Armando Coelho Neto
Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.
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Diretor da PF vai surfar na prancha de Facchin, por Armando Coelho Neto

Diretor da PF vai surfar na prancha de Facchin

por Armando Rodrigues Coelho Neto

No burburinho político, o ministério dos codinomes do impostor Fora Temer  roubou a cena de nossa denúncia feita na semana  passada. Trata-se da troca de comando na delegacia de Combate ao Crime Organizado da PF/DF. No pacote da mudança, uma orientação rasteira vinda de cima, deu novos sinais da operação “Estanca Sangria”. As investigações nos fundos de pensão em curso naquela unidade deveriam ser rasteiras e breves. Segundo fonte do Máscara Negra, nome carinhoso da sede nacional da PF, tudo com nítidos propósitos de poupar o PMDB  e prosseguir na destruição do PT.

Parece público e notório que a indicação de Leandro Daiello para o comando-geral da instituição foi mesmo obra do impostor Fora Temer. Em nível nacional, poucos engoliram a indicação dele, que segundo especulações teria sido urdida por um ex-superintendente da paulista, ligado à colônia sírio-libanesa. Um pouco antes da indicação, porém, esse escrevinhador havia concluído um relatório correicional sobre a PF/SP (então comandada por Daiello) que não teria agradado a ninguém. Nela apontamos falhas graves e o chefe do Setor de Correições foi ou teria sido instado a alterar. Por haver recusado a refazer e ou modificar nosso trabalho, por coincidência foi destituído. Um novo teria sido feito, sabe-se lá por quem.

Ao que consta, era necessário passar uma imagem de bom gestor, para que Daiello pudesse ser indicado para o cargo, embora ele alardeasse aos quatros cantos que seu desejo era ser Adido Policial na Itália. Sequer é possível presumir que Daiello tenha daquilo tudo compactuado, e o tal “domínio do fato” ainda não era moda. O certo é que, nas eleições realizadas pelas entidades de classe, o atual diretor-geral da PF ficou num minguado sexto lugar, com míseros 8% de votos, caçados a unha de último hora  para que ele pudesse chegar ao cargo. Mas, “convidado”, aceitou e não agradou quase ninguém. De todo modo, prevaleceu a indicação dos emissários de Fora Temer.

A legítima Presidenta Dilma Rousseff teve que engolir Daiello, com medo de ser acusada de interferência na Farsa Jato. O núcleo duro da PF, embora discordando da politização dos trabalhos, chegou a alimentar a esperança de investigar todos os partidos. Mas, Fora Temer já “determinou” a operação “Estanca Sangria” e, aos poucos, a Farsa Jato vem sendo direcionadamente esquartejada, ainda que fique preservada a destruição do Partido dos Trabalhadores. Delegados estão sendo transferidos e ou premiados com cargos, enquanto a categoria está perplexa com o que chama de balões de ensaio: a cada dia cogita-se indicações de nomes tão escabrosos quanto o de Alexandro Morais, advogado que teria trabalhado para o PCC, indicado para o Supremo Tribunal Federal.

A situação lembra, em parte, o ano de 1999, quando o então diretor-geral da PF, Vicente Chelotti, teria dito, segundo a imprensa, “ter cola na cadeira” de diretor-geral e que de lá não sairia. Ainda segundo as notícias, Chelotti teria sugerido que o então presidente Fernando Henrique Cardoso era refém dele, pois tinha informações privilegiadas sobre ele. Aliás, é o que se especula nesse momento (parlamentares estariam sendo chantageados?). A cada dia surgem notinhas impublicáveis sobre a atual direção, rejeitada por 80% dos delegados e quase totalidade dos demais cargos.

A Associação Nacional dos Delegados da PF lançou nota/ofício pedindo o afastamento de Daiello e quer a aprovação de um dos nomes da lista tríplice, fruto de eleições diretas realizadas. Querem a desvinculação do ministério da Justiça e mandato fixo de três anos como forma de impedir ingerências políticas.

