Acusando Jucá, delação da Odebrecht deve mudar denúncia contra Palocci

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – As novas delações da Odebrecht podem mudar os rumos das investigações da Operação Omertà, que prendeu Antonio Palocci em setembro deste ano e tornou réu o ex-ministro e o grupo político do PT junto a diretores da Petrobras e da empreiteira. Os indícios são de atuação do PMDB para favorecer a companhia. 
 
Palocci foi preso no dia 26 de setembro, durante a deflagração da Omertà, a 35ª fase da Lava Jato, sob suspeitas de ter se beneficiado em relações com a Odebrecht. Uma das principais bases da denúncia, aceita por Sérgio Moro no dia 3 de novembro, foi a atuação de Palocci em favor da Braskem, a petroquímica da Odebrecht com a Petrobras, enquanto era deputado federal, entre 2006 e 2010, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
 
Apesar de a acusação contra o ex-ministro de Lula e de Dilma Rousseff inicialmente tentar comprovar benefícios com pagamento de propina da empreiteira ao grupo político do PT, a nova delação de Claudio Melo Filho imputa Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo Temer no Congresso, já então senador.
 
O caso trata-se da tentativa de pressão da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) com um grupo de empresas, incluindo a Odebrecht, para que fosse aprovada uma proposta de incentivo fiscal a empresas exportadoras e tradings. A denúncia contra Palocci afirma que esse foi um “exemplo claro” de ação do ex-deputado por “uso de poder político e de sua influência sobre as altas autoridades federais” para favorecer a Braskem, na Medida Provisória 460.
 
Entretanto, sabe-se, agora, que o grupo reunido pela Fiesp tentou, antes, pressionar o governo federal, por meio de Luís Inácio Adams, chefiando a PGFN, para uma negociação com essas empresas. Sem sucesso, o grupo partiu para o lobby junto ao Congresso.
 
Se a denúncia que inclui Palocci o isola nessa negociata, a nova delação apresenta, contudo, que uma das frentes de pressão da Odebrecht foi o senador Romero Jucá (PMDB-RR). “Após determinação de Marcelo Odebrecht, apoiei as ações da Odebrecht no Congresso Nacional e solicitei o apoio do Senador Romero Jucá (então líder do governo) que, como sempre, atuou fortemente na aprovação do tema nas duas MPs [460 e 462]”, contou Claudio Melo Filho.
 
“Durante esse fato, o Senador Romero Jucá me disse e, chegou a anunciar publicamente, que teriam chegado a um acordo em relação a inclusão de uma emenda na MP 460 e que esta emenda não seria vetada pela Presidência da República. Esse fato gerou forte expectativa, mas culminou em seu veto pelo presidente Lula”, destacou, ainda, o delator.
 
 
Ainda assim, a empreiteira e o grupo de empresas seguiram na negociação para tentar aprovar uma Medida Provisória, que resultou na MP 470/09, “com a participação ativa do Senador Romero Jucá”.
 
Tendo conhecimento que a 35ª Fase da Operação Lava Jato, denominada Omertá, teve como alvo o ex-ministro de Lula e Dilma e o ex-deputado Antonio Palocci, o então executivo da empreiteira esclareceu que, ao contrário do que podem parecer os e-mails, ele não tratou diretamente com Palocci sobre a Medida Provisória, e que a sua atuação se deu junto, na verdade, a Jucá.
 
“Quem tratava dos temas junto ao Poder Executivo era prioritariamente Marcelo Odebrecht. Igualmente, como os próprios emails deixam claro, o ponto de contato da empresa com Antônio Palocci era Marcelo Odebrecht e Alexandrino Alencar. Quero frisar que jamais estive ou tratei de qualquer assunto com o Sr. Antônio Palocci”, afirma, sem contudo negar que houve diálogos e envolvimento do ex-deputado com a Odebrecht.
 
Leia mais: Delação da Odebrecht à Lava Jato desmonta denúncia da Zelotes contra Lula
 
Em diversos momentos da delação, Claudio Melo repete que ele tratava sequencialmente do tema com o senador peemedebista: “Em outras oportunidades, estou copiado para me inteirar tecnicamente sobre o assunto, uma vez que havia iniciado tratativa sobre o tema com o Senador Romero Jucá, como ocorre nos e-mails transcritos na página 83”, exemplifica.
 
Ao final, o ex-executivo da companhia mostra que, se Palocci teria algum envolvimento no caso da Medida Provisória 460, ele não teria conhecimento para delatar. Ainda, isentou do seu depoimento sobre o lobby da empreiteira na MP junto ao Congresso o assessor de campanha de Palocci, Banislav Kontic, que foi também preso e alvo de denúncia da Lava Jato por supostamente também receber propina.
 
“Quero ressaltar que jamais estiver ou tratei sobre qualquer assunto com Antônio Palocci. Acredito que Alexandrino Alencar chegou a me apresentar Branislav Kontic em um encontro casual, mas nunca estive com ele para tratar de qualquer assunto de interesse da empresa.”, disse, concluindo: Nesse assunto, a minha atuação se dava por intermédio do Senador Romero Jucá.” 
 
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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

11 Comentários

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  1. As denúncias contra petistas se desmancham

    Prezados,

    Eu nunca tive dúvidas de que a verdade histórica está do lado da Esquerda, dos governantes que priorizam a inclusão social e a distribuiçao de renda.

