Entidade pró-Bolsonaro politiza armamentismo e lista demandas

Associação Nacional de Armas diz que "bandidos" queriam "colocar as pessoas de bem (...) de joelhos", mas que "este tempo acabou"

Foto: Reprodução

Jornal GGN – Com a chegada de Jair Bolsonaro ao poder, entidades que até então tinham pouca voz ativa começaram a aparecer e ganhar espaço, apresentando diversas demandas que, em outros momentos, não seriam cogitadas.

Um exemplo disso é a Carta às Armas, divulgada pela Associação Nacional de Armas – CAC Brasil (Caçadores Atiradores Colecionadores), onde dizem ter vivido “tempos de execração pública, perseguições, perda de direitos, criação de hordas de usurpadores de bens públicos e privados” no período pré-Bolsonaro.

“Sentimos no nosso passado recente, a ameaça à nossa democracia, aos nossos valores fundamentais e à própria vida, através da aplicação da vontade de alguns e da implementação de um regime opressor e bandido. Foram desrespeitadas a vontade popular e a propriedade, através do malfadado Estatuto do Desarmamento”, diz a carta, que ganha contornos mais ameaçadores em seu decorrer.

“A intenção dos bandidos da nação era colocar as pessoas de bem, corretas e contrárias às vontades deles, de joelhos diante de bandidos e do próprio estado, fazendo com que o cidadão que não entregasse suas armas e não fosse cadastrado, se encontrasse na situação de crime continuado e flagrante delito possuindo arma em sua posse. Esse seria um dos motivos para que em pouco tempo tivéssemos propriedade expropriadas e invadidas com o motivo de estarmos sendo contra o regime”, diz a associação, afirmando que “este tempo acabou”.

“Somos mais de 57 milhões que se levantaram contra as injustiças, os desmandos, os opressores e ladrões, para mudarmos a história desta nação”, diz o comunicado, citando a quantidade de votos recebida por Jair Bolsonaro na eleição e, a partir daí, listando as suas demandas: “além de desburocratizar, temos o interesse maior de produzir o crescimento e o desenvolvimento de nossos clubes e participantes através de ideias simples e totalmente legais”.

Dentre os pedidos, está o fim da obrigatoriedade de declarações de Federações e Confederações em qualquer exigência de documentação e o fim da expropriação de armas quando do vencimento do CR (Certificado de Registro) ou do falecimento do CAC, mas também listam demandas que podem gerar problemas, como a compra de munições ilimitadas “para a prática do esporte”, o fim da guia de tráfego nacional para CAC’s válida pelo tempo do CR, e a obrigação somente de apresentação da CRAF (Certificado de Registro de Arma de Fogo) em nome do CAC.

A associação defende ainda a caça autorizada e o porte de arma para CAC em todo o território nacional – segundo eles, “o porte de arma para defesa pessoal e de acervo no transporte de residência para o clube de tiro, representa uma afronta ao direito constitucional de ir e vir. Não se pode obrigar o cidadão a fazer um trajeto ou a se deslocar de um local especifico para outro, sob pena de, abuso de autoridade e abuso de poder”.

Além disso, eles defendem que todo maior de 18 anos possa comprar armas.  “A lei é clara quanto á reserva armada do Brasil que diz que todo homem cidadão brasileiro após o período de serviço militar, mesmo os dispensados por excesso de contingente, integrarão a reserva armada do país (…) Ademais, qual o crime que estaria cometendo o militar que forneça arma e munição, ofereça treinamento, e entregue as mesmas para menor de 25 anos de idade, mesmo sob tutela do estado? Qual lei estaria sendo afrontada? E qual lei poderia ser aplicada? Seria um interesse da esquerda para depois acusar militares de crime ou de treinarem algum jovem que depois do serviço militar venha a cometer delito?”.

Outro ponto envolve a fiscalização em clubes de tiro – segundo a associação, o clube de tiro normalmente está localizado em área rural e, por ser propriedade privada dos sócios, encontra respaldo na Lei de Posse Dentro de área rural. “No nosso entendimento, para que o Exército, Polícia Federal ou quaisquer órgãos de investigação possa adentrar clubes de tiro, deverão possuir mandado judicial, fundamentado em comprovação de crime ou intenção do mesmo. Salvo isso estamos diante de um estado esquerdista, ditatorial, comparado às maiores e mais cruéis da humanidade”.

 

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Redação

5 Comentários

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  1. Uma das muitas MENTIRAS repetidas publicamente pelo despresidente adolinquente é essa do “desrespeito ao plebiscito do desarmamento”. Não houve NENHUM desrespeito, a verdade é a seguinte:
    1) Antes do plebiscito:
    A venda legal de armas às pessoas físicas era permitida, sob regras.
    2) O plebiscito perguntava: Você é à favor da PROIBIÇÂO da venda de armas?
    O resultado vencedor foi “não”, ou seja a venda de armas que já era permitida, continuou a valer.
    3) Depois do plebiscito:
    Nada mudou, quem quisesse comprar armas legalmente continuou a poder fazê-lo, como antes (sob regras, como em qualquer lugar do mundo, inclusive EUA).

    Portanto, o despresidente e seus mínions CONTINUAM MENTINDO REPETIDAMENTE sobre o tema.
    Fake nes, dseinformação pública, crime de responsabilidade de um presidente no cargo.

  2. Sao uma fraude, isso sim. Clubes de tiro?
    Reserva armada = milicia.
    Já morre muita gente por arma de fogo neste país, claro que predominantemente entre aqueles pertencentes às minorias. E voces querem matar mais?
    Vcs “representam” 57 milhoes de eleitores deste governo improdutivo e querem liberação de armas? Os quase 100 milhões de eleitores restantes podem nao querer.

  3. Tudo que vai de encontro as ideias ou ações desses que se dizem ” cidadãos de bem ” são atos comunistas, autoritários ou anti-democráticos… Seria de bom alvitre que as autoridades não alinhadas com os referidos cidadãos, tomassem pé da situação: o facismo está batendo a nossa porta, todo cuidado é pouco…

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