Após perder no STF, Bolsonaro quer derrubar Gussem, por Marcelo Auler

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Na Reclamação junto ao CNMP,Flávio Bolsonaro quer afastar Gussem

Após perder no STF, Bolsonaro quer derrubar Gussem

por Marcelo Auler

em seu Blog

Após tentar impedir, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), o prosseguimento das investigações do Ministério Público do Rio de janeiro (MPRJ) que envolvem o ainda deputado estadual Flávio Bolsonaro ao seu ex-assessor Fabrício Queiroz, a defesa do hoje senador eleito pelo PSC do Rio, tenta afastar do caso o procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem.

No STF, como se sabe, ela teve uma vitória de Pirro: conseguiu uma liminar que suspendeu as investigações por alguns dias. Como já deixou claro o ministro relator do caso, Marco Aurélio Mello, respaldando-se em suas decisões anteriores, esse pedido deverá ser remetido à lata do lixo na próxima sexta-feira, dia 1 de fevereiro. Portanto, foi um ganho pequeno e provisório ao custo de ter demonstrado que tem medo de ser investigado. Com isso, levantou a suspeita de que algo há a ser escondido.

Para afastar Gussem do caso, seu advogado, Adão José Correa Piani, impetrou junto à presidente do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), a procuradora-geral da República Raquel Dodge, Representação com Pedido de Tutela Antecipada. Nela, acusa de falta de isenção o procurador-geral de Justiça do Rio, por conta do encontro dele com o jornalista Octávio Guedes, da Rede Globo, em restaurante do Jardim Botânico, devidamente fotografado.

A partir do registro fotográfico, conclui que Gussem se reuniu de “forma exclusiva e fora das dependências do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro” para tratar “de assuntos referentes a uma investigação que deveria ser sigilosa”.

Em consequência, levanta a possibilidade de ele ter cometido “um grave desvio ético, quando não a prática, em tese, de crimes de natureza funcional, sem prejuízo de outros, na esfera penal, a serem igualmente apurados, incompatíveis com a conduta exigível de servidor público investido de funções de tamanha envergadura”.

A Reclamação é calçada exclusivamente na foto do encontro de Gussem com o jornalista, na presença de “outro servidor do Grupo de Investigação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, responsável pelas investigações no âmbito da ALERJ, cuja identidade ainda carece de apuração”.

Com base nesse flagrante, o advogado sustenta que na “inegável reunião de trabalho” com o citado jornalista o procurador-geral de Justiça vazou informações sigilosas.

Faz a ligação entre o encontro, em 18 de janeiro, com a divulgação, no Jornal Nacional de 19 de janeiro, das 48 movimentações financeiras que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras – Coaf detectou na conta bancária do então deputado estadual Flávio Bolsonaro. Movimentações que resultaram no depósito de R$ 96 mil, de forma dissimulada – em valores de R$ 2 mil cada um deles – na referida conta.

Distribuída ao conselheiro Luiz Fernando Bandeira de Mello, a Reclamação está na dependência das informações do procurador-geral de Justiça do Rio. Ela mostra-se, porém, capenga, pois baseada apenas em ilações.

Não há, nas suas 26 páginas, nenhum tipo de prova que sustente que o vazamento de dados divulgado pelo Jornal Nacional foi de responsabilidade de Gussem. Menos ainda que ele tenha ocorrido no encontro com o jornalista.

Até porque na divulgação dos dados sigilosos no noticiário da TV Globo não houve referência a Octávio Guedes. Este, como qualquer profissional da imprensa, fosse o autor do furo jornalístico, não perderia a oportunidade de tirar “proveito” do seu trabalho, associando seu nome ao mesmo.

Nessa inicial, ao mesmo tempo em que Correa Piani fala, muitas vezes, da ilegalidade “em tese” do comportamento do procurador-geral, em outros momentos é categórico ao acusá-lo pelo vazamento. Como no trecho:

“A atuação do representado José Eduardo Ciotola Gussem, compartilhando informações sigilosas com exclusividade para um único veículo de informação, tem por objetivo, nitidamente, agradar os donos e responsáveis pela empresa de comunicação, em troca de espaço de promoção pessoal concedido”.

Curiosamente, à acusação sem prova do vazamento de informações sigilosas, o advogado tenta passar lição de moral, reclamando de uma possível exclusividade do procurador-geral à TV Globo. Em determinado momento cita que “o representado José Eduardo Ciotola Gussem, é flagrado em conduta, em tese, ilegal, mas seguramente imoral”. (grifo do original). Em outro momento cita:

“Ao aceitar, ou mesmo propor, reunir-se com um jornalista de um grupo de comunicação que demonstra de maneira inequívoca ter interesse em direcionar, e influenciar, os resultados de uma investigação em curso, o representado José Eduardo Ciotola Gussem ofereceu a primazia de suas conclusões antecipadas à Rede Globo”.

Ou seja, insiste que houve o vazamento, sem apresentar prova do mesmo e supondo que o encontro teve esse interesse. Afinal, a conversa de um jornalista com qualquer de suas fontes pode ter vários e diferentes direcionamentos. Pode até mesmo servir apenas para esclarecer pontos sobre o assunto, sem necessariamente servir ao vazamento de informações sigilosas, como sustenta o advogado que teria ocorrido no restaurante Lorenzo Bistrô.

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Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

3 Comentários

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  1. A chapa está esquentando para

    A chapa está esquentando para a famíglia bozonazi. Como vai se comportar o jair após a retirada do cérebro auxiliar desligado hoje? Mas estou mesmo curioso, é como vão atuar as forças de segurança da ORCRIM. Tem as Forças Armadas com papel definido na Constituição – embora nem sempre esse papel seja respeitado; tem a Gestapo (PF) que está sob o comando do Sérgio Savonarola Bolsomoro; E a SS formado pelas milícias do Rio de Janeiro, que até o momento não está claro quem é o comandante: Flávio bozonazi, ou Fabrico Queiroz.

     

  2. Flávio Bozo levantou suspeita de que?
    Flávio Bolsonaro levantou suspeita de que há algo a ser escondido ou de que há algo a não ser revelado?

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