveria uma potencial complementariedade de interesses se tivéssemos aqui um arranque de investimento público pesado. Isso de certa forma repercutiria positivamente no coração da economia norte-americana. Estamos diante de uma fresta histórica: uma suspensão do hegemon e um espaço de complementariedade para remar na mesma direção, o que poderá favorecer os dois lados a sair do buraco”.

O sociólogo também afirma que será “uma crise longa, dura, que exigirá reacomodação brutal de forças e vai impor mudanças em todo o mundo e no Brasil também. Mas não tenhamos ilusão: o capitalismo não chegou ao limite. Tampouco é o fim da associação China/EUA; de algum modo ela prosseguirá porque é proveitosa aos dois lados”.

Luis Nassif

38 Comentários

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  1. Mais uma vez a direitona
    Mais uma vez a direitona brasileira, estacionada na guerra fria, e a mídia que ainda defende o Reagan, ficam órfãs. Depois de assistirem a vitória de Obama, adotaram a tática de dizer que ele não mudaria nada, que seguiria as mesmas políticas de Bush (imaginem Bush limitando remuneração dos grandes executivos que faliram suas empresas!).
    Essas iniciativas, ainda embrionárias, indicam uma revolução na política dos EUA para a América Latina. Acaba o tabú cubano, o estúpido bloqueio que servia apenas aos mafiosos exilados em Miami. Não transformou Cuba, deu argumentos a Fidel, e vitimou milhões de cubanos pelas dificuldades econômicas.
    Enfim, um pouco de lucidez na Casa Branca, após décadas de truculência. A mídia cabocla, que nem pode mais defender o Uribe depois que se soube que as FARC (comedoras de criancinhas) preferem que ele vença no terceiro mandato (heresia!!!), agora defenderá a qual metrópole? Itália e Suiça, talvez?

  2. Sempre fui cético em relação
    Sempre fui cético em relação à política americana,quanto a boa vontade e respeito à auto-determinação dos povos . Será que Obama vai ser mesmo algo diferente? Seria fantástico,mas aguardemos. Um abraço,Sérgio.

  3. Não era sem tempo as mudanças
    Não era sem tempo as mudanças de olhares para com América Latina, porém tudo será feito de maneira lenta, não é uma crítca não, mas a constatação de que Obama tem visões diferentes, mas prioridades internas a serem resolvidas.
    Concordo com Graciliano, agora a direita brasileira órfã dos seus altos gurus neoliberais, terá que encontrar saídas para manter uma oposição ao governo brasileiro que já esta na pauta dos EUA e nos olhos de Obama.
    Lamentável que a mída tem dado vistas a outros fatos, e se posicionando de forma clara ao lado do conservadorismo, mas Obama imprime sua marca e quer mostrar a diferença de gestão para o já esquecido Bush.
    Que venha Obama e que sele definitivamente acordos com nosso emergente Brasil, e nosso futuro com uma Presidente.

  4. Caro Graciliano,

    Sobre sua
    Caro Graciliano,

    Sobre sua pergunta, acho que pelas pistas deixadas na imprensa que fala pela “direitona” tudo aponta para Portugal como a nova metrópole a defender. Por coincidência, a primeira.

    Afinal, a taxa de burrice da big mídia tem aumentado muito, né?

  5. Outro dia ouvi o Eduardo
    Outro dia ouvi o Eduardo Azeredo “preocupadissimo” com a Venezuela de Chavez. Como pode ser bôbo… parece que vão dar a comissão de assuntos internacionais no senado para ele. Quem vai mandar na comissão? A quem ele vai obdecer? Como sempre.

    Por falar nese senhor:
    Nassif, Quando é que vão cumprir o que manda a constituição e dar três senadores para Minas Gerais?
    Você que é mineiro devia também prostetar: só minas que não tem senador? Logo Minas…

  6. O sr Obama quer é acabar com
    O sr Obama quer é acabar com a nossa “imprensa livre”. Se ela não puder nos defender da “trinca do mal”, Cuba, Venezuela e Bolívia (…esqueci do Equador), que farão?
    Isto sem falar nas nacionalização dos bancos na Alemanha, etc. Já foi um golpe, esta sendo, contra nossos “editoriais”.
    Assim não dá!

