CPI de Brumadinho: auditor de segurança usa habeas corpus para ficar em silêncio

Engenheiro de contratada para inspecionar barragens argumentou que prestou “oitivas longas” à polícia e Ministério Público, sendo aconselhado pelos advogados a permanecer em silêncio

Jornal GGN – Um engenheiro da empresa alemã Tüv Süd, contratada pela Vale para inspecionar as barragens e produzir laudos que pudessem atestar ou não a segurança das estruturas, levou um habeas corpus ao Senado para permanecer em silêncio durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada para apurar as causas do rompimento da barragem na Mina Córrego do Feijão.

A tragédia aconteceu no dia 25 de janeiro e causou 232 mortes, número que pode ser maior – desaparecidos ainda são 40. Segundo informações da Agência Senado, a CPI de Brumadinho realizou sessão na tarde desta terça-feira (23) para ouvir três convocados, entre eles o engenheiro da Tüv Süd.

Logo no início da sessão, o auditor da empresa alemã apresentou o habeas corpus para permanecer em silêncio. Segundo ele, já teria prestado “oitivas longas e complexas” à polícia e ao Ministério Público, e foi aconselhado pelos seus advogados a permanecer em silêncio.

A postura suscitou críticas dos parlamentares na CPI. A senadora Juíza Selma (PSL-MT) pontuou que o silêncio do depoente angariou a “antipatia de todas as pessoas”. Ela tentou fazer várias perguntas, mas o engenheiro permaneceu calado.

O relator da CPI, senador Carlos Viana (PSD-MG), da mesma forma foi ignorado. Ele perguntou ao auditor se as ações da Vale foram as adequadas tendo em vista um suposto vazamento em uma de suas barragens ainda em junho de 2018 e, ainda, sobre o risco de cancelamento do contrato da Vale com a Tüv Süd em caso de a empresa contratada negar o atestado de segurança para a barragem do Córrego do Feijão.

A sessão também ouviu um geólogo e um engenheiro, ambos da Vale. O primeiro negou que soubesse do risco de rompimento da barragem B1 (no Córrego do Feijão). Já o segundo confirmou que foi feita uma apresentação para a Vale sobre os riscos das barragens da empresa que citava a barragem B1.

O senador Jorge Kajuru (PSB-GO), que presidiu a reunião, disse que a CPI quer “separar os lambaris dos tubarões”. Ele pediu para o engenheiro pensar em sua própria família e deixar o silêncio de lado. Kajuru disse que os convocados “protegem a Vale e seus colegas” e está claro que “a Vale está pagando advogados e conquistando habeas corpus”.

*Com informações da Agência Senado.

Redação

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