Assalto ao cunhado de Alckmin lembra esquema envolvendo empresa da Lava Jato

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – A notícia de que o empresário Adhemar Cesar Ribeiro, cunhado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), foi assaltado em sua residência, em São Paulo, é propícia ao resgate do caso envolvendo o desvio de R$ 4 milhões da Prefeitura paulitana, que teria beneficiado, à época, empreiteira hoje investigada pela Lava Jato.

Em 2011, a Wall Street Empreendimentos e Participações, empresa em que Adhemar aparecia como procurador, e sua mulher e filho, sócios, foi acusada pela Prefeitura de falsificar documentos para pagar um valor menor de outorga onerosa pela construção do edifício Royal Street [imagem acima], na Avenida Brigadeiro Faria Lima.

A obra foi licenciada entre 1994 e 1999, quando foi efetuado o pagamento bem abaixo do que deveria ter sido realizado. Para construir o prédio de 4,1 mil metros quadrados, a empresa deveria ter recolhido R$ 4,2 milhões, mas desembolsou apenas R$ 184 mil. Em mais de 10 anos, a fraude gerou o rombo de R$ 41 milhões, publicou a Folha em 2011.

Entre as construtoras que se beneficiaram do esquema de não pagamento dos devidos impostos à Prefeitura está a Odebrecht, investigada pela força-tarefa criada em cima da Petrobras.

Fausto Macedo, o homem da Lava Jato no Estadão, assinou reportagem na edição impressa sobre o assalto ao cunhado de Alckmin sem nenhuma linha relembrando o esquema Wall Street-Odebrecht.

Que o Estadão não dê uma linha é opção editorial, que a Lava Jato não tenha até hoje investigado e intimado o cunhado de Alckmin a depor, é uma questão a ser apreciada.

10 Comentários

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  1. Como corrupção é coisa de 4

    Como corrupção é coisa de 4 paredes, é a mesma coisa que tráfico de drogas. Você fecha uma boca de fumo num lugar, já abre duas em outros lugares… ou seja, continua, só muda de lugar. Se um poderoso traficante é morto, imediatamente já tem outro(s) no lugar… a mesma coisa é com a corrupção… não para… é muita grana. A lava jato não tem absolutamente nada a ver com combate à corrupção, muito pelo contrário, é uma ação política que dá “vida boa” para milhares de corruptos operando por aí, facilitando os roubos. Uma verdadeira operação de combate à corrupção seria realizada com o mínimo de divulgações, com nada vazando para a imprensa, setor com empresas corruptas, ex: zelotes. Fora golpistas ditadores ladrão de votos do povo brasileiro!

  2. Encontrei esta matéria do

    Encontrei esta matéria do Estadão sobre o edificio:

