Geddel era o “carainho” interessado na delação de Funaro, diz MPF após prisão

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Foto: Agência Brasil

Jornal GGN – O ex-ministro Geddel Vieira Lima foi preso na Bahia, nesta segunda (3), no âmbito da operação Cui Bono, em que membros do PMDB e seus operadores são investigados por corrupção na Caixa Econômica Federal. A prisão preventiva foi cumprida pela Polícia Federal, a pedido do Ministério Público, que acusa Geddel de obstrução de Justiça. 

Segundo os procuradores, Geddel era o “carainho” na agenda telefônica de Lúcio Funaro, que teria entrado em contato com a esposa do doleiro para saber se existia algum acordo de delação premiada em negociação.

Funaro está preso em Curitiba e foi acusado pela JBS de receber propina nos últimos meses, a mando do grupo de Temer. O objetivo era evitar a delação premiada do doleiro. Joesley Batista também delatou pagamentos a Eduardo Cunha.

O doleiro, segundo nota do MP, teria colaborado entregando as mensagens em que Geddel pergunta sobre delação.

Abaixo, a nota do MPF completa:

Em cumprimento a uma ordem judicial que atendeu a pedido da Polícia Federal e da força-tarefa Greenfield – que também é responsável pelas operações Sépsis e Cui Bono – , foi preso, nesta segunda-feira (3), o ex-ministro Geddel Vieira Lima. A prisão é de caráter preventivo e tem como fundamento elementos reunidos a partir de informações fornecidas em depoimentos recentes do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, do empresário Joesley Batista e do diretor jurídico do grupo J&F, Francisco de Assis e Silva – sendo os dois últimos em acordo de colaboração premiada. No pedido enviado à Justiça, os autores afirmaram que o político tem agido para atrapalhar as investigações. O objetivo de Geddel seria evitar que o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o próprio Lúcio Funaro firmem acordo de colaboração com o Ministério Público Federal (MPF). Para isso, tem atuado no sentido de assegurar que ambos recebam vantagens indevidas, além de “monitorar” o comportamento do doleiro para constrangê-lo a não fechar o acordo.

Na petição apresentada à Justiça, foram citadas mensagens enviadas recentemente (entre os meses de maio e junho) por Geddel à esposa de Lúcio Funaro. Para provar tanto a existência desses contatos quanto a afirmação de que a iniciativa partiu do político, Funaro entregou à polícia cópias de diversas telas do aplicativo. Nas mensagens, o ex-ministro, identificado pelo codinome “carainho”, sonda a mulher do doleiro sobre a disposição dele em se tornar um colaborador do MPF. Para os investigadores, os novos elementos deixam claro que Geddel continua agindo para obstruir a apuração dos crimes e ainda reforçam o perfil de alguém que reitera na prática criminosa. Por isso eles pediram a prisão “como medida cautelar de proteção da ordem pública e da ordem econômica contra novos crimes em série que possam ser executados pelo investigado”.

Detidos – Com a prisão de Geddel, passam a ser cinco os presos preventivos no âmbito das investigações da Operação Sépsis Cui Bono. Já estão detidos os ex-presidentes da Câmara, Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, o doleiro Lúcio Funaro e André Luiz de Souza, todos apontados como integrantes da organização criminosa que agiu dentro da Caixa Econômica Federal (CEF). No caso de Cunha, Alves e Funaro, já existe uma ação penal em andamento. Os três são réus no processo que apurou o pagamento de propina em decorrência da liberação de recursos do FI-FGTS para a construção do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. Além deles, respondem à ação Alexandre Margoto e Fábio Cleto.

Investigações – Geddel Vieira Lima é um dos investigados na Operação Cui Bono. Deflagrada em 13 de janeiro, a frente investigativa tem o propósito de apurar irregularidades cometidas na Vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, durante o período em que foi comandada pelo político baiano. A investigação teve origem na análise de conversas registradas em um aparelho de telefone celular apreendido na casa do então deputado Eduardo Cunha.

O teor das mensagens indicam que Cunha e Geddel atuavam para garantir a liberação de recursos por vários setores da CEF a empresas, que, após o recebimento, pagavam vantagens indevidas aos dois e a outros integrantes do esquema, entre eles Fábio Cleto. Cleto, que ocupou por indicação de Eduardo Cunha a vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias, foi quem forneceu as primeiras informações aos investigadores. Em meados do ano passado, ele fechou acordo de colaboração premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR).

