Quem são os agressores na crise da Ucrânia

Sugerido por Almeida

Da Voz da Rússia

Quem é agressor na crise ucraniana

Por Aleksander Medvedovsky

Notícias não verdadeiras publicadas na mídia ocidental sobre a questão ucraniana, de tanto serem repetidas, tornam-se “verídicas”, e transformam-se em “fatos” sobre os quais se forma a opinião – de boa ou má-fé, e inteiramente afastada da realidade –, que a imprensa brasileira passa ao seu público.

Assim, os editoriais alarmistas nos grandes jornais do país alertam para o que chamam de ameaça russa, e exigem do Ocidente atitudes extremas.

Mas onde está a verdade?

Num bloco da editoria Opinião, publicada no jornal O Globo, se sugere que os Estados Unidos e a União Europeia devem preparar as mais duras sanções contra a Rússia, acusada de criar pretexto para a nova intervenção militar na Ucrânia.

Gosto não se discute. Mas as opiniões, com certeza, principalmente quando elas se baseiam nas informações pouco verdadeiras que precisam ser esclarecidas.
Para o leitor ter condições de tirar suas próprias conclusões, independentemente das recomendações da mídia ocidental – vamos aos fatos.

Tudo que esta acontecendo hoje na Ucrânia foi absolutamente previsível e anunciado. Só não viu quem não quis. Governo que não é governo, sem legitimidade e representatividade, estava muito claro que não ia dar certo. Não foi por falta de aviso, mas prevaleceu a exagerada ambição de sempre. E o pouco caso com a opinião dos outros, como não lembrar o Iraque, o Irã, a Síria e tantos outros.

No dia 21 de fevereiro, atendendo as recomendações das lideranças russas, o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, fez um acordo com as forças da oposição, assinado também pelos ministros das Relações Exteriores de Alemanha, França e Polônia. Neste acordo foram estabelecidas todas as condições que atendiam as exigências da oposição, inclusive definindo os próximos passos para as eleições presidenciais. Com base no acordo, foram tiradas das ruas de Kiev as forças policiais.

No dia 22 de fevereiro, rompendo o acordo, o grupo de pessoas apoiadas pelas forças paramilitares da extrema direita, realizou o golpe de Estado.

O parlamento da Ucrânia, cujos membros, principalmente dos partidos que apoiaram o presidente, foram forçados, inclusive com ameaças de espancamento (alguns realmente foram espancados), a mudar a Constituição do país, nomeando o novo governo. Mesmo assim, as principais exigências da Constituição não foram cumpridas, inclusive em relação ao quórum.

Apesar disso, o Ocidente, tão zeloso quanto às normas do Direito Internacional, deixou de lado as suas exigências, reconhecendo o novo governo composto por ex-funcionários dos antigos governos da Ucrânia e representantes da ultradireita.

Um dos primeiros atos do novo governo foi a proposta de eliminar a língua russa como segunda língua oficial do país. Levando em consideração que os russos representam 30% da população da Ucrânia e em algumas regiões, como a Crimeia, até 60%, este fato, juntamente com as abertas ameaças aos russos radicados na Ucrânia, foi um claro sinal de início de uma nova era.

Com a passagem do tempo, as preocupações étnicas tiveram novos e novos fundamentos. A ex-primeira-ministra da Ucrânia Yulia Tymoshenko, atualmente forte candidata à presidência do país, revelou, em conversa telefônica, que a vontade dela era metralhar todos os russos radicados na Ucrânia. E ela foi obrigada a reconhecer a veracidade dessa conversa.

Enquanto isso, no parlamento ucraniano, os deputados discutiram o fuzilamento como pena máxima para manifestantes. A ultradireita ucraniana, cujo dirigente está entre os 46 candidatos à presidência do país, proclama, desde o dia do golpe, a necessidade de matar os russos e enforcar os judeus.

Para qualquer pessoa de bom senso e ainda na terra da Segunda Guerra Mundial, onde em cada esquina é viva a lembrança daqueles horrores, é impossível não concordar com a vontade da população de defender os seus interesses e a própria vida.

Quem é o culpado nessa tragédia?

É curioso que os Estados Unidos, que demonstraram tão alto grau de liberalismo aceitando o golpe de Estado, declararam imediatamente após o início das manifestações da população russa que não admitem o pedido de referendo e seus resultados, porque não estariam de acordo com a Constituição da Ucrânia.