  7. É uma distensão, uma abertura
    É uma distensão, uma abertura ” Lenta e gradual ” para a America Latina, como fez Geisel na ditadura do Brasil. Espero que nós esquerdistas compreendamos o esforço que Obama terá que fazer junto aos falcões republicanos, cada vez que acena para nós.

    Podemos e devemos reivindicar uma abertura ampla e irrestrita em nossa direção, mas não devemos desdenhar e atirar ao lixo, o que nos é oferecido. Isso é tudo o que esperam os falcões, que o abandonemos, lhe viremos as costas, para lançarem sobre ele as suas garras.

  8. Assistimos de camarote a
    Assistimos de camarote a decadência em todos os sentidos da direita brasileira. Ela é contra o Lula até a medula, agora contra Obama. Eu me perguntava porque contra Obama? A resposta será dada em breve pela política a ser praticada por Obama com a América Latina e principalmente quanto ao Brasil. Obama quer criar 4 milhões de empregos, isso nosso nobre presidente tirou de letra em 6 anos com sobras. Isto não passou desapercebido no Departamento de Estado americano. Onde temos exemplo de superação de crise? Na Rússia, na Inglaterra, Europa? Não, o exemplo está no Brasil. é claro não somos 100% mas o que é bom vai ser aproveitado e Obama não perderá uma oportunidade de melhorar este relacionamento. É só esperar e ver, quando Hillary aqui chegar vai começar este frutuoso negócio para Brasil e E.U.A.
    Desespero? Acho que ainda não vimos nem a metade do que eles podem fazer. Alguém ai já viu como grita o porco quando você começa a sangrá-lo? Como esperneia? E quanto maior, mais força é necessário para segurá-lo. Então vamos ver se Lula segura com firmeza a SANGRIA DO PIG.

  9. O pessoal do blog já previa
    O pessoal do blog já previa esses movimentos. Duas evidências enviadas pelos leitores, escolhidas ao acaso:

    1) Artigo do professor José Luís Fiori, de 05/11/2008, publicado pela Carta Maior ( http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4022 ). Trecho:

    “Todos organismos internacionais estão prevendo quedas acentuadas da produção, dos preços e das exportações. E a OIT está prevendo um aumento imediato de 10% do desemprego mundial, mais concentrado nas regiões mais pobres do mundo. Nestas regiões, deve se prever um processo complicado de desintegração social e política, e o mais provável é que voltem à ordem do dia as revoltas e revoluções sociais. Elas não serão socialistas nem proletárias, mas adquirirão maior intensidade e violência nos territórios situados em ‘zonas de fratura’ ou de disputas e conflitos geopolíticos crônicos. Isto poderá ocorrer em vários pontos da Europa do Leste, e em alguns países da Ásia Central, e poderá assumir uma forma dramática no continente africano”.

    2) Entrevista com o sociólogo Francisco de Oliveira, de 06/01/2009, publicada pela Carta Maior ( http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15467 ). Trecho:

    “A crise é tão grave que abre um período de suspensão do hegemon; não sua derrocada, mas um hiato para lamber as próprias feridas. Isso tomará boa parte do tempo e das energias desse Obama, em relação ao qual, diga-se, não compartilho do otimismo de muita gente de esquerda. Mas o fato é que ele estará ocupado e com uma quantidade apreciável de problemas. Abre-se um espaço, portanto. Talvez até mais que isso: haveria uma potencial complementariedade de interesses se tivéssemos aqui um arranque de investimento público pesado. Isso de certa forma repercutiria positivamente no coração da economia norte-americana. Estamos diante de uma fresta histórica: uma suspensão do hegemon e um espaço de complementariedade para remar na mesma direção, o que poderá favorecer os dois lados a sair do buraco”.

    O sociólogo também afirma que será “uma crise longa, dura, que exigirá reacomodação brutal de forças e vai impor mudanças em todo o mundo e no Brasil também. Mas não tenhamos ilusão: o capitalismo não chegou ao limite. Tampouco é o fim da associação China/EUA; de algum modo ela prosseguirá porque é proveitosa aos dois lados”.