Nada, entretanto, parece ameaçar os assessores de Daiello, que defendem a qualquer custo a “cola na cadeira”. Enquanto a operação “Estanca Sangria” se expande, já surgem notícias de que o ministro do stf (assim mesmo com minúscula) Edson Facchin, novo relator da Farsa Jato, pretende levantar o sigilo das delações da Odebrecht. Frente a isso, a Globo já estaria se organizando para priorizar os nomes de Lula e Dilma para serem detonados. Mas, com ou sem os dois alvos da mídia, pode existir notícia-bomba fresquinha, o suficiente para abafar a operação abafa. Se tudo for procedente, o diretor da PF vai poder surfar livre leve e solto na prancha de Facchin…

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista e advogado, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.

Armando Coelho Neto

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.

6 Comentários

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  1. A PF que o Brasil espera.

     Como seria bom se a PF cumpisse literalmente  Lei e não se submetesse à pressões políticas. Como seria bom se a PF num momento como esse penssase mais no país que está à deriva e no seu povo sem esperanças? Utopia, ou um sonho possível. Veremos.

  2. Primeiro a indicação de Daiello, Moraes, em seguida vem a PGR

    Leandro Daiello fez parte do golpe e o que esta acontecendo com esta indicação é o pagamento pelos bons serviços prestados ao PMDB, PSDB… Enquanto a PF e o MP agirem de forma ideologica e escacaradamente partidaria, não ha como o cidadão brasileiro consciente ter confiança nessa que seria uma das mais belas instituições do Pais. Quanto ao Facchin, é melhor mesmo abrir as delações da Odebrecht. O problema, como bem dito, é que o que tiver relação com o PSDB e PMDB sera minimizado e qualquer coisa que cite PT sera o alvo das manchetes. Nada de novo sob o sol da terra Brasilis.

    1. Maria Luisa, parabéns pelo

      Maria Luisa, parabéns pelo comentário. Você expressou com equilibrio e finesse as críticas que eu faço à Policia Federal usando de imprecações com o qual expresso a minha indignação e raiva contra essas instituições que foram partícipes do golpe e que estão ajudando a destruir o país.

  3. Então os policiais federais

    Então os policiais federais que precisam de fantasia para atuar como polícia querem indicar um diretor a partir de uma lista tríplice… Quá, quá, quá. Sabe quando vão indicar um diretor? Nunca. Porque agiram como golpistas e massacraram o PT, partido que respeitava a democracia e se portou com republicanismo no poder. Mataram a democracia. Pois que façam bom uso dos corruptos do golpe que colocaram no poder. Se quiserem podem até usar os 450 quilos de cocaína que “abafaram” do amigo do Aécio, candidato preferido dessa corporação política e corrupta e um dos artífices do golpe.

    A PF do delegado Igor que perseguiu D. Marisa Letícia até a sua morte é digna do diretor Daielo. que se acerta para proteger os corruptos do PMDB e do PSDB carregando de vez a corporação para a lama da corrupção. Um bando de policiais partidários cúmplices de políticos corruptos. É mais uma instituição que só existe no papel no Brasil. Que a Polícia (Política) Federal comemore o golpe junto com o Judiciário que terá que engolir um truculento plagiador envolvido com negócios escusos como Ministro do Supremo.

  4. Lista triplice na lata do lixo

    Tal como na área do MPF, no âmbito das carreiras jurídicas há várias Entidades corporativas. Tais entidades fizeram votação para a lista triplice, as quais foram realizadas em vários Estados. Entregaram as tais listas para o Eliseu Quadrilha. Sabe o que ele fez: jogou as tais listas triplices na lata do lixo e indicou aqueles que tinham apoio de golpistas nos respectivos Estados. Com a PF não será diferente. Xupa delegados golpistas, continuem perseguindo quem lhes deu guarida, condições de trabalho e bons salários: PT, Lula e Dilma.

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