Organizações de 87 países repudiam Escola Sem Partido: “prática persecutória e violadora”

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Entidades pedem aos países que “resistam a estas tendências regressivas e refutem estas práticas persecutórias e violadoras de direitos humanos, que têm o controle como princípio e finalidade”
 

Foto: Divulgação
 
Jornal GGN – Mais de 150 entidades de 87 países diferentes assinaram uma moção de emergência contra o projeto “Escola Sem Partido”, de apoio do futuro presidente Jair Bolsonaro e que tramita, atualmente, no Congresso Nacional. O documento que critica a tentativa de lei como censura a professores foi aprovado por unanimidade durante a 6ª Assembleia Mundial da Campanha Global pela Educação,  que ocorreu entre os dias 16 e 18 em Katmandu (Nepal). 
 
A entidade que se mobilizou primeiro, a Campanha Latinoamericana pelo Direito à Educação (Clade), reuniu o apoio de mais de centena de organizações por todo o mundo, incluindo Noruega, Alemanha, Holanda, Suíça, Dinamarca, Estados Unidos, Reino Unido, Angola, além dos países da América Latina. Ainda, alguns dos representantes que assinaram o documento são relatores das Organizações das Nações Unidas (ONU). 
 
“Como estratégia política, os agentes promotores do ultraconservadorismo têm incentivado a censura a professoras e professores por parte de estudantes e famílias, prática que tem se tornado cada vez mais frequente”, escreveram.
 
No mesmo patamar de exemplo do Escola Sem Partido, a moção de urgência mencionou o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha por também tentativas de censurar profissionais da Academia e docentes. 
 
“Como exemplo, no Brasil, por meio do movimento ‘Escola sem Partido’, e na Alemanha, por orientação do partido de extrema direita ‘Alternativa para a Alemanha’, estudantes são incentivados a filmar suas aulas e viralizam publicações nas redes sociais, acusando injustamente professoras e professores de proselitismo ideológico, cientificismo e estímulo à sexualização de crianças e jovens, afirmando que estariam promovendo o que denominam de ‘ideologia de gênero’, conceito falacioso difundido por fundamentalismos religiosos”, repudiaram as entidades.
 
Entre as solicitações, as organizações pediram aos países que “resistam a estas tendências regressivas e refutem estas práticas persecutórias e violadoras de direitos humanos, que têm o controle como princípio e finalidade”, defendendo, acima de tudo, uma educação pública, gratuita, laica, inclusiva e de qualidade para todos.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. Santos de casa

    Qual é a porcentagem de educadores favoráveis a esta loucura encabeçada pelo bastião da moralidade Alexandre Frota???

    Meu temor é de que sejam muitos. Alguém tem algum levantamento sobre isto?

    1. Depende

       

      Eu lembro do caso do professor de história que tinha uma enorme suástica no piso da picina e penso nisso, não é raro encontrar professores antipetistas militantes.

       

       

  2. Non sense
    Já falamos aqui que governo, sindicatos, ministérios, repartições, hospitais, quarteis, igrejas, e escolas não pode ter partido mesmo. Confirmar que a política partidária tem o seu espaço e o seu lugar, e com certeza não é dando aula.

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