  10. Se as mudanças são uma
    Se as mudanças são uma constante, por que não mudar para melhor ? Por que o valor de uma constante não pode ser positivo ?
    Drummond escreveu o seguinte:

    Uma flor nasceu na rua!
    Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
    Uma flor ainda desbotada
    ilude a polícia, rompe o asfalto.
    Façam completo silêncio, paralisem os negócios
    garanto que uma flor nasceu.

  11. mesmo que saibamos agora que
    mesmo que saibamos agora que o democrata John Kennedy foi um dos criadores da politica que redundou nos golpes latino-americanos da epoca, eh preciso notar que as circunstancias sao outras, nao ha mais guerra fria nem argumentos politicos para dividir e criar o odio entre os paises, como sempre deseja a direita.

    essa mudanca do governo norte-americano e da midia so pode ser recebida com otimismo por todos.
    Pelo menos comeca um processo de distensao, impossivel com a presenca de bush e sua politica de dizimacao do outro…

  12. Estranho vai ser quando
    Estranho vai ser quando Eduardo Azeredo estiver se preocupando com a sociedade e com o bem-estar de seu país. De qualquer forma, é muito pouco provável que Hugo Chavez esteja se preocupando com o tucano que apresentou Marcos Valério à sociedade política brasiliense.

  13. Nassif,

    acho que está na
    Nassif,

    acho que está na hora de pensar seriamente, fora de manobras, fora de maniqueismos de direitas ou de esquerdas, no significado do terceiro mandato para o presidente Lula. Nada contra a provável candidata, penso no significado político que tem a gigantesca popularidade de um presidente depois de seis anos de governo.

    Sem nenhum partidarismo, pensar numa continuidade do que está indo bem, e creio que a América do Sul está nesse caminho, me parece absolutamente necessário.

  14. Algo realmente aconteceu na
    Algo realmente aconteceu na América Latina nessa desatrosa era Bush. As oligarquias foram e estão sendo seriamente questionadas quanto ao seu papel histórico em manter suas respectivas sociedades atrasadas para benefício próprio em alinça com sua super-potência. A geopolítica dos EUA para a América Latina é a continuação da pilhagem social através da manutenção de um staus quo de miséria e injustiça social. A ruptura com as políticas neo-liberais e a união dos países latino-americanos trouxe novos ventos e possibilidades estratégicas para nós, antes impensadas sob a órbita dos EUA. Este, na verdade não tem o foco na AL e seu maior problema é manter a estratégia de ação no Oriente Médio. Obama não vai abrir outra frente em relação aos países que querem se distanciar da órbita norte-americana, mesmo porque no momento não há condição de bancar mais aventuras militares com o tremendo défict público existente. No entanto o auxílio aos golpistas da Venezuela e Bolívia deve continuar, é o que tudo indica, pois a atitude mais sincera do governo dos EUA em relação à América Latina ainda não se deu: a suspenção do bloqueio contra Cuba. Enquanto isso o PIG, através da Folha, Veja e Globo ainda estão no século XIX, sob a ótica e mando de seus coronéis,com seus articulistas fazendo cada vez mais um papel ridículo frente ao grande leitorado da net. Como dizia Milton Nascimento em uma de suas músicas, “A história é um carro alegre, que atropela indifirente todo aquele que a negue”.

  15. Pois é, outro dia, quando
    Pois é, outro dia, quando ouvi o discurso de posse de Obama, escrevi aqui que ele parecia mais do mesmo. Estou com a alegre sensação de que posso estar enganado e os tempos realmente estejam mudando, daquelas mudanças definitivas. A última vez em que vi tantas coisas impensáveis acontecerem ( não estou dissertando sobre o mérito) foi em 1989, quando o muro de Berlim caiu, o Mike Tyson perdeu e o Botafogo foi campeão. Realmente, o tempo não para.

