Do A Gazeta
“Quero ser julgado por Deus. Não me importo se o homem me condenar. Aqui, só podem me mandar para um presídio, o que acho impossível porque a Anistia valeu para os dois lados. Estou na mão de Deus, nunca me evadi. Se chegou-se à verdade, foi eu que esclareci”, disse o hoje pastor da Assembleia de Deus.
Outros cinco foram denunciados pelo grupo Justiça de Transição, do Ministério Público Federal (MPF), após investigação de dois anos. Eles são acusados de tentativa de homicídio, explosão, transporte de explosivo, formação de quadrilha e fraude processual.
Para o MPF, tratou-se de crime contra a pátria e, portanto, que não prescreve. Também não está coberto pela Lei que anistiou crimes políticos entre 1961 e 1979.
“O que vejo é condenação moral para todos aqueles que participaram. Não vejo necessidade de essas pessoas velhinhas irem para uma penitenciária. A pena pareceria uma vingança”, afirma Guerra.
“Por estar armada e de prontidão, esta equipe também funcionava como apoio material às demais equipes, se necessário”, frisa o texto da denúncia.
O MPF sustenta ainda que todos os envolvidos tinham conhecimento da bomba e aderiram voluntariamente ao ataque.
Entre os denunciados estão três generais reformados. Um deles é Nilton Cerqueira, então comandante da PM do Rio, que ordenou a suspensão do policiamento do show horas antes do atentado.
Entrevista
“Essa pena seria uma vingança” Cláudio Antônio Guerra, Ex-delegado do DOPS
Após tornar-se pastor da Assembleia de Deus, o ex-delegado Cláudio Antônio Guerra dedica-se à evangelização em presídios. Sobre a denúncia contra ele, destaca que foi um dos maiores responsáveis por trazer à tona a verdade e quer “ser julgado por Deus”.
O que tem a dizer sobre a denúncia?
Tudo que se fez no passado Deus perdoa, mas tem as consequências. Essa é uma. Na época era combatente, cumpria ordens. Não estava encarregado de colocar bomba, de fazer atentado contra ninguém. Ia prender pessoas que seriam responsabilizadas pelo atentado que aconteceria.
Em algum momento se arrependeu de ter contado a verdade?
Investigadores nunca chegaram ao acontecido. Foi graças ao livro. Não escondo os meus erros. Dei minha contribuição.
Quando decidiu falar?
Por lealdade àquelas pessoas, disse que ia levar isso para o túmulo, mas depois encontrei Jesus e renasci. A Palavra diz que temos de revelar a verdade a Deus e aos irmãos. Era uma carga muito pesada que eu carregava.
Teme ser preso?
Quero ser julgado por Deus. Não importa se o homem me condenar. Aqui, só podem me mandar para um presídio, o que acho impossível porque a Anistia valeu para os dois lados. Estou na mão de Deus. Se me mandarem para presídio, não vão tirar minha bênção de ser homem que serve a Deus. Se chegaram à verdade, fui eu que a esclareci.
Mas a Anistia só vale para crimes até 79.
Não quero dar parecer jurídico a respeito disso. Não quero desmerecer trabalho do Ministério Público. O que vejo é condenação moral para todos aqueles que participaram. Não vejo necessidade de essas pessoas velhinhas irem para uma penitenciária. A pena pareceria uma vingança. Os fatos têm de vir à tona, mas pegar o general ‘fulano de tal’ e colocar na cadeia porque cometeu crimes vai revoltar muita gente, vai ficar um sentimento de vingança que não leva a nada.
Como passei por lá, meu testemunho perante os internos é muito válido. Falo que Deus pode fazer com eles o que fez na minha vida. A maioria dos que trabalham conosco nos ministérios, são ex-internos. Foi a cadeia que os modificou.
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
Metamorfose ambulante
Interessante alguns fenômenos em nossa natureza:
Lagarta vira borboleta;
Girino vira rã;
Sapo vira principe;
Morcego vira vampiro;
E criminoso vira pastor
This comment has been deleted.