Contadora e informante infiltrada da Lava Jato é ouvida oficialmente, por Marcelo Auler

Do blog de Marcelo Auler

Enfim, a contadora e informante infiltrada da Lava Jato foi ouvida oficialmente
 
Marcelo Auler
 
Enfim, a contadora falou. Por mais de quatro horas seguida, Meire Bonfim da Silva Poza, que entre 2012 e 2014 trabalhou como contadora do doleiro Alberto Youssef, pela primeira vez prestou um depoimento oficial. Nele, narrou seu envolvimento com o doleiro e deu detalhes de como se aproximou da Força Tarefa da Operação Lava Jato tornando-se uma verdadeira “infiltrada” entre os investigados. Depois, tornou-se oficialmente testemunha do juízo a pedido do titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro.

Foi uma relação extremamente heterodoxa, sem registros oficiais. Mas muito intensa. A tal ponto que delegados e agentes federais queriam instalar um microfone subcutâneo para ela gravar todas as conversas, sem necessidade de transportar aparelhos escondidos. Ela recusou a proposta por medo. Hoje, Meire se sente abandonada pelos policiais federais que imaginava que tinham se tornado “amigos”. Foi intimada a prestar depoimento em um inquérito no qual suspeita que será indiciada e confessou ter medo de retaliações que possam atingi-la ou à sua filha. Pediu oficialmente proteção.

O depoimento de Meire, ainda mantido em reserva, foi prestado na segunda-feira à tarde (30/05), no gabinete do procurador regional da República de São Paulo, Osório Barbosa. Contou com a participação/assistência do advogado Humberto Barrionuevo Fabretti, doutor em Direito, criminalista, professor de Direito Penal da Faculdade Mackenzie, em São Paulo, e membro do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim).

O encontro foi feito a partir de uma iniciativa deste blog. Quando, na semana passada, nos encontramos pessoalmente com Meire, ela lamentou que todos que lhe procuraram “tiraram uma casquinha de mim e nada fizeram para me ajudar”. Falou dos seus receios e medos e da vontade de ter algum tipo de proteção. Diante disto, recorremos ao procurador Barbosa, que conhecemos desde os anos 90 quando ele atuava em Manaus, na primeira instância. A ideia era tomar a termo o que ela tinha a dizer e depois distribuir o depoimento aos órgãos que possam tomar providencias.

Ao advogado Fabretti chegamos através de amigos comuns e ele se dispôs a acompanhar a causa gratuitamente. Ele a acompanhará nesta quinta-feira à Superintendência do DPF em São Paulo.

Até então Meire contava com o auxílio do advogado Haroldo Nater, de Curitiba, que também a atendeu gratuitamente. Foi ele, como falamos na reportagem “Quem com ferro fere… Força Tarefa da Lava Jato pode tornar-se alvo de delação premiada”, em 30 de abril, quem encaminhou ao então ministro da Justiça, Eugênio Aragão, cópia de mensagens que Meire trocou quando era colaboradora infiltrada da Força Tarefa da Lava Jato.

Além das mensagens divulgadas pela revista CartaCapital, na edição com data de capa de 27 de abril, que circulou a partir na sexta-feira, dia 22/04, com a reportagem “Os segredos de Meire“, o advogado entregou outras. Mas não levou e-mails como os que a revista teve acesso. Neles estão diálogos entre Meire agentes e delegados federais, além de procuradores da República. Alguns mostram uma relação mais intima do que a normal entre uma informante de agentes do Estado. Ela tem, inclusive, como consta da revista, fotos pessoais destes agentes, entre as quais a do delegado federal Márcio Anselmo Adriano fantasiado de MC.

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Redação

4 Comentários

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    1. Nao.

      O “sigilo” ja o diz.

      Em outra nota, lembrete a todos que jamais tiverem que lidar com policia federal:  essa doutrina de gigolagem que voces estao vendo na pf do Brasil veio direto dos Estados Unidos.  Eh padrao aqui.

  1. tem mais é que se estrepar mesmo…

    esse tipo de informante só tem uma função: destruir ou neutralizar a inocência de qualquer um

    de minha parte surpresa nenhuma caso venha à lume que é informante velha de guerra, veterana

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