  16. Também não vejo qualquer
    Também não vejo qualquer problema em se discutir uma segunda reeleição, com a condição de o candidato nunca mais poder disputar outro pleito presidencial. Conceitualmente, qual a diferença da primeira reeleição, que valeu inclusive para o Presidente de então? Não é ” aprovar” ou ” rejeitar” um projeto de governo? Pois três mandatos têm o mesmo condão. O que a Constituição exige é que o voto seja secreto, universal e PERIÓDICO. A periodicidade não é extinta com três mandatos. Além do fato de que a permissão para uma nova disputa não significa necessariamente a vitória. Se a questão é alternância de poder, não há que existir reeleição nenhuma. Se é análise popular do mandato, não há razão para se impedir duas reeleições.

  17. O grande risco é os nossos
    O grande risco é os nossos lideres acreditarem e passarem a achar que amricano é bonzinho e abrir as pernas como tantos presidentes militares e civis abriram, para azar nosso. Eles não sabem negociar em igualdade de condições. Acham-se, SEMPRE, subalternos. Daí vai tirando sapato, calça, etc.

  18. Sinais auspiciosos… Quando
    Sinais auspiciosos… Quando li a matéria sobre a mensagem do Departamento de Estado dos EUA acerca do referendo na Venezuela, lembro que fiquei espantado pois já no piloto automático abri a matéria pensando que encontraria acusações de ditadura, golpe, ameaça à democracia no continente, etc. e de repente dei de cara com um comunicado parabenizando pela vitória e reconhecendo que se deu dentro dos marcos democráticos…

  19. não é bem assim, Paulo. Cuba
    não é bem assim, Paulo. Cuba ainda é uma ditadura, sem liberdade de expressão e monopartidária. Obama deve continuar fazendo aos poucos e Cuba deve se abrir aos poucos também.

  20. E o Uribe cada vez mais
    E o Uribe cada vez mais isolado. Essa inflexão da política externa americana é uma excelente notícia para nós. Mas na verdade, os latino-americanos deveriam se orgulhar, pois fomos nós que iniciamos a guinada à esquerda no continente americano. O Obama como ótimo político que é, não poderia deixar de tomar atitudes nesse sentido, pois arriscava perder apoio da esquerda. O que seria muito problemático, já que vai ser difícil manter o apoio do centro, que votou nele para que tire o país da crise o mais rápido possível. Como ele não faz milagre, logo, logo, vão se decepcionar.

  21. Queria registrar aqui na net
    Queria registrar aqui na net um recado aos meus amigos direitistas/conservadores de plantão:

    Eu não disse?!? Eu não disse?!? Quem é que tem razão agora? rs…

    Abç!

