Depois de Moro, é a vez de Janot ser exposto por delação sem prova contra Lula

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Lula Marques/Agência PT

Jornal GGN – Depois de Sergio Moro ter sido exposto por usar delação sem provas para condenar o ex- tesoureiro do PT João Vaccari Neto, é a vez do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ter o trabalho de sua equipe especializada em Lava Jato questionado. Isso porque a PGR teria firmado um acordo de cooperação frágil com Delcídio do Amaral, apenas porque o ex-senador citou Lula.

A crítica velada ao acordo da PGR foi feita por um membro do próprio Ministério Público Federal, o procurador Ivan Cláudio Marx. Ele é o mesmo procurador que desmontou a denúncia contra Dilma Rousseff pelas pedaladas fiscais. Porém, em agosto passado, também usou a delação que agora põe em xeque para afirmar que Lula era “chefe de quadrilha”.

Em ofício enviado à 10ª Vara Federal de Brasília nesta terça (11), solicitando o arquivamento de um procedimento investigatório contra Lula, Ivan Marx apontou que a delação de Delcídio não tem “credibilidade” porque, ao que tudo indica, o ex-senador citou Lula apenas para poder “barganhar” junto à PGR e conseguir benefícios para si, entre eles, o de sair da prisão.

“Inicialmente, não se vislumbra no discurso de Delcídio a existência de real tentativa de embaraço às investigações da Operação Lava-Jato”, disse o procurador.

Para Ivan Marx, “não se pode olvidar o interesse do delator em encontrar fatos que  o permitissem delatar terceiros, e dentre esses especialmente o ex-presidente Lula, como  forma de aumentar seu poder de   barganha ante a Procuradoria-Geral da República no seu acordo de delação.”

O procurador ainda lembrou que a delação de Delcídio pauta uma ação penal contra Lula em Brasília, por suposta tentativa de comprar o silêncio de Nestor Cerveró, que está em fase de alegações finais. Marx, que foi ábraçou a denúncia da PGR, indicou que também neste caso, Delcídio não conseguiu provar nada do que disse.

“A participação de Lula só surgiu através do relato de Delcídio, não tendo sido confirmada por nenhuma outra testemunha ou corréu no processo. Ressalte-se não se estar aqui adiantando a responsabilidade ou não do ex-presidente Lula naquele processo, mas apenas demonstrar o quanto a citação de seu nome, ainda que desprovida de provas em determinados casos, pode ter importado para o fechamento do acordo de Delcídio do Amaral, inclusive no que se refere à amplitude dos benefícios recebidos.”

“Assim, a criação de mais um anexo com a implicação do ex-presidente em possíveis crimes era sim do interesse de Delcídio. Por isso, sua palavra perde credibilidade”, concluiu.

Em outras palavras: Delcídio – que, segundo Nestor Cerveró, vinha desviando recursos da Petrobras desde os anos FHC – acabou escapando entre os dedos dos procuradores, que aceitaram o acordo de delação sem provas tão logo o ex-senador ofereceu implicar Lula e outros político graúdos.

Ivan Marx, que recebeu a missão de processar Lula em Brasília com base na delalão, agora reconhece que o Ministério Público não pode bancar as imputações que fez ao ex-presidente.

Em abril passado, a PGR já havia dado sinais de insatisfação com o acordo com Delcídio e ameaçado revogar a delação após a Odebrecht revelar uma série de crimes que não foram confessados pelo ex-senador.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

11 Comentários

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  1. À época dos fatos foi unânime

    À época dos fatos foi unânime essa percepção de que esse senador simplesmente se valera da delação de Lula para se safar. 

    E safar rima com SAFADO. Safado que fez cara de choro no Roda Viva dando uma de “santo” e ganhando, claro, a simpatia dos entrevistadores anti-lulistas.

    Agora a surrada perplexidade: cadê o destaque proporcional, na mesma medida que foi dado ao falso testemunho?

  2. Calúnias

    Acusações tão idiotas, sem lógica e sem provas, a partir de delação de bandido que fal o que querem que fale, é calúnia, não denúncia.

    Quantas calúnias há contra o LULA?

    Estatisticamente o número grande de calúnias não condena o reu, condena o acusador. Com é o caso.

  3. Lula: a senha mágica dos delatores

    Em um país onde o Judiciário não fosse uma tragédia e PGR pautasse as suas ações pelo respeito ao Estado Democrático de  Direito, jamais permitiria que uma perseguição política implacável e descabida fosse movida contra um ex-presidente da república ou contra qualquer cidadão. O que mais me envergonha não é a constatação da corrupção, mas o uso que dela se faz para transformar o Brasil em um país à mercê da palavra dos delatores. O combate à corrupção, na cara dura, é o  pretexto de que se vale o consórcio midiático-judicial para afastar da cena política os inimigos da plutocracia. Felizmente, ainda existe no MPF um procurador que pauta as suas ações pela existência de provas, mas ele é apenas uma exceção nesse período de trevas por que o Brasil está atravessando.

  4. Engracado mesmo eh que eu

    Engracado mesmo eh que eu como Marias Magdalenas arrependidas 3 vezes por por dia, almoco, lunch, e janta…

    Sao meio indigestas.  Mas nao as como por estar com fome, como as por as fazer sofrer mesmo.

    Doeu essa dentada, querida?  E essa?  E essa?  E …

  5. o pgr a serviço do GOLPE

    Para o janota e a farsa jato o que importava era a manchete do jornalões, provas e verdades às favas, estavam a serviço do GOLPE… e assim continam, só que em outra toada. 

  6. Delata mentira e curte a vida abonada.

    E delcídio pilantra fica impune! Bom né?!!! Com a benção do janota e do ‘ministério público’! Eu proponho para que se mude o nome de mpf para Ministério do Mercado Privado (MMP), já que eles se esmeram tanto em defender os interesses do mercado e estão pouco se importando com o público.

  7. Janot vai ter a resposta do

    Janot vai ter a resposta do tempo. Ele sabe do caráter do presidente Lula, mesmo que a globo tente agora a apoiar o outro boneco golpista. O golpe dentro do golpe. Um dia e será breve a glopista vai cair. Não existe mal que dure. Grande parte da população não assiste mais a globo. Janot vai passar e agora? O presidente Lula tem brilho próprio e seus algozes? 

  8. Delcídio foi instrumento de Janot

    Lula deveria processar Delcídio por calúnia e difamação.

    O Ministério Público deveria cancelar o acordo de delação, eliminar os benefícios concedidos e aplicar a Lei integralmente no canalha do Delcídio.

     

  9. Vê-se, pois, mais uma das

    Vê-se, pois, mais uma das tantas e diversificadas “abobrinhas” desses desprocuradores que, pelo visto, são mais ideológicos e politiqueiros do que candidato em palanque. Uma merda, isto sim.

  10. Delcídio

    Um bando de safados, inclusive este procurador que infelizmente a Dilma reconduziu. É outro vendido. O MP é uma farsa junto com STF.

  11. Lula é a senha para a delação dos criminosos confessos

    Os delatores chegam até a registrar em cartório as provas dos crimes para usar em delação e, dessa forma, escaparem impunes e com parte do produto dos seus crimes branqueados pela justiça

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