    ______

    Felipe Frazão e Rodrigo Brancatelli,
    O Estado de S.Paulo

    30 Agosto 2011 | 00h00

    Uma empresa do cunhado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), está sendo acusada pela Prefeitura de São Paulo de ter fraudado a área de um prédio comercial na Avenida Brigadeiro Faria Lima, na zona sul da capital, para pagar menos Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e títulos de outorga onerosa. Só de contrapartida para autorizar uma ampliação no edifício, a empresa teria deixado de pagar R$ 4 milhões aos cofres públicos.
    A Prefeitura deve pedir agora a interdição do edifício Royal Street, no número 1.739 da Brigadeiro Faria Lima, pertencente à Wall Street Empreendimentos e Participações. A empresa aparece atualmente na Junta Comercial do Estado em nome de Adhemar Cesar Ribeiro Filho, que é filho de Adhemar Ribeiro, irmão da primeira-dama Lu Alckmin.
    Na empresa, funcionários afirmam por telefone que Adhemar Ribeiro, o pai, é o dono da Wall Street – na época da fraude, de acordo com a Junta Comercial, ele era sócio-diretor.
    Ainda hoje, Adhemar Ribeiro é quem representa a Wall Street junto à Prefeitura e atua como procurador para assinar documentos, segundo funcionários do governo municipal ouvidos durante a investigação do caso.
    O prédio Royal Street foi construído em 1975, mas passou por uma ampliação na metade da década de 1990. Para isso, a empresa deveria ter pago títulos de outorga onerosa, um recurso que possibilita ao construtor o pagamento de contrapartidas financeiras para erguer edificações acima do permitido pela lei de zoneamento.
    De acordo com a Corregedoria-Geral do Município, que recebeu denúncia de que uma quadrilha forjava o pagamento de taxas, a empresa Wall Street alterou o tamanho do prédio no carnê do IPTU, com o objetivo de diminuir o cálculo das tarifas municipais.
    Assim, a Wall Street pagou R$ 184.744 de outorga onerosa, quando deveria ter desembolsado R$ 4,2 milhões em valores da época. Em números atualizados, essa cifra seria de quase R$ 10 milhões. A gestão do prefeito Gilberto Kassab (sem partido) ainda não calculou quanto a Wall Street Empreendimentos teria deixado de pagar de IPTU, cujo carnê está errado desde 1994.
    Golpe. De acordo com a Prefeitura, o rombo causado pelas empresas e despachantes que forjavam o pagamento de taxas para construção de prédios já passa dos R$ 50 milhões e pode chegar aos R$ 100 milhões. O valor da outorga onerosa não pago por dez construtoras deveria ter ido para o Fundo Municipal de Urbanização para bancar melhorias de infraestrutura na capital.
    A investigação deve ser concluída até o fim da semana, mas a Corregedoria-Geral do Município anunciou que vai abrir uma outra apuração exclusiva para descobrir empresas que tenham fraudado valores de IPTU nos últimos anos.
    O caso do prédio na Avenida Brigadeiro Faria Lima é o primeiro dessa nova investigação. A reportagem tentou contato com Adhemar e seu filho no escritório da Wall Street Empreendimentos e em suas residências, mas não obteve retorno. Procurada, a Assessoria de Imprensa do Palácio dos Bandeirantes preferiu não se manifestar.
    TRÊS PERGUNTAS PARA…
    Renata Reis, especialista em Direitos do Consumidor do Procon
    1. O que deve fazer quem já comprou um imóvel nos prédios que serão embargados?
    Quem já comprou imóvel tem direitos garantidos e pode optar pela rescisão do contrato e a devolução dos valores, com correção monetária.
    2. É possível entrar na Justiça?
    O consumidor pode pedir também danos morais na Justiça, mas o processo pode demorar. Isso porque, mesmo com ganho de causa, a execução da indenização é complicada. As empresas que estão envolvidas neste caso podem até falir por causa do rombo causado por essas irregularidades.
    3. E para evitar esse tipo de problema?
    Na propaganda do empreendimento imobiliário, deve-se buscar o número do projeto e o engenheiro responsável. A pessoa pode procurar a Prefeitura para saber em que pé está a autorização da obra. Também é preciso verificar no registro do imóvel se a autorização está averbada. No caso, a própria Prefeitura acabou dando um “ok” para obras irregulares. Se ela não provar que foi vítima também, tem de indenizar o comprador.

  3. impressionante…

    toda a picaretagem e roubalheira que acontecem no estado de São Paulo, quando investigadas, dão voltas e mais voltas  … e acabam sempre encontrando uma referência única,….  o geraldinho !

     

    e o povo elegeu essa coisa em primeiro turno . …. um horror !

  4. Como perguntar não ofende…

    Prezados,

    Seguindo a linha da breve reportagem, lembrando que perguntar é dever do repórter e do leitor atento e observador: será também uma opção editorial o Estadinho não publicar sequer uma linha sobre o processo que  lhe move a delegada da Fraude a Jato, Érika Mialik Marena, pelo fato da blogueira e repórter Júlia Duailibi ter publicado, em 13 de novembro de 2014, reportagem com fatos verdadeiros que mostravam delegados da Fraude a Jato hostilizando a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula, ao mesmo tempo que faziam campanha pelo tucano Aécio Cunha?

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