  22. Alguns conceitos aqui
    Alguns conceitos aqui colocados, de direitonas, esquerdinhas e cia., são do começo da Guerra Fria, simplesmente não existem mais. O Governo Lula é de esquerda? Aonde? Com a fusão Itau-Unicanco chegou-se ao apogeu do capitalismo financeiro brasileiro, um banco inteiramente privado com ativos de US$220 bilhões e lucros espetaculares, só possiveis pelos monumentais spreads bancários que o mesmo Governo do PT permite e protege. Aonde está a esquerda financeira? Os controladores do congloerado Itau são a nata da aristocracia não só de dinheiro mas tambem de raizes, de educação e de refinamento, uma elite completa dos pés à cabeça. Olavo Setubal era filho do grande escritor Paulo Setubal, dinheiro e cultura lado a lado. Tudo isso ocorreu sob o guarda chuva do Governo “”de esquerda”” do PT. Só rindo.
    Por outro lado, a politica americana para a America Latina não tem porque mudar tanto. Foi amena e tolerante sob o Governo Bush, o mesmo que foi inepto e intolerante no Oriente Médio e no mau relacionamento com a Russia. A America Latina e especialmente o Brasil não tem porque ter queixas do Governo Bush, as relações com o Presidente Lula foram ótimas desde o inicio, houve empatia reciproca e bom nivel de dialogo. Bush desde o inicio demonstrou apoio ao etanol brasileiro e seu irmão Jeb criou uma comissão noa Florida para promover o etanol importado, colocando o ex-Ministro de Lula Roberto Rodrigues como diretor executivo.
    Quanto ao Departamento de Estado, tudo indica a manutenção de Tom Shannon na Subscretaria do Hemisferio Ocidental, um diplomata multilingue que tinha perfeita intimidade com a Casa Branca de Bush, aonde foi Assessor de Assuntos Latino Americanos no Conselho de Segurança Nacional, antes de ir para a Subsecretaria. A continuidade de Shannon e ao que tudo indica tambem de Clifford Sobel em Brasilia, sendo Sobel embaixador na cota pessoal de Bush (não é diplomata de carreira) demonstra não haver mudança alguma.
    Quanto à Venezuela, os EUA nada tem a perder com o que lá acontece, mas o Brasil, ao contrario, é que deve se cuidar. A Venezuela é hoje o 4º fornecedor externo de petroleo aos EUA, com remessas cadentes ano a ano, não há praticamente investimento americano na Venezuela (mas nós temos US$4 bilhões) enquanto a Venezuela tem muitos bilhões investidos nos EUA (via CITGO) e portanto o State pode ser magnanimo com um Chavez delirante.
    No Brasil ainda não caiu a ficha : nós somos os maiores interessados com o que ocorre na America do Sul, os interesses americanos no continente são hoje periféricos, todo o risco geopolitico dos EUA está no Hemisfério Norte.
    Infelizmente muita gente pensa ainda em termos de Sierra Maestra, Fulgencio Batista, Somoza e Trujillo, fantasmas de um passado longinquo.
    As peças do jogo se moveram muito, no mundo, na America Latina e no Brasil, Stalin e Luis Carlos Prestes já morreram e Pinochet tambem.
    A direitona histórica se ancorava em esquemas militares que se foram.
    O preto é branco acaboi na geopolitica mundial, tudo é matizado, o caleidoscopio se move todo dia. Não vai demorar para a esquerda de carteirinha levar um choque térmico : ao restabelecer relações normais com Cuba, o que deve acontecer, Obama abrirá o caminho para…surprise, o fim do comunismo em Cuba e a reintegração da ilha no espaço politico e economico americano, aonde esteve de 1898 a 1959. Se eu fosse um esquerdista histórico latino americanao jamais proporia o fim do embargo e a reaproximação com os EUA.Não se esqueçam que o direitista Richard Nixon visitou Mao em Pequim e dai em diiante o mundo foi outro.
    Cuba e EUA tem tudo a ver, pode ser o grande fornecedor de etanol para os EUA, em zona de livre comércio e ai nós dançamos. Há um ditado espanhol que diz ” Ao se juntar velhos amantes se reacendem antigas paixões””. Os cubanofilos que se cuidem.

  23. “escrevi aqui que ele parecia
    “escrevi aqui que ele parecia mais do mesmo. Estou com a alegre sensação de que posso estar enganado e os tempos realmente estejam mudando”: !!!!!!

    Marco Antonio, se tem uma coisa que Obama definitivamente NAO eh, eh “mais do mesmo”! Ja comecou totalmente diferente e vai continuar. Sao pequeninissimos detalhes do governo dele que me espantam, pois nao os vejo ha anos.

    (Vou continuar colecionando detalhinhos e uma hora escrevo alguma coisa mais substancial que um itemzinho que nao me deixe com cara de mero fan! Eu sou a favor de governo. Sempre fui. GOVERNO mesmo.)

  24. Caio! A questão cubana é
    Caio! A questão cubana é essencial para as relações entre Washington e América Latina. O fato de Cuba ser uma ditadura não vem ao caso, pois o que se trata é de não ser subserviente à democracia norte-americana, ou seja, dos países poderem escolher livremente seu destino. É isso que está em jogo. No ano passado mesmo o embaixador americano na Bolívia foi expulso acertadamente por Evo Morales, por estar incentivando – reunindo-se a portas abertas- a oposição boliviana a minar o governo constitucional. Ora, isso ainda é coisa do século XIX e início do XX. Caio, pense um pouco, quantas pessoas foram mortas pelos golpes militares promovidos pelos EUA, a fim de manterem o estado de miséria na AL. Que democracias são essas? Quanto a Cuba, meu caro, ela tem que seguir seu curso de forma integrada ao mundo e não isolada. Um pouco de história ajuda a compreender o porque das lutas terem ocontecido deste modo. Não havia opção, mas esperemos que agora haja.