Como na conhecida história em que é o ladrão quem grita “pega ladrão”, o governo russo foi acusado de agressão. Vale a pena lembrar que durante os 14 anos do governo de Vladimir Putin a Rússia cumpriu rigorosamente todos os acordos bilaterais e multilaterais.

Lamentavelmente, não se percebe a mesma coisa da parte dos Estados Unidos e seus parceiros europeus.

Desde 1998, quando o presidente Reagan prometeu ao presidente da União Soviética Mikhail Gorbachev que as forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) não se aproximariam das fronteiras russas, a situação mudou da água para o vinho. Hoje as forças militares da OTAN estão chegando cada vez mais perto das fronteiras russas. A Ucrânia foi a última barreira para isso. Em outras palavras, propositalmente foi passada a linha vermelha.

E quem nesta história toda é o agressor? Obviamente, a Rússia.

Como não lembrar o famoso pronunciamento de Winston Churchill em 1946, anunciando o início da Guerra Fria com a União Soviética.

Agora ficou muito mais fácil. O invisível “inimigo comum” se tornou visível de novo. Quem é ele? Obviamente, a Rússia.

Vários graduados funcionários do governo dos Estados Unidos, inclusive o secretário de Estado John Kerry, diversas vezes visitaram a Ucrânia, unindo-se aos manifestantes, claramente demonstrando o seu apoio ao movimento antirrusso.

Alguns, mais atrevidos, como o senador John McCain, deixaram se fotografar abraçados aos militantes da direita, cujos líderes, a pedido da Rússia, estão sendo procurados internacionalmente por participar da guerrilha chechena.

Não se diz nada sobre as ações claramente antirrussas do novo governo “pró-democrático” ucraniano, onde se proíbe aos jornalistas russos fazer o seu trabalho profissional, realizam-se espancamentos, o fechamento dos canais da TV russa. Mesmo com as forças da OTAN nas suas fronteiras e com seu exército mantido em seu próprio território, a Rússia é a agressora que deve ser punida.

Frente a essa história tão banal e tão pouco verdadeira, por que não gritar “pega ladrão”?

As lições da História o mundo esquece perigosamente rápido. A mídia pouco ajuda para evitar isso.

A opinião do autor pode não coincidir com a opinião da redação

Redação

21 Comentários

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  1. O conhecido direcionamento da

    O conhecido direcionamento da mídia, a mesma que apoiou os golpes militares na América Latina, a invasão do Iraque, a ameaça à Síria, esqueceram do Irã (?)…

    Nos dias de hoje essa tentativas de manipulação são facilmente desmontadas na internet, vide a bolinha de papel de Serra que a mídia tentou demonstrar que era um petardo, com laudos médicos e “provas técnicas” apresentados no seu principal jornal televisivo.

    Do texto:

    “É curioso que os Estados Unidos, que demonstraram tão alto grau de liberalismo aceitando o golpe de Estado, declararam imediatamente após o início das manifestações da população russa que não admitem o pedido de referendo e seus resultados, porque não estariam de acordo com a Constituição da Ucrânia.”

  2. Ucrânia no noticiário

    Nassif,

    Pouco importa o que o noticiário da grande mídia ocidental publica a respeito da patranha na Ucrânia, a turma só se distraiu ao exibir nos telehornais e jornais colocar aquela imagem tragicômica , a de um sorridente McCain abraçado aos neonaziastas de carteirinha. 

    Já está comprrendido que ninguém deve avançar para o território da Ucrânia;

    Já está compreendido que a Rússia não aceitará ninguém em seu quintal, assim como Tio Sam não aceitaria o russo en Cuba ou no Canadá;.

    Já está compreendido que Vladimir Putin está aplicando uma goleada no Ocidente;

    Já está compreendido que Rússia não é Síria, nem Líbia ou Egito, e que VPutin não é Bashar – al- Assad nem Muammar Khadafi;

    Já está compreendido que bravata ocidental não servirá prá nada, e que uma tentativa de invasão trará consequências inimagináveis, porque VPutin não é burro, irá se defender.

    Se não conseguiram dobrar a Síria depois de tres anos de ataque cerrado, como conseguem imaginar que poderão dobrar a Rússia? A soberba é um problema, devido a ela acontecem coisa incríveis, como BObama ter que se ajoelhar prá VPutin e sair de mãos abanando, quando foi a Moscou prá tentar trazer o “traidor” Edward Snowden na bagagem do avião presidencial, um vexame daqueles, tão escandaloso que a grande mídia preferiu ignorar o fato.

