Em parecer ao STF, Janot diz que Cunha é “agressivo e dado a retaliações”

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) parecer no qual afirma que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), “sempre se mostrou extremamente agressivo e dado a retaliações a todos aqueles que se colocam em seu caminho a contrariar seus interesses”.

Na manifestação enviada ao STF em janeiro, Janot pede à Corte urgência no julgamento do recebimento da denúncia contra Cunha e do pedido de afastamento do presidente da Câmara do cargo.

No parecer, Janot manifesta-se contrário aos vários pedidos de nulidade da denúncia, apresentada em agosto do ano passado, entre eles um da defesa de Cunha para anular os depoimentos de delação premiada dos lobistas Júlio Camargo e Fernando Baiano. Para o procurador-geral, o presidente usa “vias transversas” para protelar o recebimento da denúncia.

Além disso, Janot cita comportamentos de Cunha para “garantir suas atividades ilícitas”.

“Não à toa, por intermédio de terceiros, Eduardo Cunha perseguiu Alberto Yousseff [doleiro], fazendo com que a CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] da Petrobras buscasse o afastamento do sigilo bancário e fiscal de sua esposa e filha, bem como passou a investigar a então advogada de Júlio Camargo, Beatriz Catta Pretta, quando efetivamente trouxe à luz a participação de Eduardo Cunha”, disse o procurador.

Denúncia

De acordo com a denúncia, Cunha recebeu US$ 5 milhões para viabilizar a contratação de dois navios-sonda pela Petrobras junto ao estaleiro Samsung Heavy Industries em 2006 e 2007. O negócio foi formalizado sem licitação e ocorreu por intermediação do empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró.

O caso foi descoberto a partir do acordo de delação premiada firmado por Júlio Camargo, que também participou do negócio e recebeu US$ 40,3 milhões da Samsung Heavy Industries para concretizar a contratação, segundo a denúncia.

Em outra acusação, Janot afirma que Eduardo Cunha pediu, em 2011, à ex-deputada e atual prefeita de Rio Bonito (RJ) Solange Almeida, que também foi denunciada, a apresentação de requerimentos à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara para pressionar o estaleiro, que parou de pagar as parcelas da propina. Segundo Janot, não há dúvida de que Cunha foi o verdadeiro autor dos requerimentos.

Cunha nega as acusações de recebimento de propina e afirma que não vai deixar a presidência da Câmara.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

12 Comentários

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    1. contrairement à

      A suprema vergonha nacional é um cidadão destes ser eleito deputado, chegar à presidência da Câmara, ocupar o terceiro lugar na linha sucessória e ser dono do seu exército de deputados subordinados.

      Algemar “o elemento” é o mínimo que já deveria ter sido feito caso as instituições funcionassem. 

      1. CASA DO POVO – CASA DO CUNHA

        O prédios da câmara dos deputados e do senado são territórios protegidos por lei. Lá, polícia não entra para algemar alguém, mesmo com ordem judicial. A polícia tem de esperar do lado de fora, até que o meliante saia.

        Sendo assim, creio que Eduardo Cunha vai se aboletar dentro da casa, saindo de lá somente carregado, morto. Porque o pessoal da faxina não vai querer deixar lá dentro carne podre fedendo e poluindo ainda mais o ar já não puro que por lá circula.

  1. Pressupostos básicos da agressividade

    Texto de Elsa Oliveira Dias.

     Em um de meus estudos sobre o comportamento humano, analisei um material de Winnicott que diz respeito aagressividade como forma natural de amadurecimento do indivíduo, desde seu nascimento. Venho postar parte desse material para apreciação, como forma de análise crítica às manifestações naturais do ser humano em relação ao seu desenvolvimento e até que ponto controlamos e administramos nossos potenciais naturais.

    Haborym

    Pressupostos básicos da concepção winnicottiana sobre a agressividade
     
    1. A agressividade é inerente à natureza humana e, portanto, inata, mas não no sentido constitucional, biológico ou psíquico, senão no sentido de pertencer ao estar vivo. 
     
    2. A agressividade que é natural aos seres humanos não tem uma única raiz nem significado unívoco. Ao contrário, tem várias naturezas e diferentes formas de manifestação. 
     
    3. Embora inerente, a agressividade só se desenvolverá, e se tornará parte do indivíduo, se lhe for dada a oportunidade de experienciá-la de acordo com a sua necessidade e emergência no processo de amadurecimento. Para Winnicott, é a atitude do ambiente com relação à agressividade do bebê que influencia de maneira determinante o modo como este irá lidar com a tendência agressiva que faz parte da sua natureza humana. 
     
    3 No início de um de seus mais famosos artigos, “A agressão e sua relação com o desenvolvimento emocional”, ele começa dizendo: 
     
    A principal idéia que este estudo da agressão veicula é que, se a sociedade está em perigo, a razão não se encontra na agressividade do homem mas na repressão da agressividade pessoal nos indivíduos. 
     
