Decisão do STF sobre Bolsonaro legitima o racismo no Brasil, diz professor

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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O professor Adilson repudia julgamento do que é racismo por pessoas brancas, como o ministro Alexandre de Moraes, que disse que Bolsonaro cometeu ‘grosseria’ (© JUSTIFICANDO – SCO/STF)

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da Rede Brasil Atual

‘Decisão do STF sobre Bolsonaro legitima o racismo no Brasil’, diz professor

Autor de “O que é Discriminação?”, Adilson Moreira critica voto do ministro Alexandre de Moraes, que disse que o candidato foi apenas “grosseiro”: “Relativiza o racismo e a moral de pessoas negras”

por Felipe Mascari, da RBA

São Paulo – A decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de rejeitar a denúncia por racismo contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) é alvo de críticas. Para o professor de Direitos Humanos e doutor em Harvard Adilson José Moreira, a decisão mostra que ódio racial é livre e que não há proteção de direitos das pessoas negras.

Autor da obra “O que é Discriminação?”, em parceria com a Editora Letramento, o professor afirma a decisão legitima o racismo. “Ela acompanha milhares de outras decisões acerca do racismo, na qual o Judiciário, um poder controlado por homens brancos, referenda a ideia de que o crime de racismo não tem punição”, critica.

O Supremo julgou uma fala do deputado federal durante uma palestra palestra no Clube Hebraica do Rio de Janeiro, em abril do ano passado, na qual fez a seguinte afirmação: “Fui em um quilombola (sic) em Eldorado Paulista. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador eles servem mais”.  A denúncia foi apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e dizia que o candidato “destilou ódio”. A defesa do político argumenta que foi uma “piada”.

“Brancos podem ser racistas desde que seja na forma de ‘humor’. Se for um racismo em tom jocoso, (para eles) não tem problema, mas ainda é uma expressão de desprezo e ódio”, critica o docente.

Nesta terça-feira (11), por três votos a dois, os ministros entenderam que o deputado não cometeu o crime, porque estava protegido pela liberdade de expressão e, alegando ainda a imunidade parlamentar de Bolsonaro, arquivaram o caso.

O professor Adilson classifica como “problemático” o fato de juízes brancos julgarem o que é racismo. “As pessoas julgam casos a partir de uma posição jurídica, mas também de uma posição subjetiva. Todos aqueles juízes são brancos, heterossexuais, de classe média alta, que nunca sofreram preconceito. Quando você está numa posição de privilégio, você não tem conhecimento das consequências psicológicas e sociais que isso tem na vida das pessoas”, afirma.

Outro ponto criticado pelo especialista é o voto do ministro Alexandre de Moraes, que classificou a declaração de Bolsonaro como “grosseria”. “Ele relativiza o racismo e também a moral das pessoas negras. Ele considerar que afirmar que ‘negros não são cidadãos’ é apenas mera grosseria é uma violação aos preceitos básicos dos direitos humanos.”

Por fim, o professor alerta que a decisão terá impacto nas eleições presidenciais deste ano, já que, segundo ele, o STF endossou a construção da “agenda do ódio” construída por Bolsonaro contra grupos minoritários. “Os eleitores deles querem argumentos para manter seus privilégios e isso depende da continuidade do racismo, do sexismo e da homofobia”, lamenta.

 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

9 Comentários

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  1. O STF já tinha LEGITIMADO o

    O STF já tinha LEGITIMADO o racismo no BRASIL  ..misturando o SER com o ESTAR  ..quando aprovou as cotas RACIAIS (em detrimento das sociais)

    Com Bolsonaro ficou legalizado a OFENSA RACIAL ..que vinda dum líder político alcança uma IMPORTÂNCIA muito maior do que se partida dum torcedor de futebol

  2. Sinceramente… não sei o que

    Sinceramente… não sei o que é pior… juízes brancos julgando um branco por racismo ou juiz negro servindo a casa grande. Acho que o juiz negro servindo a casa grande é mais vergonhoso. 

    1. verdade!!

      Lula e o Pt deram a chance dos negros se posicionarem e chegou a STF. Barbosa, preto, preferiu ser herói da midia e da sociedade que oprime seus irmãos. Se é que o Batmam os consideravam seus irmãos!! 

  3. Racismo de BOÇALNATO

    ” O tratamento desrespeitoso dirigido às mulheres, aos negros, indígenas, homossexuais, o culto à violência, a agressão contra adversários, a defesa da tortura e de torturadores, constituem manifestações que devem ser combatidas por aqueles que acreditam nos princípios civilizatórios que possibilitam a existência de uma sociedade democrática e plural.” texto do grupo de mulheres contra Bolsonaro.

    Infelizmente a primeira turma do STF, com o voto decisivo do ministro Alexandre Moraes não pensa assim, e por maioria votou pela proteção de um criminoso racista, misógino, machista, homofóbico e fascista que prega o ódio e a violência, inclusive contra ele mesmo, visto que foi atacado por seus pensamentos.

    O STF será responsável pelo que vier a acontecer doravante quando a turba seguidora de Boçalnato se achar no direito de agir como seu líder fascista e inescrupuloso.

  4. Tal qual um receptador, o Bolsonazi nunca fez mal a ninguém

    Receptadores não fazem mal a ninguém… diretamente. Diretamente, os receptadores apenas aquecem a economia, com suas compras e vendas.

  5. Um peso para o Willian Waack e uma medida para o Bolsonaro

    Porque usam um peso ( arroba=@ ) para o Willian Waack e uma medida ( cova rasa do Severino ) para o Bolsopata?

  6. Decisao do STF sobre Bosonaro legitima o racismo

     As cotas raciais sao uma forma digna de inclusao social , principalmente  no Brasil pais escravagista e que tem uma das piores concentraçaoes de riqueza no mundo. Falar em discriminaçao do negro contra o branco no Brasil e caso de internaçao compulsoria  no hospicio mais proximo que se encntrar. E ja que falamos em concentraçao de riqueza tambem foram criadas cotas para  os sem renda, porem os racistas nao comentam isso. Pois sabem que  nessa classe de pessoas entram muitos brancos

  7. Ainda é assim

    O Brasil sempre foi assim: do compadrio, do tipo nos olhos dos outros é refresco, racismo é bobagem, coisa de agitador social etc. Esperar que os iluminados do Supremo tenham altura moral, visão societal e capacidade intelectual para entender as mudanças necessarias para que possamos enfim fazer parte do “marco civilizatorio”. Como ? Se eles estão imersos nesse meio do compadrio e do passar as mãos na cabeça? Até em discurso para homenager Joaquim Barbosa, o iluminista e marco civilizatorio do Supremo, Luis Roberto Barroso, foi, como dizer? Preconceituoso? Racista.

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