     

      1. Soberba

        Assis, meu amigo,

        E esta sua Salvador de Nosso Senhor do Bonfim, sempre bela? 

        Quem exerce prá valer o tal pecado capital é quase que um homem- bomba rsrsrs, e BObama, talvez por saber que não passa de uma marionete, não se faz de rogado, desconta a frustração demonstrando uma superioridade que só existe na cabeça dele.

        Um abração 

         

         

    1. Oi Alfredo!

      Uma dúvida.

      Em 2009 a Ucrânia (ainda sob Tymoshenko (que fala em russo) pediu adesão à OTAN. Na ocasião França e Alemanha acharam não conveniente.

      Ela não é favorita agora (e o candidato da ultradireita tem apenas 4% das intenções de voto), mas nada impede que o novo governo (com o parlamento eleito em 2012) peça novamente a adesão à OTAN.

      Se isso acontecer – e a própria OTAN aceitar agora – a Rússia pode impedir?

      1. Sim, pode. Invade a Ucrania e

        Sim, pode. Invade a Ucrania e toma conta de tudo. Alguem vai contra militarmente e dar inicio á uma  III guerra?

      2. Ucrânia

        Gunter,

        Tudo bom?

        Em minha opinião, a entrada da Ucrânia na OTAN provocará a imediata reação da Rússia, é claro. A Ucrânia não passa de uma marionete neste jogo, uma peça que, per si, não teria qualquer lmportância, mas o fato de estar colada à Rússia é que faz a diferença.

        VPutin não dormirá com o arsenal americano mirando na sua cama, me parece não existir questão quanto a isto.A Rússia, assim como USA, tem um arsenal nuclear capaz de mandar tudo pros ares, mas quem demonstra a intenção de ataque é BObama, que o faça. 

        Um abraço

  3. O Golpismo está no DNA da

    O Golpismo está no DNA da grande Imprensa brasileira… Seja no Brasil ou em questões internacionais que interessam diretamente aos americanos. Afinal, quem os banca? 

    1. Infelizmente,

      um dos maiores financiadores do PIG é o governo federal, por meio da SECOM.

      Infelizmente, o PT é que nem mulher de malandro.

      Contra o PIG não pode haver quartel. Se eles chutam na canela, a gente deveria chutar no saco.

  4. É de estarrecer, depois do

    É de estarrecer, depois do que aconteceu na 2ª Guerra Mundial, quando 20 milhões de russoa morreram no combate ao nazismo, se observe, hoje, que o mundo ocidental se alie aos neonazistas da Ucrânia para ameaçar a Rússia.

  5. Vamos lá então.
    Que isenção a

    Vamos lá então.

    Que isenção a voz da Russia tem para dizer “Notícias não verdadeiras publicadas”.

    Quem quer acreditar, que acredite mas fazer o personagem “vitima”, é cara de pau demais.

    Hoje pelo menos temos a internet para contrapor a midia oficial.

    A Russia esta reeditando a “doutrina Brejnev”, como dizem os socialistas a “A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.

    Será a repetição da invasão da Tchecoslováquia. 

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=gm7EIc7q0GE%5D

  6. “…por que não gritar “pega ladrão”?”

    Porque os serviços de informação da Rússia já estão fazendo isso.

    Esse artigo é mera propaganda.

    Compra quem quer.

    1. Gunter. Não deixe sua

      Gunter. Não deixe sua “indisposição” com Putin, na causa dos direitos dos gats, interferir tanto assim a ponto de não te deixar vers os fatos óbvios: houve um golpe de estado na ucrania, por parte de racistas, que perseguem os russos da ucrania, a ponto destes pedirem proteção da russia e até se anexarem a ela. Putin tá fazendo o que qualquer lider russo faria: protegendo os seus. 

      1. Não tem nada a ver uma coisa com a outra

        Ser homofóbico ou promover infiltrações na Ucrânia

        http://amanpour.blogs.cnn.com/2014/04/15/estonian-president-toomas-hendrik-ilves-calls-for-physical-presence-on-the-ground-in-region-as-deterrence-against-russia/?hpt=hp_t1

        http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/grupos-pro-russia-na-ucrania-tem-ordem-de-atirar-para-matar,64eae21434765410VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html

        são idiotices DISTINTAS do regime russo. Embora ambas feitas para disfarçar da opinião pública russa os problemas reais.

        http://edition.cnn.com/2014/04/11/business/opinion-clark-russia-business-model/index.html?hpt=hp_c2

        A diferença é que a homofobia não pode ser usada pelos pró-Rússia no exterior (*), aí se conformam com essa pseudoargumentação de que a questão LGBT contamina a questão geopolítica. Mas em nenhum momento EUA, OTAN, UE, etc etc se referiram a isso.

