Bendine é denunciado por “intenção” de favorecer Odebrecht

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Aldemir Bendine foi acusado de exigir R$ 17 milhões em propinas e receber R$ 3 milhões destes pela Odebrecht para interesses que não foram cumpridos
 

Foto: Alex Ferreira/Câmara dos Deputados
 
Jornal GGN – O ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), na Operação Lava Jato. Bendine foi acusado de exigir R$ 17 milhões em propinas da Odebrecht e ter recebido R$ 3 milhões, em 2015, enquanto ocupava a Presidência da estatal, em troca de favorecer nos interesses da empreiteira junto a contratos. A peça, entretanto, contradiz ao apresentar supostas provas do favorecimento, indicando depois que Bendine “recuou” do propósito. 
 
Preso no dia 27 de julho na Operação Cobra, 42ª fase da Lava Jato, o ex-presidente do Banco do Brasil foi denunciado por corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro, embaraço à investigação e organização criminosa, juntamente com os empresários Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, os operadores André Gustavo e Antonio Carlos Vieira da Silva e o doleiro Álvaro Novis.
 
A denúncia do MPF sustenta que o ex-presidente da estatal solicitou propina à Odebrecht pouco antes de assumir o cargo, junto à Marcelo e Fernando Reis. Em troca, a empreiteira teria seus interesses facilitados na Petrobras, como o desbloqueio de novas contratações da companhia, após o início das investigações da Lava Jato.
 
No dia 18 de maio de 2015, Bendine teria se reuniudo com Marcelo, “ocasião em que ajustaram pagamento de propina”. Entre os indícios estão email encontrados pelos investigadores. Um deles, datado de 21 de maio, dias após a reunião revela que o Bendine teria feito “um movimento arriscado porque o Departamento Jurídico o alertou sobre a ação cautelar. Com o avanço da Lava Jato demonstrou-se muito arriscada essa atuação de Bendine, motivo pelo qual ele recuou nesses atos de ofício. O Jurídico o alertou dos riscos que a operação trazia”.
 
“Em razão da resposta do jurídico da Petrobras, com o apontamento de riscos para medidas que favorecessem a Odebrecht, Aldemir Bendine solicitou uma avaliação sobre a possibilidade de desbloqueio cautelar para contratação de todas as empresas implicadas nas investigações. Em retorno ao pedido, o jurídico da companhia, em 7 de julho de 2015, encaminhou a Aldemir Bendine apresentação de avaliação de integridade visando ao desbloqueio das empresas investigadas na Operação Lava Jato”, seguiu a peça.
 
Dessa forma, os procuradores explicitam que a suposta prática do crime não ocorreu: “Em virtude do avançar da Operação Lava Jato e dos elevados riscos pessoais a que estava exposto acaso atendesse os interesses de Marcelo Odebrecht, o denunciado Aldemir Bendine recuou em seu propósito de favorecer a empreiteira”.
 
Entretanto, o ex-presidente da estatal teria recebido, junto com André Gustavo e Antônio Carlos o “importe de R$ 3 milhões”, indicou o documento. O repasse seria “em atendimento ao ‘quid pro quo’ (tomar uma coisa por outra)”, no qual o ex-executivo ajudaria a empreiteira dentro da Petrobras.
 
Entre as situações, foram apontadas as seguintes intenções de Bendine: “(1) ao desbloqueio da cautelar que impedia novas contratações da Odebrecht Óleo e Gás; e (2) a contratação direta do Estaleiro Paraguaçu ou a constituição de sociedade de propósito específico para viabilizar o contrato e atender aos interesses de Marcelo Odebrecht”. As intenções, por outro lado, não foram efetivadas, comprometendo a peça acusatória do MPF. 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

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  1. Prender o Bendine em 2017,

    Prender o Bendine em 2017, por atos cometidos ou pretensamente a cometer em 2015, em si, são acusações vazias de qualquer propósito, a não ser o polítiqueiro de sempre. O Bendine esteve à frente do BB por muitos anos e não há qualquer acusação contra a sua administração, a não ser essa, agora “ressucitada”; foi deslocado pela Dilma para a Petrobrás, exatamente para “fechar-a-boca-dos-de-sempre” e continuar o trabalho de saneamento começado pela Graça. Então, nada há contra ele. Duvido-e-de-o-dó de que o mpfezinho tenha qualquer prova em relação aos falados 3 milhões. E, sobre o e-mail publicado no texto, vê-se que a questão não era “ajudar” quem quer que seja, mas, como bom gestor (com g) que é, buscar formulações juridico-legais que pudessem manter a empresa funcionando. Afinal, desde quando, um administrador pede ao serviço jurídico do negócio para verificar se pode “propinar”? Mais do mesmo, mais GOLPE desMoronado. Mas, como estão todos acumpliciados, tanto que o único “santo” é o temerista-GOLPISTA-ladrão (né, dona carmencita?), curitiba apequena-mesquinhada e o escambau vai “sorteando” os seus presos sem que nada mude nas demais esferas do (in)judiciário: nem o trf-candycandy, muito menos o anoronhado do cnj (se é que ainda existe).

    1. Também tenho essa

      Também tenho essa percepção.

      É muito improvável que um presidente de uma empresa vá

      consultar seu departamento juridico caso quisesse envolver-se

      em corrupção. Aliás foi justamente para não se envolver que

       Juridico foi consultado, ora.

  2. Faltou um pouco de classe ao

    Faltou um pouco de classe ao presidente de duas estatais tão grandes e emblmaticas. “Exigir” propina é achaque, baixaria.

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