Cresce suspeita de que assessores de Flávio Bolsonaro devolviam parte do salário

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Alerj
 
Jornal GGN – O Jornal Nacional da noite de terça (11) fechou um pouco mais o cerco em torno de Flávio Bolsonaro, deputado estadual, senador eleito pelo Rio e filho do futuro presidente Jair Bolsonaro. A suspeita é de que os assessores que trabalham no gabinete de Flávio, na Assembleia Legislativa do Rio, eram obrigados a devolver parte do salário.
 
Os recursos eram supostamente recolhidos por Fabrício Queiroz, que até outubro passado era ex-motorista e ex-segurança pessoal de Flávio Bolsonaro. 
 
Fabrício foi pego pelo Coaf movimentando, só em 2016, R$ 1,2 milhão em “transações financeiras atípicas”. Naquele ano, ele repassou R$ 24 mil para a futura primeira-dama Michelle Bolsonaro.
 
No total, são 9 os funcionários do gabinete de Flávio que fizeram depósitos em espécie na conta administrada por Fabrício.
 
“O JN fez o cruzamento das datas dos depósitos feitos em dinheiro nas contas do ex-assessor com os dias de pagamento dos salários da Alerj entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Em praticamente todos os meses, a maior parte do dinheiro entra na conta de Queiroz no mesmo dia ou poucos dias depois de os servidores receberem o salário”, informou O Globo.
 
Segundo o jornal, há suspeita de que os descontos ocorriam até sobre o 13º salário.
 
 
A Folha de S. Paulo já havia antecipado, na manhã do dia 11, a hipótese de que o esquema no gabinete envolvia devolução de parte dos salários, com a operação centralizada por Fabrício, que é amigo da família Bolsonaro há mais de uma década. 
 
De acordo com a Folha, é comum, embora ilícito, que parlamentares recolham parte do salário dos assessores para investir em campanhas eleitorais ou despesas dos partidos. Fabrício recebia R$ 8,5 mil por mês e, segundo o Coaf, não tinha renda nem patrimônio para movimentar R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
 
Ainda de acordo com o Coaf, Fabrício tinha conta “conta de passagem”, onde depósitos eram feitos em espécie. Poucos dias depois ou no mesmo dia, ele sacava o dinheiro também em espécie em agências bancárias, inclusive numa dentro da própria Alerj. A tática dificulta a descoberta da origem e do destino dos valores movimentados.
 
Até o momento, Flávio Bolsonaro lavou as mãos em relação ao ex-assessor. Ele admitiu que Fabrício é homem de confiança há anos e negou que conheça qualquer fato que “desabone” o ex-motorista. Bolsonaro também disse que foi o próprio Fabrício quem pediu exoneração do gabinete para dedicar-se à aposentadoria na Polícia Militar.
 
Contudo, a imprensa também revelou que no mesmo dia em que Flávio Bolsonaro demitiu Fabrício, o presidente eleito Jair Bolsonaro também exonerou a filha de Fabrício, Nathália Queiroz, que estava lotada em seu gabinete desde 2016. Antes disso, Nathália trabalhava para Flávio Bolsonaro. Ela também teria feito depósitos para Fabrício.
 
Procurado, Jair Bolsonaro disse que os R$ 24 mil para Michelle Bolsonaro era uma parcela do pagamento de um empréstimo a Fabrício, que totalizou R$ 40 mil.
 
O Ministério Público Federal não confirma nem nega que Flávio Bolsonaro esteja ou venha a ser investigado por conta das revelações do Coaf.
 
A investigação sobre os assessores é de competência do Ministério Público do Estado do Rio.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

20 Comentários

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  1. ….esperaram a eleição
    ….esperaram a eleição passar pra gritar pega ladrão….ah se fosse o Lula o rato pego na ratoeira …e saber que o COAF agora numa situação bizarra sai do MF e vai para as asas do Moro, aquele político que vivia disfarçado de juiz….o Mecanismo consiste em destruir este país e deixa lo por pelo menos uns 70 anos no miserê e sob comando dessa turma de “honestíssimos”….basta um carimbo de honesto na testa, o Moro vai bater os carimbos…..e açoitem Lula, o bode expiatório, que teve a ousadia de colocar este país no concerto das nações…o golpe das oligarquias estrangeiras, com apoio do conluio midiático penal foi dado para nos relegar à condição de país escravo fornecedor de materias primas: talvez agora sem retorno….

  2. são mesmo do baixo clero como escreveu o Nassif:

    fez acordo com o Edir e possivelmente o Mourão já o fez com os Marinhos. Sendo assim, volta a hierarquia militar: general no gabinete e capitão no pátio. No andar da carroça só vão sobrar para as maracutaias de gabinete e alguns acordos no RJ

  3. À Caminho da Glória…

    Nassif: sei não, mas acho que descobriu-se mais uma Igreja vangélia. A Igreja do Messias. Que não dispensa contribuição. Só que a taxa é de 30%.

  4. Devolucão seria entregar o
    Devolucão seria entregar o dinheiro no caixa da ALERJ, que é quem paga os salários com dinheiro de nossos impostos. Isso ai tem outro nome e é crime grave.

  5. Cinismo descarado…..
    Foi a
    Cinismo descarado…..

    Foi a alegação utilizada pra acabar com o mais médicos………..

    E fazem pior……..

    Como digo…..falta espelho na casa dessa turma……talvez por que a imagem refletida seja horripilante……….

  6. Peraí, peraí!!! Num elegero o

    Peraí, peraí!!! Num elegero o bolsonar porque ele sendo militar era incorruptível??? Pois é, taí prova em contrário. A corrupção não escolhe partido nem instituição. Vai pelo caminho mais fácil, a frouxidão do caráter dos “home”. Né não, Sérgio?????

  7. Colocando as coisas em perspectiva

    Essa prática é antiga. É o famoso “rachide”. E ela é ilegal. Mas não deveria ser.

    Se eu sou assessor do deputado, eu tenho todo interesse em que o deputado seja reeleito. Nada mais natural do que me dispor a contribuir pesadamente para as finanças da própria campanha. Se eu sou deputado, eu tenho um problema grave: todos os meus vencimentos durante um mandato de quatro anos, somados, não pagam uma campanha eleitoral. Ou eu me vendo para algumas empresas, propondo legislação do interesse delas em troca de contribuição de campanha, ou eu preciso ter algum outro esquema de arrecadação. Arrecadar parte dos vencimentos dos meus assessores é um dos menos lesivos que eu posso imaginar.

    Mas nós vivemos no país da hipocrisia. Queremos ter deputados que ganhem pouco, mas não vemos nenhum problema em campanhas eleitorais milionárias. Enfim, queremos que paguem para trabalhar.

    E depois nos espantamos que os políticos usem da “criatividade” para conseguir financiar suas carreiras.

    Agora, os Bolsonaros fazem parte dessa hipocrisia, e parte consciente e safada. Condenam nos outros o que eles também fazem, e que sabem muito bem que é necessário fazer, se opõem a qualquer medida que possa tornar transparente a campanha eleitoral, como o fundo público de campanha, e fazer passar essa oposição por “combate ao sistema”.

    Eles são criminosos políticos, e estão perpetrando um gigantesco crime político – a destruição da democracia brasileira. E esse é o crime que precisa ser combatido.

    1. A pedofilia é ilegal
      Entretanto o pedófilo acha que a pedofilia não deveria ser ilegal.
      A zoofilia é imoral. O Bolsonaro acha que a zoofilia não tem nada de imoral.
      Vai lamber sabão, bolsominion

      1. Idiotice

        Olha, Rui, eu tenho um histórico bastante longo de contribuição aqui para você saber que eu não sou um bolsominion.

        Os Bolsonaros são criminosos políticos, como eu deixei bem claro no meu post. Acho que bolsominions não concordariam com essa caracterização.

        Agora, o moralismo rasteiro foi o que nos trouxe até esta situação. O PT cultivou durante muito tempo esse tipo de moralismo, repercutindo acusações moralistas contra os políticos burgueses e permitindo ao “combate à corrupção” uma centralidade que nunca deveria ter tido. Como ninguém governa o Brasil sem maioria no parlamento, e como ninguém consegue maioria no parlamento sem práticas fisiológicas, o PT, quando chegou ao governo, passou de estilingue a vidraça.

        O bolsonarismo vai passar. Mas é função dos partidos políticos educar a população, e isso inclui desmistificar “a corrupção”, parando de transformá-la num fetiche, por que o “combate à corrupção” entendido como uma cruzada moral pela erradicação do mal inviabiliza a governabilidade do país. Ou se faz isso, ou o bolsonarismo passa, mas depois volta, com outro nome e outro retrato em 3×4, reeditando outra vez Jânio, Collor, e o coiso.

        Ficar fazendo escândalo em relação ao rachide, em particular, é uma estupidez, por que vai levar imediatamente à perseguição dos deputados de esquerda, com investigações descabidas sobre as atividades dos gabinetes. Se você, a esta altura, ainda não entendeu, A JUSTIÇA NESTE PAÍS É SELETIVA – motivo pelo qual só políticos de esquerda serão condenados por práticas que são comuns a todos os políticos.

        1. A população é que deveria educar os partidos
          Leia, por favor, as Teses de Marx contra Feuerbach.
          Desculpa se eu fui grosseiro com você. Se alguém erra, basta admitir e pedir desculpa e o $érgio Moro perdoa tudo.

          1. Já li, é bom.

            Mas não precisa pedir desculpas. Basta ler o comentário inteiro antes de responder.

            E se você prefere, eduquemos os partidos. Alô, partidos, não estamos interessados em patrulhamento das relações entre deputados e assessores. Queremos que os políticos sejam julgados pelos eleitores, não pelo judiciário, por que o judiciário ninguém controla mais.

      1. Ele já faz o rachide, Rui.

        Ele já faz o rachide, Rui. Chama-se mais valia…

        Assessor de deputado não é apertador de parafuso, é membro de um projeto político. Se vai considerar o deputado como patrão, portanto como inimigo, não deveria ser assessor dele.

        Mas ao ponto: a criminalização da política nos trouxe até aqui. Você tem certeza de que quer mais criminalização da política ainda?

        A mim parece que isso só serve aos militares, que querem tutelar o governo – e por tabela, a sociedade – e aos oportunistas que querem ainda mais radicalismo e violência, como Janaína Paschoal e Alexandre Frota.

  8. Inteligência
    Expedientes desta categoria no contraditório é marca registrada de fanáticos políticos partidários tanto de direita como de esquerda. A reação raivosa é previsível. Não me atinge os respingos da intolerância. Coxinha? faz-me rir.

    1. Você priorizou o secundário
      A parte principal do meu comentário não é a sua burrice, é o se consolo.
      Diz-se que quando as raposas perdem seus rabos nas armadilhas da vida, ao invés de prevenirem as outras, elas querem vê-las perder também.

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