        E também é claro que os fatores de longo prazo não são levados em consideração pela torcida pró-Rússia (ou antiamericana, no que se confunde):

        http://www.jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/a-russia-podera-seguir-os-passos-da-ucrania

        A Rússia não é mais superpotência, é uma potência regional (com população pouco maior que a do México e PIB do Brasil, com tão pouca diversificação quanto) com armas nucleares.

        O fato óbvio é que se dissemina muita propaganda. Só estou alertando para isso.

        Se alguém quiser acreditar que acredite, acho besteira eu perder tempo discutindo por aqui.

        Como em vários outros assuntos, aliás.

        Daqui uns anos falaremos.

        (*) Tem até um efeito positivo, mas para os LGBTs: somente as extremas-direitas de EUA e França apoiaram Putin nesse assunto, o que mostra bem para os ‘progressistas’ de quem eles são aliados (ou seja de, de um regime com vários elementes do fascismo.) E a direita homofóbica brasileira passou a ficar mais caladinha desde a lei anti-LGBT da Rússia, para não ser associada a Putin.

        1. Na verdade, é o contrário.

          Na verdade, é o contrário. Quem está se distraindo com o menos importante são os EEUU, enquanto seu maior problema cresce debaixo de seu próprio nariz.

          O domínio político da Eurásia é um jogo quase perdido para os norte-americanos. Não só por causa da Rússia já que, mesmo que o plano Eurasiano de Putin não dê resultados, a China, mantendo boas taxas de crescimento e demanda alta por commodities, vai engolir a região inteira sem dar um tiro nem patrocinar um golpe de Estado sequer.

          E mesmo a vitória sobre a Rússia não está assegurada. Enquanto o gás de xisto estadunidense não se tornar uma realidade (por enquanto são só promessas), a Europa continuará com sua dependência energética com a Gazprom. Isto sem contar as inúmeras comunidades russas nos antigos Estados-satélites da URSS, que podem se tornar justificativa – igual os manifestantes do leste ucraniano – para Moscou exercer sua influência sobre tais países.

          Aliás, com sua incrível dependência com o gás russo, e os separatistas russófonos/russófilos do Leste no seu encalço, até que ponto Kiev conseguirá manter sua “independência” em relação a Rússia? Você coloca a situação ucraniana como solidificada, esquecendo que o mesmo pessoal já chegou ao poder (“Revolução Laranja”) e no final das contas Kiev caiu de novo nas graças de Moscou.

          Agora, dizer que a questão ucraniana não é um “problema real”, falando de um país que historicamente sediou vários de seus conflitos externos em seu próprio território, uma extensa planície carente de fronteiras naturais, que já foi dominado por mongóis, tártaros e mais recentemente invadido por franceses e alemães, é no mínimo ignorar a história russa.

          Esta insegurança territorial, a fragilidade de suas fronteiras, o medo de ser subjugado novamente por outros povos, sempre foi central para a definição do ethos russo. Esta necessidade histórica de expansionismo, conquistando novos territórios ou formando cordões de Estados-satélites em sua volta – garantindo a segurança de suas fronteiras – sempre foi um meio de auto-defesa.

          O desenrolar dos acontecimentos na Ucrânia e países vizinhos, hoje, é mais importante do que nunca para os russos. Se Hitler conseguiu instalar suas fronteiras em território russo, mesmo em tempos de URSS, imagine na atualidade, em que a Rússia possui uma área de influência consideravelmente menor.

          Então, é justamente por Putin lidar com uma questão central, de importância ímpar, que forjou desde sempre o caráter do povo russo (a paranóia e o medo da invasão externa), é que ele se mantém tão popular. Nem liberais que querem se tornar bichinhos de pelúcia dos EEUU/UE, nem líderes fracos que deixam o “Ocidente” avançar sob o seu nariz: Putin obtém ampla aceitação do eleitorado russo não porque “usa” certos temas, mas porque se enquadra direitinho no tipo de líder que a Rússia sempre teve e ainda hoje deseja ter.

