Defesa de Pizzolato tem estratégia pronta e se baseia em Direitos Humanos

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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De O Globo

Defesa de Pizzolato estabelece estratégia para livrá-lo da extradição

  • Advogado vai argumentar que Brasil desrespeitou a Convenção Americana Sobre Direitos Humanos
  • Pacto diz que toda pessoa acusada de delito tem direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior

JULIANA CASTRO


Henrique Pizzolato foi condenado no processo do mensalão
Foto: Ana Branco / Arquivo O Globo - 14.02.2008

Henrique Pizzolato foi condenado no processo do mensalão Ana Branco / Arquivo O Globo – 14.02.2008

RIO – A defesa do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato na Itália estabeleceu as estratégias que vai usar para tentar livrá-lo da extradição pedida pelo governo brasileiro. Entre seus argumentos, o novo advogado de Pizzolato, o criminalista Alessandro Sivelli, vai dizer que o Brasil desrespeitou a Convenção Americana Sobre Direitos Humanos, conhecida como Pacto de São José da Costa Rica, da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Um dos tópicos do artigo 8 do pacto, sobre garantias judiciais, diz que toda pessoa acusada de delito tem direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior. Outro artigo, o 25, estabelece que os Estados Partes se comprometem a desenvolver as possibilidades de recurso judicial. O Brasil promulgou a convenção em 1992.

Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão a 12 anos e 7 meses de prisão por formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro, Pizzolato não teve direito aos embargos infringentes, uma espécie de segundo julgamento na Corte. O recurso é permitido somente para condenados que obtiveram ao menos quatro votos pela absolvição no crime pelo qual foi julgado, o que não foi o caso do ex-diretor do BB.

Pizzolato fugiu do Brasil em setembro de 2013 e foi para a Itália com um passaporte italiano falso no nome do irmão, Celso, morto em 1978. O ex-diretor do BB foi preso em Maranello, no Norte da Itália, em 5 de fevereiro. Cidadão italiano, ele permanece encarcerado enquanto a Itália não dá resposta ao governo brasileiro sobre o pedido de extradição. Sivelli está se aprofundando sobre o funcionamento do Supremo, uma vez que isso é tido como base fundamental para a defesa na Itália. O advogado vai comparar como funcionam os julgamentos de mesmo parâmetro nos dois países.

Outro ponto a ser abordado pelo advogado será o de que um mesmo magistrado – o presidente do Supremo, Joaquim Barbosa – participou de todas as fases do processo do mensalão. A defesa entende ser um absurdo que o juiz que julga a ação tenha participado também de toda a fase de investigação.

Julgamento na Corte Interamericana

No fim de janeiro deste ano, a Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA julgou um caso que pode abrir precedentes para recursos dos condenados do mensalão na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Só chegam à Corte casos encaminhados pela comissão.

Ao tratar do caso do ex-ministro das Finanças do Suriname Liakat Ali Alibux, a Corte entendeu que o país desrespeitou o Pacto de São José da Costa Rica. Alibux tinha direito a foro privilegiado, foi julgado pela Alta Corte de Justiça do Suriname e não teve direito a recursos, num sistema semelhante ao que ocorreu com os condenados no mensalão. A sentença da Corte Interamericana diz que o Estado deve se organizar para garantir a quem tem foro privilegiado o direito ao recurso.

“A Corte tem considerado o direito de apelar da decisão como uma das garantias mínimas que toda pessoa que é submetida a uma investigação e processo penal tem”, pontua trecho da sentença do caso do Suriname.

O Brasil reconhece a jurisdição da Corte desde 1998.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

6 Comentários

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  1. Pizzolato é inocente

    Que ele tenha um julgamento justo por lá, pois aqui seria impossível, claro que isso(julgamento na Itália) não será fácil, pois a Globo tem seus tentáculos por lá, vamos ver no que vai dar

  2. Se Pizzolato for extraditado

    Se Pizzolato for extraditado estará, também, fumado. É até provável que ele vença José Dirceu em matéria de perseguição e abuso dos trogloditas justiceiros. Tomara Deus que Pizzolato tenha um destino um pouco melhor que os réus petistas. E que a Corte Interamericana de Direitos atenda os pedidos dos réus do Banco Rural dando uma lição nessa cambada de ministros saguinários.

  3. Será que é muito impraticável

    Será que é muito impraticável que todos advogados de todos réus dessa aberração trabalhem em conjunto para obtenção desse julgamento internacional ? Há muito em comum no trato de todos eles, principalmente esses que nem sequer são políticos. Devem haver muitas dificuldades econômicas, já que as multas se incumbiram de estorquir-lhes muito dinheiro. Os advogados precisavam colaborar um pouco, reduzindo seus custos em prol da justiça. Precisavam fazer certa propaganda do caso, torná-lo mais visível ao mundo. De alguma forma esses juizes têm que ser julgados e sabido o que eles fizeram, foi muito grave, bem semelhante ao caso Dreyfus.

  4. Direitos Humanos é para defender causas nobres

    Pizzolato é um dirigente sindical que fez carreira no Banco do Brasil, inclusive na época tucana. Sua fuga vinha sendo planejada por ele mesmo desde 2005, com separação de “mentirinha” da sua esposa, liquidação dos seus bens (11 imóveis) e transferência desse patrimônio para fora do Brasil (três imóveis foram descobertos na Espanha). Passaporte falso (em nome de irmão morto) e outros deslizes caracterizam um gatuno fugindo e não uma causa para defender. Os seus crimes são típicos de delinqüente, como fuga dele e do seu patrimônio, falsidade ideológica aqui e na Europa, etc. Pizzolato envergonha o PT e faz perder força à luta de punho em alto feita por Dirceu, Genoino, Delúbio e outros.

  5. Muito significativos os rogos

    Muito significativos os rogos do artista José de Abreu para que Dilma e Lula tenham compaixão de José Dirceu e façam alguma coisa por ele. José de Abreu, tão admirado por seu desempenho artístico também mostra ser um homem de muito caráter, enquanto revela sua grande amizade por Dirceu numa hora em que precisa não só de amigos mas de amigos capazes de ajudá-lo. 

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