    4. Se o ambiente fornece cuidados satisfatórios e se mostra capaz de reconhecer, aceitar e integrar essa manifestação do humano, a fonte de agressividade – que, no início, é motilidade e parte do apetite – torna-se integrada à personalidade total do indivíduo e será elemento central em sua capacidade de relacionar-se com outros, de defender seu território, de brincar e de trabalhar. Se não for integrada, a agressividade terá que ser escondida (timidez, autocontrole) ou cindida, ou ainda poderá redundar em comportamento anti-social, violência ou compulsão à destruição. 
     
    5. Isso nos remete ao pressuposto winnicottiano segundo o qual qualquer potencialidade do indivíduo só se torna dele se for experienciada. Não há, em Winnicott, uma instância abstrata (e substancial) que predetermina os modos de ser do homem. 
     
    6. Em termos da fenomenologia, é preciso atentar para o fato de que a fraqueza, o retraimento, a omissão são tão agressivos quanto a manifestação aberta de agressividade. Ser roubado é tão agressivo quanto roubar. Suicídio é fundamentalmente igual a assassinato. 
     
    7. No que diz respeito às raízes da agressividade e, portanto, aos estágios iniciais, os afetos ainda não estão envolvidos. A agressividade, nesse momento, nada tem a ver com amor ou ódio. Amar e odiar são conquistas do amadurecimento que têm pré-requisitos. Se o indivíduo não se constituir como um EU, se ele não puder proceder à criação da externalidade pela destruição sem raiva, no anger, dos objetos subjetivos e não puder usar objetos que são independentes e externos ao si-mesmo, ele não poderá usar esses objetos para o amor, na genitalidade, por exemplo, nem poderá odiá-los. O ódio, diz Winnicott, é uma conquista da civilização. 
     
    8. Precisamos de dois termos que auxiliem na distinção de tendências de diferentes naturezas e estes serão: agressividade e destrutividade. Pode haver destrutividade sem agressão e pode haver agressão sem destrutividade. 
     
    9. Em vez de ser manifestação de forças ou afetos operando intrapsiquicamente, a agressividade e a destrutividade, na obra de Winnicott, estão relacionadas à questão da constituição da realidade externa. Num texto de 1964, lê-se: “a agressão está sempre ligada ao estabelecimento de uma distinção entre o que é eu e o que é não-eu”. É essa a questão que acaba por resolver-se, em 1968, no artigo “O uso do objeto”. A resolução implicou na formulação de um tipo de destrutividade, sem raiva, não instintual, que, envolvendo um impulso de destruição efetiva, se transforma, caso o objeto sobreviva, em capacidade para a destruição potencial, isto é, destruição na fantasia inconsciente. É através dessa destruição que o indivíduo cria a externalidade do mundo e chega à capacidade de usar o objeto. Sem essa conquista, pode ocorrer de o indivíduo jamais chegar à realidade do amor e do ódio referido a outra pessoa, nem chegar à destrutividade inerente à sua natureza e que é a única base verdadeira para a capacidade de amar e de construir, também pertencente à natureza humana.

  2. Que republica louca a

    Que republica louca a nossa…

    O Janot é desafeto do Cunha, mas blinda o PSDB!

    Coisa difícil de entender…

    Como pode ver o que o cunha é e não ver o que o Psdb faz?

    Por isso que eu acho…

    A LEI QUE A DILMA PROPÔS DE PEGAR TANTO CORRUPTO QUANTO CORRUPTOR, tem que prosseguir, mas sem o viés politico do “Moro e seus Procuradores” – parece nome de banda musical da década de 60!

     

  3. Tá, mais é dai ?
    Esse cidadão

    Tá, mais é dai ?

    Esse cidadão junto com mulher e filhas, que se locupletaram, irão entrar em cana quando ?

    Se esse cidadão não entrar em cana, não adianta nada esse lesco lesco do Janot e STF.

  4. Tirar só o cunha?

    Segundo reportagem com Ciro Gome, foram quase MEIO BILHÃO DE REAIS QUE PASSARAM POR SUAS CONTAS E O SALDO FOI DE 5 MILHÕES…..

    Imaginem um troço destes?

    O que tem de deputado, senador, vice-presidente de RABO PRESO…

    Ele vai continuar mandando… 

    Através de recados, pois violento e achacador até agora foi dito por várias pessoas…

    Ser caçado vai torná-lo mais virulento…

    O grupo dele tem que perder poder…

  5. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

    KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK: piada do ano, assim: o procurador-geral da república denuncia o dudu, inclusive por ser virulento e retaliador, ao stf; daí, que faz o ínclito ministro doutor teori(a)? Ora, ora e ora, dá 10 dias para que o dudu apresente a sua defesa… Piada feita.

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