Em conversas datadas de 2012, por exemplo, os envolvidos revelam detalhes de como agiram para viabilizar a liberação de recursos para sete empresas e um partido político. Entre os beneficiados do esquema ilícito aparecem companhias controladas pela holding J&F, cujos acionistas firmaram recentemente acordo com o MPF. O aprofundamento dos indícios descobertos com a análise do conteúdo armazenado no aparelho telefônico apreendido permitiu aos investigadores constatarem intensa e efetiva participação de Geddel Vieira Lima no esquema criminoso. Além da prisão preventiva, a Justiça acatou os pedidos de quebra de sigilos fiscal, postal, bancário e telemático do ex-ministro. 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

9 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1.  
    Faltam

     

    Faltam agora:

    Angorá

    Caju

    Quadrilha

    Medroso

    Çerra

    Chuchu

    Mentes mais conhecido como GDantas

    e a volta em definitivo do Mineirinho.

     

  2. Poucos minutos

    Daqui a poucos minutos surgirá um juiz amigo e o soltará. Nossa ‘justissa’ é uma vergonha, ninguém confia nessa gente.

  3. “Carainho”, e a péssima (ou falta de ) governança da CEF

    Durante os governos Lula e Dilma, o Banco do Brasil acomodou políticos sem mandato nas suas vice-presidências, foram poucos, lembro-me agora de 4 deles. César Borges, ex-governador da Bahia, Valmir Campelo, ex-senador pelo DF e ex-TCU, Osmar Dias (por longos 5 anos!), Maguito Vilela, ex-governador de Goiás. Por que nunca aconteceu nenhum trambique? Por causa da governança corporativa implantada no BB, que blindou o banco contra investidas políticas, não há decisão que não seja colegiada, uma auditoria interna e diretoria de controle implacáveis, etc. Foi a falta desses mecanismos (ou a frouxidão deles) que permitiu que o Carainho manobrasse créditos dentro do banco, ocupando uma mera vice-presidência, lembra o BB dos anos 80, quando bastava um telefonema de algum gabinete de Brasília para autorizar o acolhimenos de cheques sem fundo na compensação. Impensável isso no BB atual. 

  4. Gostaria muitissimo de saber

    Gostaria muitissimo de saber quem o apelidou desse nome e por qual razao…

    Nao, que ele tem pinto pequeno a gente ja sabe, gostaria de saber como alguem mais saberia disso…

  5. 1)  GEDDELZINHO;
    2) 

    1)  GEDDELZINHO;

    2)  MENDONCINHA;

    3)  ELIZEU QUADRINHA;

    4)  MOREIRA FRANCO o Gatinho Angorá;

    5)  JOSÉ SERRA;

    6)  GILBERTO KASSAB;

    7)  BLAIRO MAGGI;

    8)  HELDER BARBALHO;

    9)  LEONARDO PICCIANI;

    10)        RICARDO BARROS;

    11)         MARX BELTRÃO;

    12)        MAURÍCIO QUINTELLA LESSA;

    13)        RAUL JUNGMMAN;

    14)        FERNANDO COELHO FILHO;

    15)        BRUNO ARAÚJO;

    16)        RODRIGO JUCÁ.

     

    E TANTOS OUTROS.

    Gente a fila é grande. Será POR QUÊ?

  6. Acorda, gente! É contra-ataque p/derrota no STF semana passada!

    Folha confirmou – com off 3 dias depois! – tudo isto aqui que antecipamos na quinta passada (!):

    ATENÇÃO: NÃO SEJA ENGANADO! MORO E DALLAGNOL – E A GLOBO! – FORAM DERROTADOS NO STF

    Ou:

    (título alternativo)

    “Tempos estranhíssimos: foi necessária a boca ~suja~ de Gilmar Mendes para lavar a alma do Estado democrático de Direito no STF”

    Por Romulus

    – Além da decisão do STF ser um NADA (“conteúdo”?)…

    – Esse NADA não se aplica a…

    – … NINGUÉM!

    – Sensacional, não?

    – Em resumo, o acórdão é uma…

    – … declaração de intenções (!)

    – Perfeitamente inócuo juridicamente, mas com uma mensagem “política” clara:

    (1) “Os Ministros do STF são um bando de frouxos”;

    (como bem disse Lula, grampeado por… Moro!)

    Que…

    (2) decidem… ~não~ decidir (!);

    E que…

    (3) enfrentarão o pepino das delações caso a caso (opa!), à la carte, sem definir uma regra geral ~clara~.

    Sabe qual a hashtag que isso tudo aí chama??

    #Acordão!!

     

    LEIA MAIS »

     

    http://www.romulusbr.com/2017/06/atencao-nao-seja-enganado-moro-e.html

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador