Corregedoria se contradiz só para salvar procurador denunciado por Lula

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Cassiano Rosário/Futura Press
 
 
Jornal GGN – A manifestação que a Corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público emitiu sobre a denúncia que o ex-presidente Lula fez contra o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima guarda contradições. Ao mesmo tempo em que afirma que o membro da Lava Jato não denegriu a imagem de Lula nem cometeu nenhuma violação funcional, recomenda que ele pare de falar de política nas redes sociais e na esfera privada também, pois fazer “juízo de valor” sobre políticos e partidos investigados acaba com a “credibilidade” e “isenção” do Ministério Público.
 
Lula moveu a ação contra Santos Lima após ser citado em duas postagens no Facebook. Uma dizia que é estratégia de defesa de Lula e de outros denunciados atacar os membros da força-tarefa. O outro texto tinha a pretensão de explicar o funcionamento de organizações criminosas e cita o ex-presidente como comandante de uma.
 
Para salvar Lima de qualquer sanção, a Corregedoria afirmou que fez um “acurado exame” e não enxergou nas postagens do procurador “manifestação de preferência ou desapreço dirigido especificamente a um candidato ou a um partido político, a sugerir, ainda que de forma tangencial, eventual exercício de atividades de natureza político-partidária, vedado expressamente aos membros do Ministério Público.”
 
“Na verdade, colhe-se cometários e opiniões pessoais do reclamado acerca de situações de ampla divulgação na imprensa, algumas das quais se encontram judicializadas, inclusive com pronunciamento do Poder Judiciário por meio de sentenças de mérito proferidas. (…) Trata-se de exercício legítimo e constitucional da manifestação do pensamento, sem o condão de atacar, de forma dirigida e pessoal, o reclamante [Lula].”
 
Na mesma manifestação, contudo, a Corregedoria diz que não cabe ao procurador usar a visibilidade que adquiriu com a Lava Jato para fazer comentários sobre os políticos e partidos investigados.
 
“(…) vislumbra-se oportuno e necessário recomendar ao reclamado, especialmente
considerando sua condição e visibilidade como integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato, que se abstenha de emitir juízos de valor, por meio de redes sociais e na esfera privada,
em relação a políticos, partidos políticos e pessoas investigadas e/ou acusadas pela referida
força-tarefa, fundamentalmente em ordem a preservar a integridade, a solidez, a isenção e a
credibilidade como valores reitores no escorreito exercício das funções ministeriais.”
 
O despacho do promotor Lucas Danilo Vaz Costa Júnior, membro auxiliar da Corregedoria Nacional, está em anexo.
 
Reclamação Disciplinar nº 1.00659/2017-01
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

13 Comentários

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  1. Nos vemos isso…
    Os bandidos

    Nos vemos isso…

    Os bandidos e canalhas também vêm isso!

    Isso é uma injeção na veia no mundo da bandidagem!

    Depois vai ser somente policial morrendo baleado!

    O bandido não vai aceitar ser preso com tanto canalha ditando ordens…

  2. Hipocrisia

    Que credibilidade e isenção tem esse MP ? A única coisa que eles tem é pura hipocrisia.Nem vou detalhar aqui para não correr o risco de passar da conta, ainda que tudo que eu tenha vontade de dizer seja verdade. Mas infelizmente a verdade não faz mais diferença nesse país…

  3. Hipocrisia

    Que credibilidade e isenção tem esse MP ? A única coisa que eles tem é pura hipocrisia.Nem vou detalhar aqui para não correr o risco de passar da conta, ainda que tudo que eu tenha vontade de dizer seja verdade. Mas infelizmente a verdade não faz mais diferença nesse país…

  4. Basta pedir desculpas

    Se a Lei fosse para todos, qualquer ilícito se encerraria com um “pedido de desculpas” ou uma mera “recomendação”, PARA QUALQUER CIDADÃO. Mas isso não é verdade na nossa República das Bananas. Extingue-se punibilidade dessa maneira somente para algumas pessoas. Jessé de Souza é uma leitura imprescindível a esses tempos de Golpe de Estado.

  5. Corporativismo

    É o exemplo perfeito e acabado do resultado do corporativismo. As decisões desse colegiados, em se tratando representações contra as figurinhas carimbadas da Lava Jato, são um misto de hipocrisia, cinismo, contradições e falácias, muitas falácias. Outro exemplo clássico recente foi a decisão do TRF4 ao julgar a representação contra Moro a respeito das divulgação das escutas da presidente Dilma e Lula, ao proferirem a pérola: “tempos excepcionais requerem medidas excepcionais” para assim negarem vigência a lei e absolverem o Dr. falácius.

    O interessante é que o que antes passava quase desapercebido, agora, na era da propagação da informação em tempo real, essas safadezas têm sido exibidas de forma explícita na cara de todos, gerando indignação coletiva cada vez maior. Estão brincando com fogo…

     

     

  6. que falta faz um Robespierre…

    com um cnmp leniente que só falta mandar o indigitado sentar num banquinho no canto da sala pra pensar no malfeito. Um sujeito abjeto como este ja devia ter sido defenestrado desde o caso banestado, onde sua esposa estava diretamente envolvida e ele era um dos responsaveis pelo inquerito que todos sabem, nao deu em nada porque tinha tucanagem no pedaço. 

  7. A solução para essa falta de

    A solução para essa falta de respeito pelas leis e constituição, por quem deveria defende-las, passa – mais cedo ou mais tarde, por um pelotão de fuzilamento. 

  8. A explicação da Corregedoria

    A explicação da Corregedoria só comprova o que já se sabe: são todos farinha do mesmo saco.

    O que precisa acontecer no nosso País é uma reforma urgente no sistema judiciário. Os magistrados e até esses pelegos – todos os feitos-nas-coxas não podem exercer seus cargos – de nenhuma maneira minimamente aceitável, se seus períodos de atuação não forem por um período de uns quatro anos – no máximo – com um também máximo de renovação por outros quatro anos, se suas atuações no primeiro período forem notadamente perfeitas, recomendando apenas esta única prorrogação. E fim de papo!

    Ninguém mais irá pra lá pelo resto da vida, porque “passou” no “concurso”. Seu pai, tio, padrinho, amigo do seu pai (ou da sua mãe)… não terão força para lhes dar de presente essa tão ridícula eternidade no Serviço Público.

    Ou um grande Senador, ou Deputado consegue legislar a esse respeito (com certeza, com o apoio de imensa maioria do povo brasileiro), ou essa bandalheira será cada vez maior.

    Quem viver verá.

  9. Bandida protege bandido, ora!

    Esse MPF está eivado de criminosos e essa ORCRIM Fraude a Jato, que assola também aas outras instituições do sistema judiciário (polícia e poder judiciário, ou seja, policiasi e juízes), é  mais acntosa e desavergonhada delas.

    E numa instituição comandada pelo crime organizado é natural que uma integrante da ORCRIM proteja os comparsas. Nenhuma surpresa nesa blindagem conferida a esse procurador criminoso, esse boquirroto ‘cu-de-frango’.

  10. Ora, “O outro texto tinha a

    Ora, “O outro texto tinha a pretensão de explicar o funcionamento de organizações criminosas e cita o ex-presidente como comandante de uma”. Se isso não for ofensivo, eu não sei mais o que é.

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