Ainda não responderam o mais importante: quem mandou matar Marielle, enfatiza viúva

Para Monica Benício, a prisão de dois suspeitos nessa terça (12) é passo importante, mas não é suficiente

O policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos, foram detidos nesta terça (12) / (Foto: Mauro Pimentel/AFP)
do Brasil de Fato
Ainda não responderam o mais importante: quem mandou matar Marielle, enfatiza viúva

Próximo à data que marca um ano do assassinato de Marielle Franco, dois suspeitos pela execução da vereadora e de seu motorista, Anderson Gomes,foram presos na manhã desta terça-feira (12).

O policial militar reformado Ronnie Lessa, de 48 anos, e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos, foram detidos por uma força tarefa da Operação Buraco do Lume, composta por policiais da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro e por promotores do Ministério Público. A investigação do Ministério Público e da Polícia Civil aponta que os policiais são responsáveis pelo crime.

Em entrevista ao Brasil de Fato, Monica Benício, companheira de Marielle, conta que soube da prisão dos suspeitos na madrugada, ao receber a ligação de uma das promotoras.

“Considero um passo muito importante na investigação. Parabenizo as promotoras, sobretudo, e a DH (Delegacia de Homicídios). Mas não podemos esquecer que daqui há dois dias completamos um ano da execução. [Precisou de] Um ano para ter essa resposta, que tinha que ser respondida há muito tempo”, pontua Monica.

A viúva da vereadora afirma ainda que o resultado da investigação não é suficiente. “Não podemos esquecer que a resposta mais importante ainda não nos foi dada: Quem mandou matar Marielle e qual a motivação desse crime? Mais importante do que termos ratos mercenários serem responsabilizados pelo que fizeram, é a questão urgente e necessária, que é saber quem foi que mandou matar Marielle”, enfatiza Benício.

Segundo a denúncia das promotoras Simone Sibilio e Leticia Emile, assinada pelo juiz substituto do 4º Tribunal do Júri Gustavo Kalil, Lessa teria sido responsável pelos disparos enquanto Queiroz seria o motorista do Cobalt prata que perseguiu o carro da vereadora. Como a investigação aponta que o crime foi meticulosamente planejado ao longo de 3 meses, a operação também está apreendendo documentos, celulares, computadores, armas dos suspeitos. Há indícios de que Lessa monitorava eventos que a vereadora participa através de um celular “bucha”.

Sobre a continuidade das investigações para identificar o mandante da execução, Monica espera que não demore tanto quanto as primeiras respostas oficiais que foram dadas no dia de hoje. “Sinceramente, espero que não tenhamos que aguardar mais um ano para chegar a essa resposta. Mas não podemos deixar de olhar que finalmente algo concreto está acontecendo a respeito dessas investigações, isso tem que ser ressaltado”.

Legado

No último 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, Marielle Franco foi homenageada por milhares de mulheres em atos por todos os estados do país. Mulher negra, periférica e lésbica, Marielle se tornou um grande símbolo de resistência contra todas as formas de opressão.

Para Monica, Marielle é um símbolo de referência e inspiração, “para que sigamos na resistência e na luta”.

“De forma positiva, podemos compreender que a noite do 14 de março não pode ser vista só como uma noite de barbárie e violência, mais uma noite onde podemos ressignificar a esperança. Ressignificar a resistência”, disse.

“Marielle se tornou um símbolo de resistência uma vez que vemos a imagem dela sendo replicada pelo mundo inteiro, que se indignou com a violência, mas que também reconheceu o trabalho dela enquanto defensora dos direitos humanos, e não só o trabalho dela, mas o que ela representava. O que ela simbolizava, que é uma construção coletiva muito maior do que a própria imagem dela”, ressalta Monica.

Mobilizações em todos os estados do país estão sendo articuladas para o próximo 14 de março, data que marca um ano da execução da vereadora.

Edição: Lú Sudré

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Redação

1 Comentário

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  1. Nunca direi algo de forma leviana, mas alguns fatos sobre o motorista do carro e sobre o assassino, que neste carro executou a heróica Marielle, esses fatos ( e os relacionamentos que os 2 criminosos tinham) parecem sugerir o grupo político que estaria por detrás deste crime. O mandante talvez apenas seja revelado se aqueles que de fato comandam o Brasil (sistema financeiro, alta burguesia e forças armadas) se for conveniente a esses setores entregar a cabeça do mandante. Há motivos pra que a elite abandone o suposto mandante e jogue-o no cárcere. Mas isto poderia atingir gravemente a imagem do Brasil no exterior. O video porno-escatológico divulgado pelo “mito” e que chocou o mundo, por demonstrar que o presidente de um país continental possui um transtorno psiquiátrico e age de forma bizarra… O episódio do vídeo é minúsculo diante da ponta do iceberg que parece estar sendo exposta.O que seria mais importante: preservar a imagem do Brasil diante de algo que faria este país parecer um enclave da barbárie, ou salvar o Brasil de um governo catastrófico tanto para os pobres quanto para a elite ( pois, com o caos desses 2 meses a prolongar-se por 4 anos, todos seriam prejudicados, inclusive a elite) . Quem decidirá sobre essa gravíssima escolha vai ser aquela minoria que tem o controle do país, apesar de nunca ter recebido o voto popular. A menos que um repórter descubra algo bombástico, mas talvez nem haja essa possibibilidade porque é possível, inclusive, que a c.i.a. esteja zelando pelo absoluto sigilo de alguns fatos. Que poderiam ser revelados, se os donos do Brasil assim decidirem.

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