Trump comemora ataque na Síria e ONU critica cenário “fora de controle”

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Aviões usados pelo Reino Unido –  Foto : Ministério da Defesa do Reino Unido
 
Jornal GGN – Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que estava orgulhoso da ação das forças militares norte-americanas contra a Síria, representantes de organizações mundiais manifestaram preocupação com o cenário. 
 
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, fez um apelo para que a situação não fique “fora de controle” e que piore “o sofrimento do povo sírio”. “Peço a todos os Estados-membros para que mostrem moderação nestas perigosas circunstâncias”, ressaltou Guterres, lembrando que respeitem a Carta da ONU e o direito internacional.
 
A fala foi feita após Trump comemorar em sua conta no Twitter que “a missão foi cumprida” e que “o resultado não poderia ser melhor”, agradecendo também o apoio do Reino Unido e da França. 
 
Na noite desta sexta-feira (13), os EUA com a ajuda dos outros dois países dispararam 110 mísseis lançados contra posições em Damasco e na província de Homs, na Síria, deixando três pessoas feridas. De acordo com os Estados Unidos, nos locais alvos estariam sendo desenvolvido um programa de uso de armas químicas. O ataque seria uma resposta a isso.
 
Em comunicado, o Exército sírio afirmou que as forças de defesa antiaérea conseguiram derrubar parte dos mísseis lançados pelos aviões. 
 
Diante do cenário, a Rússia solicitou uma reunião de urgência ao Conselho de Segurança da ONU. No encontro, o embaixador russo Vasyl Nebenzia disse que “a situação na Síria representa atualmente a ameaça mais séria contra a paz e a segurança internacional”.
 
“Os senhores estão pisoteando a Carta das Nações Unidas e o direito internacional”, completou.
 
Mas, em resposta, a embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, disse que o país já tem armas “preparadas e carregadas” para uma nova ofensiva contra a Síria, se houver ataque com uso de armas químicas. “Estamos preparados para manter a pressão, se o regime sírio for tão estúpido a ponto de pôr a toda prova nossa vontade”, respondeu.
 
Entretanto, ao final do encontro, o Conselho de Segurança das Nações Unidas não aprovou uma resolução russa que pedia a condenação “da agressão à República Árabe da Síria pelos EUA e seus aliados, violando o direito internacional e a Carta da ONU”.
 
Brasil
 
Durante o encontro da 8ª Cúpula das Américas, realizada em Lima, no Peru, Michel Temer não se mostrou nem favorável, nem contra diretamente ao ataque dos Estados Unidos. Pediu, apenas, que seja encontrada “soluções duradouras” para “uma guerra que se estende há tempos demais a um custo humano”. 
 
Do ponto de vista do Brasil, disse que condena “naturalmente, o uso de armas químicas, que é inaceitável”. 
 
Mais cedo, o Ministério das Relações Exteriores também havia emitido uma manifestação mostrando “grande preocupação com a escalada do conflito militar” e também afirmando que é contra o “emprego de armas químicas” e que o conflito deveria ser resolvido com “diálogo”, mas também com a punição de responsáveis pelo uso de armas químicas.
 
“A superação do conflito na Síria requer pleno respeito à Carta das Nações Unidas e ao direito internacional, inclusive o banimento do emprego de armas químicas, e o diálogo efetivo. Nesse contexto, o Brasil reitera o entendimento de que o fim do conflito somente poderá ser alcançado pela via política, por meio das tratativas sob a égide das Nações Unidas e com base nas resoluções do Conselho de Segurança”, afirmou.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

7 Comentários

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  1. Foi um “teste” real para os

    Foi um “teste” real para os Russos…

    Eles puderam testar sua telemetria para detectar os mísseis dos EUA, Inglaterra e França…

    Isso é difícil de se conseguir – alguem que faça um teste real…

    Eles poderão avaliar quando for um pega para capar.

    Nenhum atacou bases russas e somente as defesas sírias se defenderam…

  2. É isso, meus queridos

    Pentágono dobra Trump e o leva à guerra sem a qual o império de Tio Sam desaba

     

    14 de Abril de 2018

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    Economia de guerra – Trump tinha dito que tiraria as tropas americanas que estavam na Síria, porque não tinham mais nada que 

    Derrotada a grande potência, por que Bassar al Assad iria chutar cachorro morto?

    Só para tirar sarro, disparando armas químicas contra povo sírio?

