Delegada que prendeu Cancellier manda investigar professor que criticou abuso

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Câmara

Jornal GGN – A delegada Erika Marena pediu uma investigação contra o professor da UFSC Aureo Mafra de Moraes, alegando ter sido alvo de difamação, calúnia e ataque à honra. Ex-chefe de gabinete do reitor Luis Carlos Cancellier, Moraes virou alvo da Polícia Federal depois de ter criticado o abuso de autoridade na Operação Ouvidos Moucos.
 
Marena foi a delegada que mandou prender Cancellier sob a suspeita de obstrução de Justiça. O então reitor cometeu suicídio e deixou uma carta colocando a atuação da Ouvidos Moucos em xeque.
 
Há alguns meses, a PF apresentou o relatório da investigação sem indiciar Cancellier nem indicar qualquer prova de enriquecimento ilícito no suposto esquema de desvio de recursos na UFCS. Cancellier foi objeto de investigação por ter indicado ou mantido a nomeação de docentes. E, embora a PF diga que as irregularidades teriam ocorrido entre 2008 e 2016, Cancellier foi o único reitor enquadrado.

 
A operação despertou críticas e fomentou debates sobre abuso de autoridade. No Senado, Roberto Requião prometeu batizar a lei que tenta punir autoridades que pratiquem atos que excedem suas atribuições ou para fins de perseguição política como Lei Cancellier.
 
Agora, a PF decidiu voltar-se contra o professor de jornalismo Aureo Mafra de Moraes. O inquérito foi solicitado por Marena em 22 de janeiro de 2018, depois que o agente federal Renato Rocha Prado informou à direção da PF em Santa Catarina sobre a existência de uma reportagem feita pelos alunos da universidade. Nela, Moraes concede uma rápida entrevista na frente de uma faixa com o rosto da delegada e a seguinte frase: “Agentes públicos que praticaram abuso de poder contra a UFSC e que levou ao suicídio do reitor.” Foi o suficiente para desagradar os entusiastas dos métodos da Ouvidos Moucos.
 
Veja o vídeo que deu início ao inquérito abaixo:
 
https://www.youtube.com/watch?v=yqylIM0_8Wk width:700 height:394
 
INTERROGATÓRIO
 
Segundo relatos da Folha desta sexta (27), “o delegado Germando Di Ciero Miranda intimou Aureo para que ele apontasse os responsáveis pelo evento, por autorizar a entrada dos cartazes e por coloca-los visíveis atrás dos entrevistados. Aureo declarou não saber responder essas questões e afirmou que a universidade não interfere e nem cerceia manifestações.”
 
“O delegado terminou a oitiva advertindo o professor. Ele estaria obrigado a comunicar a Polícia Federal sobre eventuais mudanças de endereço.”
 
O atual reitor da UFSC, Ubaldo Balthazar, também foi questionado sobre o evento e disse que não atua podando manifestações dos alunos e professores.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

25 Comentários

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  1. Unidade, Já !

    As ações desses delegados da PF são manifestações do Fascismo.

    Se Alckmin ou Bolsonaro vencer as eleições, o Fascismo ganhará força.

    Os que hoje impedem a formação de uma Frente Democrática serão responsáveis pela desgraça anunciada.

  2. o cara foi preso porque tirou

    o cara foi preso porque tirou foto na frente da faixa, deus me livre o que fariam comigo se eu falar tudo o que penso sobre isso..

  3. Incapaz de reconhecer os

    Incapaz de reconhecer os próprios erros, como se fossem infalíveis, a polícia federal que calar aquelas pessoas que apontam seus pontos fracos. Ainda bem que existem os advogados de defesa e a mídia vigilante!

  4. Delegados, procuradores e juízes não se dão conta que o vento…

    Delegados, procuradores e juízes não se dão conta que o vento está mudando de direção, começa com uma leve brisa, porém pode chegar a furacão.

    Deveriam ficar quietinhos pois se não vão terminar lá na fronteira com os países produtores de cocaína, trocando tiros com os cartéis (que é uma das funções da polícia federal). Aí o furo é bem mais baixo.

  5. No lugar dos alunos e

    No lugar dos alunos e professores dessa instituição marcaria uma manifestação na frente da delegacia dessa meganha que age como o antigo DOI CODI.

  6. Após o golpe

    Após o golpe de estado “com o STF com tudo” a PF substituiu os princípios da legalidade e da impessoalidade (art. 37, da CF/88) por dois outros: o da “carteirada na caruda” e do “sabe com quem você está falando?”

  7. Refundação da Polícia Federal em bases civilizadas

    A solução é muito simples. Refundar a polícia federal. Com projeto e princípios republicanos, livre do fascismo e das heranças culturais de SNI e DOI-Codi.

    A antiga, carcomida, midiática, atual PF pode ser transformada em unidade anti entorpecentes e contrabando.