  25. – “PACOTE DO OBAMA. PARECE
    – “PACOTE DO OBAMA. PARECE ENREDO DE ESCOLA DE SAMBA”.
    – “ENREDO DE ESCOLA DE SAMBA NÃO. ESTÁ MAIS PARA BLOCO, TEM TUDO A VER, BLOCO”.
    Renato e Miriam Leitão, hoje no Bom(?)Dia Brasil, em tom de galhofa.
    Será que esses personagens grotescos acham que podem interferir na opinião pública brasileira contra Obama? Ou acham que os americanos assistem a Globo?
    O desespero da mídia tupiniquim está levando-a ao ridículo. De tanto dar tiro no pé, vão sair chamuscados.

  26. Para o Caio…
    Eu (é só uma
    Para o Caio…
    Eu (é só uma convicção minha) só vou considerar os USA uma democracia quando o povo puder votar DIRETAmente para Presidente.

    HOJE eles elegem delegados. São pouco mais de 500 delegados que resolvem quem vai ser eleito. Em mais de 300 milhões de habitantes. Também só há um partido (ACHAR DIFERENÇA ENTRE REPUBLICANOS E DEMOCRATAS É PIADA).

    Em Cuba, com 11 milhões de habitantes, mais de 600 delegados são eleitos pelo povo para escolherem o Presidente.
    E nunca esqueçamos….o único campo de concentração na ilha de Cuba ..É AMERICANO.

    Nossa torcida por Obama…. contra o PIG

  27. Agradecendo as referências
    Agradecendo as referências que aperfeiçoaram minha breve colocação, queria lembrar que Política é também um jogo simbólico. “Sangue, suor e lágrimas”; “Não pergunte o que seu País pode fazer por você, mas o que vc pode fazer pelo país”; “A esperança venceu o medo” – são construções simbólicas, mas que têm peso concreto no mover dos homens, na construção da História.
    Neste sentido, a normalização das relações entre Estados Unidos e Cuba (eu sei que vai demorar, não digo o contrário, embora não tanto quanto os 50 anos de bloqueio…) tem um valor simbólico, ideológico, transcedental. Para nossa América Latina, é tão relevante quando a queda do muro de Berlim. Gerações inteiras, invasões, formação de nossas Forças Armadas, intercâmbio comercial e cultural, tudo no continente foi afetado pelo impasse EUA-Cuba. Estarei exagerando?
    O que resultará desta possível normalização, não me cabe adivinhar – e quem fizer previsões objetivas estará fazendo adivinhação. Quem disse que um país socialista não pode conviver com uma potência vizinha capitalista? Quem disse que muitos cidadãos norte-americanos, hoje desinformados pela propaganda, não poderão se encantar com o processo cubano, a dignidade daquele povo empobrecido mas altivo? Haverá influências mútuas, para o bem da Paz e da convivência. Desaparece a palavra “anexação” no dicionário bilateral.
    Já que falei em simbolismos: “Pode ser um pequeno passo para Obama, mas será um grande passo para as Américas”…..rsrsrs

  28. Caro Luís Nassif
    Achei
    Caro Luís Nassif
    Achei realmente engraçado o artigo do Jânio de Freitas.
    Ele deve ter enrigecido o dedo ao digitar o mesmo.
    Esse pessoal da folha esta à direita de Gengis Kan.

  29. Nassif.

    Em 10 anos Chaves
    Nassif.