    Burrice.

    Seria ferir a lógica.

    Com os mísseis russos instalados na Síria, com os americanos derrotados, com o equilíbrio macro guerreiro instalado no Oriente Médio, via aliança Russia-Irã-Turquia-Síria, Israel, maior aliado dos EUA, não daria mais uma de galo valente, mesmo com suas bombas atômicas.

    Se todos têm bomba atômica, hoje, anulam-se as forças em jogo, por meio da lógica dissuassiva.

    Se com bomba atômica, EUA perderam para a Síria, armada pela Rússia, que adiantaria Israel dispor de bomba contra os inimigos no Oriente Médio, se não poderá usá-la, se ficaria exposto à bomba dos outros?

    A derrota americana na Síria seria seguida por tempo de paz?

    Paz dá prejuízo
    O problema é que a paz não é negócio para o estado americano dependente da economia de guerra.

    Sem guerra, o império de Tio Sam desaba.

    Teriam que ser desativadas 180 bases militares nos cinco continentes.

    Todos os soldados teriam que voltar para casa.

    Problema.

    Desde a segunda guerra, são os gastos com produção bélica e espacial que puxam a demanda global imperialista americana, sustentando o ESTADO INDUSTRIAL MILITAR NORTE-AMERICANO – assim denominado por Eisenhower, em 1960.

    As cadeias produtivas interativas acopladas a esse estado armado até os dentes são as responsáveis pela vanguarda científica e tecnológica produzida pela guerra, financiada pelos gastos públicos.

    São os subprodutos indispensáveis para dinamizar a economia como um todo na era da informação, da espionagem, do fake news.

    Trata-se de organismo dinâmico que tem na produção bélica e espacial sua essência estrutural.

    Keynes, que sabia das coisas, disse, em 1936, a Roosevelt, como superar o crash do lassair faire em 29:

    “Penso ser incompatível com a democracia que o governo eleve seus gastos na escala necessária capaz de fazer valer a minha tese – a do pleno emprego -, salvo em condições de guerra. Se os Estados Unidos se INSENSIBILIZAREM para preparação das armas, aprenderão a conhecer sua força.”

    Não deu outra.

    Os Estados Unidos saíram da segunda guerra como potência mundial.

    Desde então, o império não vive sem guerra.

    Caso contrário, o capitalismo, abastecido pelos gastos com produção bélica e espacial, entra em crise.

    Vitória dos falcões
    Trump, embora tenha destinado 1,5 trilhão de dólares à produção armamentista, no orçamento do ano passado, para acalmar os falcões do Pentágono, vinha fazendo jogo de aproximação com Putin, desde que derrotou Hillary.

    Incomodou horrores os generais americanos, inconformados com essa possibilidade.

    O anuncio de Trump que desativaria as tropas e as armas contra a Síria, porque estava jogando dinheiro fora, ficando por lá, foi a gota dágua.

    Como desativar significa desarmar o ESTADO INDUSTRIAL de Tio Sam, cresceram as pressões contra o titular da Casa Branca.

    Ao apertar o botão para detonar a guerra, Trump decidiu fazer o que Hillary Clinton faria na primeira hora se fosse eleita: bombardear a Síria e acelerar guerra fria ou quente contra Rússia.

    Os falcões do Pentágono se chatearam com a derrota de Hillary.

    Trump, ao lado de promessas protecionistas, nacionalistas, dispôs-se, se eleito, dialogar com Putin, para parar guerra.

    O presidente americano não foi muito longe.

    Não entendeu que jogar dinheiro fora – pura dissipação -, para manter ESTADO INDUSTRIAL MILITAR NORTE-AMERICANO, representa a essência da macroeconomia capitalista guerreira dos Estados Unidos?

    Marx, nos Grundrisses, disse que o capitalismo desenvolveria ao máximo as forças produtivas, entraria em senilidade e passaria, então, a desenvolver as forças destrutivas, na guerra.

    Depois de dinamizar as forças produtivas até o fim do lassair faire, levando o capitalismo à deflação de 1929, o sistema capitalista cumpriu a previsão marxista: partiu para dinamizar as forças destrutivas, na guerra, emitindo moeda estatal inconversível, para reverter tendência capitalista deflacionária.

    A arma capitalista passou a ser a dívida pública, para esconder crescimento da inflação, a solução keynesiana.

