Lewandowski defende reajuste de servidores “compatível com economia”

Camarada, não estou postando

Camarada, não estou postando comentários do meu trabalho, que, inclusive, não é no Executivo e nem no Legislativo. Sua resposta, além de ignorante, é preconceituosa e grosseira.

Não ofendi servidores, mas apenas critiquei a postura sindical, que, para quem tem um mínimo de bom senso e ética, sabe que não condiz com uma postura digna. Se vestiu a carapuça, o problema é seu. Para uma pessoa sensata, rigor não se confunde com grosseria e posturas ofensivas e/ou agressivas, tais como a sua agora, que, não à toa, simpatiza com o seu sindicato. 

Conheço dezenas de servidores do Judiciário e sei bem qual a carga horária e as exigências do trabalho, bem como é executado. Por favor, não me venha com conversinha de que está às 9h da noite no trabalho, querendo induzir os leitores a acreditar que passou o dia inteiro aí, se é que você estava mesmo. Se estava às 21h no serviço, muito possivelmente chegou ás 13 ou 14h no trabalho ou está pagando horas atrasadas.

Quem é o privilegiado mesmo? Não vou entrar na seara da carga do trabalho, cada um sabe o fardo que carrega. Só posso dizer, com conhecimento bom de causa e com números à sobra para atestar, que o Judiciário não tem boa gestão e muito menos entrega o que deveria ou poderia entregar a nível quantitativo e qualitativo. Nem por isso estou desqualificando servidores ou ignorando a necessidade de revisões salariais, como, inclusive, estamos pleiteando em nossa carreira.

Só é cômico ver servidores públicos – que ganham bem acima da média salarial brasileira – e que não sofrem, nem remotamente, a mesma pressão que é exercida na inicitativa privada quanto a resultados, com ameaças banais e ridículas, encenando seguidos papelões e campanhas agressivas, sem ter indicadores que os reajustes pretendidos acompanham padrões de qualidade do serviço e, mais ainda, exigem, de fato, melhorias na qualidade da prestação desses serviços. Ou quando exigem tais melhorias, basta um reajuste para ignorá-las ou deixá-las de lado. 

Sou um defensor intransigente de melhorias não só na remuneração, como também nos benefícios pagos a servidores públicos e empregados privados, principalmente os das atividades-meio, que são os verdadeiros alicerces e carregadores de piano. Acho que o contínuo ceifamento de benefícios não é uma adequação para produtividade e eficiência, ou mesmo caso de sustentabilidade, mas mera forma de sustentar os privilégios e a concentração de renda dos mais ricos e da alta burocracia.

Apesar disso, ao contrário de você, me considero sim um privilegiado, por deter condições de remuneração e trabalho que uma minoria no serviço público e privado tem. Me sinto, consequentemente, na obrigação de retribuir à altura e prestar um serviço técnico e de qualidade, bem como quantitativamente adequado, até para justificar o meu custo à sociedade. Por óbvio, quero sempre ser valorizado por minhas ações e evolução profissional – o que não ocorre de acordo com nossas expectativas -, mas, nem por isso, ignoro que o Estado tem limites e vivemos uma crise grave não só econômica, mas institucional e política. 

Não vai ser com “cerco à Presidente” que vamos elevar o debate sobre a necessidade de melhor remunerar servidores públicos e garantir contínua valorização, quando sequer entregamos o básico: um serviço eficiente e adequado, com qualidade satisfatória. Sugiro que estude mesmo, mas não somente para concursos, você precisa, sinceramente, de leituras que ajudem a encarar uma crítica e observar com bom senso a realidade.