    Em 10 anos Chaves ganhou todas. Difundiu-se aqui no Brasil uma visão elitista e racista quanto aos presidentes ligados as causas populares. A imprensa e seus donos (5 a 6 familias que dominam a grande mídia) e sem nenhum voto, influenciam nos rumos do país. Chaves pôs um ponto final neste tipo de mídia na Venezuela e aí veio a solidariedade da “sacrosanta aliança” que tenta controlar a opinião pública mundial. Aqui, Chaves rasgou o jornal “O Globo” em plena assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, mostrando que não concilia com este barões (ao contrário de Lula, que parece ter medo) e a familia Roberto Marinho (vc conhece algum dos filhos de Roberto Marinho? Não parece que todos os atos ainda parecem ser controlados por ele? Mesmo morto!). Já imaginou se Lula toma uma atitude destas? Rasgando os 3 jornalões (O Globo, FSP e Estadão) e mais as 3 revistas (Veja, IstoÉ e Época) que fica diariamente e semanalmente espinafrando o governo dele. Não liberasse um tostão para esta canalhada de propaganda das estatais! Vejo só anúncios de estatais sustentando esta máfia de achacadores, sem carater e de personalidades duvidosas. E digo, uma freada de 3 meses este homens venais ficariam de joelhos. Para destruir estes exércitos sem soldados bastaria dar um recado aos empresários que vivem de enriquecer com as obras públicas para não anunciarem por 6 meses. Viveriam de novelas? ou de jogos de futebol repetitivos e sem graça? Para o próprio bem da democracia, a imprensa das elites precisava dar uma derrapada feia.

  30. A imprensa brasileira
    A imprensa brasileira distorce e oculta as transformações que estão ocorrendo na América Latina. Vejo pessoas cultas falarem do Chaves ou do Evo Morales como demônios, ditadores, chegam ao absurdo de dizem que esses governos são totalitários. Totalitarismo ocorreu na União Soviética de Stalin, na Alemanha Nazista. Na Venezuela, na Bolívia, no Brasil (com menos intensidade) vem ocorrendo rupturas dentro do regime democrático. Entram governos mais preocupados com as necessidades do povo e não com os donos do dinheiro.

    Um grande exemplo da manipulação da nossa mídia é que eles não informaram ao público que a nossa Petrobras foi indenizada pelo governo boliviano. Reuters (26/06/2007): “The government’s $112-million buyback of the refineries is part of Morales’ energy nationalization”.

    Se quiserem saber nossos vizinhos, sugiro buscar uma fonte neutra como a BBC. Sobre o governo Chaves, há um série de matérias destacando as transformações, destacando erros e acertos e não só os erros como faz a mídia local.

    BBC: Em década de Chávez, pobreza caiu na Venezuela

  31. Quando se fala de Chavez fica
    Quando se fala de Chavez fica evidente o conceito deturpado ou até conturbado do que significa de fato democracia. Em nosso dicionário dita que é quando o poder emana do povo. Emanar é originar ou no nosso caso com mais veemência se desprender do povo. Na Venezuela o eleitor é quem defini quem será o presidente, seja quem for e por quanto tempo for, observe-se inclusive que o Senhor Chavez como legitimo representante da vontade de seu povo, perguntou e pediu autorização ao povo se poderia ou não se reeleger, e que pese os devaneios e as suposições de fraudes implantadas pela mídia, que alias lá também não apita mais do que o povo, o povo definiu. Já aqui sobre o falso pretexto de estarmos vivendo em uma democracia quem elege o presidente não é o povo, é o “redator” e os partidos financiados pela iniciativa privada que escolhem quem o povo pode escolher, sendo um ou outro tanto faz, o patrocinador é o mesmo. Aqui inclusive se criou mecanismo de defesa para o caso do eleito se distanciar de seus patrocinadores e passar a contar com o apoio do povo, ou seja, a meia dúzia que manda no pais proibiu o povo de mantê-lo no cargo e para completar a mídia com muita facilidade pode implantar uma crise e depois por a culpa naquele que ao que tudo indica tem apoio popular, como se a imbecilidade se fizesse saber que não estamos em um sistema presidencialista de acordo com o que o povo daqui decidiu.
    Pela definição de nosso dicionário de fato nossa mídia e nossos políticos estão certos, aqui temos democracia, lá o poder não emana do povo é exercido por ele, ainda que mais ou menos e com pouca competência administrativa de sua liderança.
    Quanto ao gesto positivo de Obama em relação ao Ira e Venezuela, não fosse China e Rússia já teriam entrado como no Iraque, sendo Bush ou Obama. A guerra fria voltou e eles não têm mais a bandeira da liberdade, o mundo mudou e deixou de ser idiota. O inimigo não é mais só a União Soviética e o comunismo e EUA não são mais os mocinhos.

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