    A dívida, dialeticamente, cresce no lugar da inflação.

    Consumidor improdutivo
    Assim, desarmar a dívida, como imaginam os ingênuos neoliberais – como o ministro Guardia -, é puro suicídio.

    Tio Sam aprendeu isso, depois do conselho de Keynes, para se tornar potência mundial.

    Porém, agora, pinta a grande contradição, decorrente do esgotamento da capacidade de endividamento do estado nacional, em escala global, por meio do remédio keynesiano.

    Bombeá-la, mesmo em tempo de juro zero ou negativo, justamente, para evitar implosão monetária, poderia produzir hiperinflação global.

    O dólar viraria papel de parede.

    Os gênios do capitalismo ainda não descobriram solução alternativa à recomendação do genial do economista inglês, discípulo de Malthus, de que o capitalismo precisa dissipar gastos públicos para sobreviver, que necessita, enfim, criar consumidores improdutivos, para se reproduzir etc.

    Congelar gasto público, por vinte anos, como faz o governo golpista de Temer, é desconhecer que o capitalismo pós lassair faire, só avança com expansão dos consumidores improdutivos, gerados no departamento III capitalista, o governo bombeado pela dívida pública, via moeda estatal, para puxar demanda global.

    A solução Guardia é voltar ao século 19; retorno ao útero materno; só Freud explica.

    Como Tio Sam não é adepto de Freud, mas de Nietzche, do super-homem, que, porém, não aguenta mais a concorrência eurasiática em expansão(China, Japão, Coreia do Sul, Indonésia, Vietnan, Rússia, Índia etc, no ambiente do BRICs), tem que desviar a atenção dos americanos de que não é mais aquela brastemp competitiva global.

    Como?

    Fazendo guerra.

    Dessa vez, inventou os ataques químicos farsantes de Bassar Al Assad, para justificar o ataque.

    Sem essa impulsividade louca, bem apropriada à personalidade de Trump, o império deixaria de ser império.

      Leia o Artigo  

     

     

  3. Informação aos media do Estado Maior russo.

    Informação aos media do chefe do Directório Operacional Principal do Estado Maior russo

    por Sergei Rudskoy [*]

    Os EUA juntamente com seus aliados efectuaram um ataque de mísseis através de meios aéreos e navais a instalações militares e civis da República Árabe Síria em 14 de Abril no período das 3p2 até às 5p0 (hora de Moscovo). 

    Os sistemas de defesa aérea russos nas bases aéreas Khmeimim e Tartus localizaram e controlaram em tempo hábil todos os lançamentos aéreos efectuados pelos EUA e pelo Reino Unido. 

    O anunciado avião francês não foi registado pelos sistemas de defesa aérea russos. 

    Foi relatado que foram utilizados durante a operação aviões B-1B, F-15 e F-16 da USAF, assim como aviões Tornado da RAF britânica sobre o Mar Mediterrâneo, e os [navios] USS Laboon e USS Monterey localizados no Mar Vermelho. 

    Os bombardeiros estratégicos B-1B aproximaram-se de instalações sobre o território sírio perto de al-Tarif, ilegalmente tomada pelos EUA. 

    Um certo número de campos aéreos militares, instalações industriais e de investigação sofreram o ataque com bombas-mísseis. 

    Como informação preliminar, não há baixas civis nem perdas entre o Exército Árabe Sírio (EAS). Nova informação será especificada e tornada pública. 

    Como é evidente pelos dados disponíveis, 103 mísseis de cruzeiro foram lançados, incluindo mísseis de base naval Tomahawk bem como bombas aéreas guiadas GBU-38 disparadas dos aviões B-1B; os aviões F-15 e F-16 lançaram mísseis ar-superfície. 

    Os aviões Tornado da RAF britânica lançaram oito mísseis Scalp EG. 

    Os sistema de defesa aérea sírios, os quais são primariamente os sistemas AD fabricados pela URSS, contiveram com êxito os ataques aéreos e navais. 

    No total, 71 mísseis de cruzeiro foram interceptados. Os sistemas AD sírios S-125, S-200, Buk, Kvadrat e Osa estiveram envolvidos para repelir o ataque. 

    Isto prova a alta eficiência do armamento sírio e as qualificações profissionais do pessoal sírio treinado pelos especialistas russos. 

    Ao longo dos últimos dezoito meses, a Rússia recuperou completamente os sistemas de defesa aérea sírios e continua o seu desenvolvimento. 