    Nas empresas em que trabalhei e  trabalho ‘apanhei’ muito, por defender os governos petistas, o ex-presidente Lula, a presidenta Dilma e outros líderes políticos da Esquerda, como José Genoíno e José Dirceu.

    Mas nunca duvidei de que os mais perversos e que estavam contra os interesses brasileiros e contra a população pobre e trabalhadora eram os que hoje flertam com o nazifascimso, que defendem o ultra-neoliberalismo privatista, os que não têm capacidade de conversar e argumentar, os que não possuem idéias nem projeto de País, os que foram as ruas, manipulados pelo PIG/PPV e que elegeram o criminoso juiz sérgio moro como herói.

    Não há mais como esconder as carnes apodrecidas das elites golpistas, enquistadas na burocracia estatal brasileira. A Fraude a Jato é uma ORCRIM institucional, pensada e comandada nos EUA, para aniquilar a Esquerda Política Brasileira, incriminar e encarcerar os líderes populares, desmontar o Estado Brasileiro, desmontar, fatiar e privatizar a Petrobrás e setores estratégicos, como o Nuclear, Aero-Espacial e da Defesa.

    A perseguição à Esquerda, ao PT, aos petistas, aos ministros que serviram aos governos petistas (mesmo quando um deles acompanhava a esposa, que se tratava de um câncer, num hospital paulista), o uso da técnica de lawfare, para inviabilizar polìticamente o ex-presidente Lula, impedindo-o de disputra a eleição presidencial de 2018, o uso criminoso de vazamentos seletivos para assassinar reputações, linchando e condenando pessoas investigadas por meio dos tribunais midiáticos de exceção… A ação omissa, conivente e criminosa dos integrantes da burocracia estatal brasileira (PF, MP e PJ), envolvidos até a medula com o golpe de Estado, com a crise e desordem política, econômica e institucional, o arruinamento das empresas nacionais de engenharia, que eram competitivas no mercado interncaional, o comprometimento do futuro da Educação e Saúde Públicas com o desmantelamento da Petrobrás e a votação de PECs criminosas como a 241/55 e, a MP de reforma do ensino  médio e a PEC que desmonta a previdência social… tudo isso está muito claro, evidente, provado de forma irrefutável.

    E os blogs independentes e progressistas prestam um inestoimável serviço de utilidade pública, desmascarando toda a manipulação criminosa feita pelo PIG/PPV em relação aos brasileiros que pouco lêem e pouco estudam.

    Os integrantes da quadrilha da Fraude a Jato sabem que as História há de ser implacável com eles; Rodrigo Janot e os ministrecos do STF também sabem que a lata do lixo os agurada, assim como na lama e fossa fétidas já está atirada grande parcela do Congresso Nacional. O verme, o traidor-golpista-usurpador-corrupto profissional que hoje ocupa o Planalto já faz companhia aoa atirados na lama e na fossa.

    Não tenho simpatias por Antônio Palocci nem concordo com as idéias dele; mas que ele é vítima de perseguição, como outros que integram governos petistas, isso é fato incontestável.

  2. Os delirios da Lava Jato

    “Quero ressaltar que jamais estiver ou tratei sobre qualquer assunto com Antônio Palocci. Acredito que Alexandrino Alencar chegou a me apresentar Branislav Kontic em um encontro casual, mas nunca estive com ele para tratar de qualquer assunto de interesse da empresa.”, disse, concluindo: Nesse assunto, a minha atuação se dava por intermédio do Senador Romero Jucá.”

    “Como assim, com Romero Juca ? Não, era com o italiano marxista. Nos temos convicção! Que continue preso!”

  3. Atenção, Dr. Batochio! Mais

    Atenção, Dr. Batochio! Mais do que seu cliente, o Brasil precisa ter registrado nos anais de sua Justiça, mais esse fato. Se Moro mais uma vez fizer ouvidos moucos ao que relata a Odebrecht, bem… desculpe o mal jeito mas provavelmente nem Moro nem Palocci nem o Sr. e nem eu duraremos mais cinquenta anos. A república, porém, seguirá; nossos descendentes seguirão. Mas vai que Moro, ainda nos seus quarenta e poucos anos, adote um aparelho para surdez, né?

  4. A bolha estourou

    Aos poucos as máscaras dos clows caem e os verdadeiros bandidos aparecem apesar dos seus gritos histéricos, seu histrionismo, seus malabarismos para provar que a corrupção na política nasceu, cresceu e sedimentou com o PT no poder.As bolhas de sabão sopradas por Moro e seus asseclas estão estourando no ar. Quando os comediantes serão expulsos do palco pelas pedradas da platéia?

  5. Se continuar estas delações,

    Se continuar estas delações,  O Globo, a Veja e  a Isto é  romperam  relações com Moro e o acusaram de petista oculto . 

  6. E os criminosos verdadeiros?

    E quando é que vão se iniciar as ivestigações sobre os verdadeiros bandidos? A operação poderá ser chamada, sugere-se, Toga Suja. Os principais alvos dessa operação seriam Moro, Dallagnol, Fernando Santos Lima e toda aquela gangue que atua em Curitiba. Só para começar a botar ordem na casa. Depois tem que expandir investigando outras togas que precisarão de muito sabão e detergente e uns bons anos de cadeia.

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