    Assim, estes pitbulls sem condição para o convívio social e civilizado podem ser enviados para reforçar o combate às drogas nas fronteiras terrestres com Bolívia, Venezuela e Colômbia, ou então investigar o PCC, o Comando do Norte e o Comando Vermelho. Nestas funções, poderão brincar de Rambo mais à vontade e exercer seus instintos justiceiros. Embora duvido mutio que sejam os mesmos machões quando estiverem confrontando traficantes.

  8. Refundação da Polícia Federal em bases civilizadas

    A solução é muito simples. Refundar a polícia federal. Com projeto e princípios republicanos, livre do fascismo e das heranças culturais de SNI e DOI-Codi.

    A antiga, carcomida, midiática, atual PF pode ser transformada em unidade anti entorpecentes e contrabando.

    Assim, estes pitbulls sem condição para o convívio social e civilizado podem ser enviados para reforçar o combate às drogas nas fronteiras terrestres com Bolívia, Venezuela e Colômbia, ou então investigar o PCC, o Comando do Norte e o Comando Vermelho. Nestas funções, poderão brincar de Rambo mais à vontade e exercer seus instintos justiceiros. Embora duvido mutio que sejam os mesmos machões quando estiverem confrontando traficantes.

  9. Calúnia e difamação podem ser
    Calúnia e difamação podem ser objeto de ação contra o suposto caluniador. Essa delegada poderia ter processado o professor na justiça, não pode investiga-lo arbitrariamente.

  10. Se algum dia o Brasil voltar

    Se algum dia o Brasil voltar a ser uma democracia esta mulher tem de ser imediatamente presa, para sempre.

    Outro pésimo exemplo de mulheres empoderadas, assim como a mortícia do stfede, a dodge “dart vader” da pgr, a laurita jaz, do stj, e em menor grau, até a dilma, no caso dela por falta de autoridade sobre seus subordinados.

    1. comentariozinho ridículo

      Comentariozinho ridículo por:

      (1) Colocar Dilma, vítima da arbitrariedade, ao lado dessas outras aí, perpetradoras de arbitrariedades.

      (2) Levantar suspeitas sobre o empoderamento de mulheres com base na atuação de 4 mulheres poderosas inimigas da democracia – como se não houvesse centenas e centenas a mais de homens que se enquadrariam nessa mesma categoria. 

      No fundo, acho que caráter não tem nada a ver com gênero. Costumo achar bastante questionáveis as posições do “novo” feminismo, que, a meu ver, tende a colocar as mulheres como seres angelicais, sempre na condição de vítimas. Mas esse comentário é, sem dúvida, machista.

       

    2. É verdade
       

      homens “empoderados”nunca erram e nem cometem abusos.

      O poder nunca corrompe ou sobe à cabeça dos homens, só das mulheres, dos pretos, das bichas e das prostitutas.

      Vou completar o seu raciocínio do  “péssimo exemplo de mulheres empoderadas” com o célebre ditado :  “preto quando pega um carguinho….”

      Não nos esqueçamos dos nordestinos também, nénão?

      “Aqueles ignorantes “

      Faltou alguém?

      Diz aí!

       

       

  11. Caro Nassif
    Não sei o que

    Caro Nassif

    Não sei o que aconteceu, mas de 2016 para cá, certas fotos, com certos rostos, me dá um nojo profundo.

    Esse é um dos muitos casos.

    Saudações

     

  12. Arbítrio

    Esse professor é terrorista, infantícida, mafioso ou estuprador? Se não for é ato arbitrário característico de estado de exceção. 

  13. Abuso é abuso.

    Só se pode cometer ataque à honra quando a honra existe. Que honra existe em uma servidora pública que, fazendo uso de seu cargo, predetermina que uma pessoa é culpada por um crime que não cometeu?

    Que honra há em levar um inocente para a cadeia e submetê-lo às humilhações das revistas, fichamento, indumentária de encarcerado? Que honra há em alardear na imprensa (?) o nome de um inocente, imputando-lhe crimes que não foram sequer cometidos? 

    Exigir que a policial seja responsabilizada pelo ocorrido não agride a honra que não existe. Exigir que inocentes sejam tratados como inocentes não agride a honra que não existe. O que existe nisso tudo é a sequência de ATOS DE ABUSO DE PODER dos policiais e servidores do Ministério Público e servidores do Judiciário formados na escola de CUritiba.

    Por último, a Universidade é o lugar do pluralismo, da manifestação de pensamentos, ideias, ideologias, crenças, sejam elas quais forem. A liberdade de pensamento e expressão são consoantes com os propósitos de uma Universidade e de uma DEMOCRACIA, não é, dona Erika? Por favor, jamais esqueça que a senhora é uma SERVIDORA PÚBLICA, tanto quanto o era o falecido Reitor Cancellier. 

    Entre vocês dois, há a diferença da HONRA. Um tinha e a outra NÃO TEM.

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