    Deve ser enfatizado que vários anos atrás, devido a fortes instâncias dos nossos parceiros ocidentais, a Rússia optou por não fornecer os sistemas AD S-300 à Síria. Considerando o incidente recente, a Rússia acredita possível reconsiderar esta questão não só em relação à Síria como também a outros países. 

    O ataque alvejou também bases aéreas sírias. A Rússia registou os seguintes dados: 

    Quatro mísseis tiveram como alvo o Aeroporto Internacional de Damasco; 12 mísseis – o aeródromo Al-Dumayr, todos os mísseis foram derrubados. 

    18 mísseis tiveram como alvo o aeródromo Blai, todos os mísseis foram derrubados. 

    12 mísseis tiveram como alvo a base aérea Shayrat, todos os mísseis foram derrubados. Nenhuma base aérea foi afectada pelo ataque. 

    Cinco de nove mísseis destinados ao não ocupado aeródromo Mazzeh foram derrubados. 

    Treze dos dezasseis destinados ao aeródromo de Homs foram derrubados. Não há destruições pesadas. 

    No total, 30 mísseis tiveram como alvo instalações próximas de Barzah e Jaramana. Sete deles foram derrubados. Estas instalações, alegadamente relacionadas com o chamado “programa militar químico de Damasco” foram parcialmente destruídas. Contudo, tais objectos não eram utilizados desde há muito, de modo que não havia nem pessoas nem equipamento ali. 

    Os sistemas de defesa aérea russos foram alertados. Caças a jactos de combate agora patrulham o ar. 

    Não houve mísseis de cruzeiro a entrarem na área AD de responsabilidade russa. Os sistemas de defesa aérea russos não foram empregues. 

    A Rússia considera que ataque como uma resposta ao êxito das Forças Armadas Sírias no combate ao terrorismo internacional e na libertação do seu território, ao invés de uma resposta ao alegado ataque químico. 

    Além disso, o ataque verificou-se no dia em que a missão especial da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPCW) devia começar a trabalhar na investigação do incidente na cidade de Duma onde alegadamente o ataque químico teria ocorrido. 

    Deve ser enfatizado que não há instalações de produção de armas químicas na Síria e isto tem sido documentado pela OPCW. 

    A agressão americana prova que os EUA não estão interessados na objectividade das investigações em curso, procuram arruinar o acordo pacífico na Síria e desestabilizar o ambiente no Médio Oriente – e tudo isto nada tem a ver com declarados objectivos de contenção do terrorismo internacional. 

    Actualmente a situação em Damasco e outras zonas povoadas é avaliada como estável. O ambiente está a ser monitorado. 

    14/Abril/2018

    Ver também: 

    Pharmaceutical research institute one of the triple aggression’s targets 

    Here’s why chemical attack in Syria’s Douma is just another FAKE of White Helmets

    Agressão militar contra a Síria antecipa-se a missão da OPAQ

    Here’s the Real Situation Inside Syria post Pentagon Missile Attack…

     

    [*] Coronel-General, Chefe do Directório Operacional Principal do Estado Maior Russo. 

    O original encontra-se em http://eng.mil.ru/en/news_page/country/more.htm?id=12171300@egNews
    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

     

     

     

  4. Um ataque muito

    Um ataque muito significativo. Os russos foram avisados com antecedência de todas as trajetórias dos foguetes, mas mesmo assim retiraram 11 navios seus da base de Tartus por não confiarem completamente em americanos, e de sério mesmo só houve a destruição de um minúsculo centro de pesquisas científicas perto de Damasco. Deixou também três sírios feridos levemente. Dos 103 mísseis lançados, 70 foram derrubados pela defesa síria e os outros destruíram galpões vazios ou caíram no deserto. Antes de sua pequena contribuição a essa manifestação bélica, um Macron bastante nervoso foi implorar à Rússia que tivesse a compreensão de que ela não tinha a intenção de prejudicar a nenhum aliado da Síria, apenas seria voltada para a capacidade química do regime, pedindo assim que não houvesse retaliação contra a França. Um furacão de mídia, com mísseis saltando dos navios e aviões da Real Força Aérea decolando. Realmente um bonito espetáculo para quem gosta de guerra. Este Trump é realmente  um artista. Sabe como aplacar a fúria dos americanos belicistas.

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