          Se compararmos Putin com outras figuras importantes da história russa, como Ivan o Terrível, Pedro o Grande, bem como os bolcheviques da URSS, sempre encontrará um ponto comum entre eles: líderes autoritários, que governam com pulso forte, de modo que os russos desde há muito possuem uma disposição maior que os “ocidentais” para sacrificar as suas liberdades individuais em prol da segurança nacional.

          Eu não quero aqui fazer uma elegia ao totalitarismo, acho também que Putin muitas vezes se comporta como um autocrata e se deve sempre defender um maior respeito as liberdades públicas/direitos individuais, mas sua análise é totalmente descontextualidade da história e do ethos do povo russo. O eleitorado do país não está sendo enganado, eles sabem muito bem quem é Putin e exatamente que tipo de política ele está disposto a aplicar. Poderiam, muito bem, escolher líderes ao melhor estilo “ocidental”, mas não o fizeram e muitas vezes não tentamos sequer entender as razões.

          Se não levarmos em conta todos estes fatos (a insegurança das fronteiras russas, o domínio mongol, as inúmeras tentativas de invasão, e a ameaça atual que OTAN/EEUU impõe a Moscou), caimos no vício de análises enviesadas, retratando o povo russo como ignorante, suscetível de ser tutelado, sedento pelo modo de vida e instituições “ocidentais”. O tempo passa e nós, ocidentais, não aprendemos a lição, sempre com esse desejo de evangelizar, provar a superioridade da nossa civilização para outros povos “bárbaros”.

          “Se o eleitorado escolheu Putin, é porque foi distraído com matéria X ou Y, porque ele é autoritário, besta-fera, e ninguém em sua sã consciência escolheria alguém assim”. É deste tipo de pensamento matemático que devemos nos afastar, se resolvemos analisar com frieza o que acontece do outro lado do mundo. Se assim fosse, geopolítica não pertenceria ao ramo das ciências humanas, e ciência política se resumiria a um bando de equações e algoritmos.

          Já, os EEUU sim, estão disfarçando os problemas reais. O problema real estadunidense atende pelo nome México, um país que há muito tornou-se difuncional, principalmente o Norte, dominado pelas milícias do narcotráfico, o que favorece a migração em massa para o país vizinho. Isto não foi a extrema-direita americana, nem o esquerdismo torcedor que alertou, mas sim o falecido professor de Harvard Samuel Huntington e o estrategista geopolítico Robert D. Kaplan.

          Caso os estadunidenses não ajudem o vizinho do sul a se tornar uma economia desenvolvida, a fim de evitar  problemas de fronteira, estes intelectuais defendem que é cada vez mais provável que os problemas mexicanos “contaminem” os EEUU, principalmente nos Estados que um dia pertenceram ao México e possuem comunidades cada vez maiores de latino-americanos.

          Ao invés de se prepararem para se reservar “apenas” ao papel de potência dominante de um hemisfério todo, o Ocidental, os estadunidenses gastam trilhões e trilhões de dólares na Eurásia, no Extremo Oriente, tentando evitar uma fatal multipolarização (ou pelo menos bipolarização, junto com a China), do mundo. Acho que existe uma distorção de quem está evitando os “problemas reais” aqui. Seu americanismo (ou anti-“russismo/putismo”) está te impedindo de enxergar o quadro mais amplo.

        2. cara… fatos que ninguém

          cara… fatos que ninguém contraria: havia um presidente na ucrania, democraticamente eleito, que foi deposto por uma revolta popular. Esta revolta popular tinha em sua tropa de choque partidários de extrema-direita, que sempre clamaram pelo “fora judeus-russos”. A Criméia, uma república autônoma, de maioria russa, que votou pesadamente no presidente deposto, faz um plebiscito onde, vejam só, os partidários da russia vencem (só pode ter sido manipulado, dizem alguns. é de rir). Outras regiões, de maçiça presença de falantes russos e grande presença de russos, que votaram majoritariamente no presidente deposto,  também se rebelam contra o golpe. Só pode ser propaganda russa!!! Tenha dó. 

           

  7. Não há dúvida que houve um

    Não há dúvida que houve um golpe de estado na Ucrania, com a queda de um governo eleito pela maioria.  Os Estados Unidos “investiram”  5 bilhões de dolares na oposição e manifestantes como a propria subsecretaria  Victoria Nuland admitiu. Qual o interesse dos EUA na Ucrania? Cercar a Russia militarmente, obvio. Tentaram na Georgia e não conseguiram.  E agora? 

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