EXCLUSIVO: PF diz que UFMG “estaria manipulando documentos”, por Marcelo Auler

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Há sete anos o Memorial da Anistia Política MAP, em Belo Horizonte, está em construção.

do Marcelo Auler Repórter

EXCLUSIVO: PF diz que UFMG “estaria manipulando documentos”

por Marcelo Auler

A Polícia Federal de Minas Gerais garante que não há motivação política na Operação que levou coercitivamente a cúpula da Universidade Federal do estado (UFMG) – sem que nenhum deles anteriormente tivesse sido intimado a prestar esclarecimento – para prestar depoimento sobre a demora na construção do Memorial da Anistia Política (MAP), projeto desenvolvido pela universidade a partir de um convênio com o Ministério da Justiça.

A investigação visa apurar os motivos pelos quais o Projeto MAP não foi concluído e os responsáveis. Não houve qualquer ingerência política ou posição ideológica para começar ou dirigir a investigação. O que se busca é a verdade dos fatos de forma isenta e técnica. Se há corrupção e desvio de condutas em qualquer órgão que seja, a polícia judiciária deve apurar”, declarou a Superintendência do DPF em Minas, ao Blog

De uma forma inusitada para tais Operações – mas louvável, em nome da transparência – a Superintendência respondeu a uma série de perguntas que o Blog encaminhou, durante a sua estada em Belo Horizonte – sem muitas esperanças de obter respostas. As questões foram enviadas em dois momentos: na terça-feira (12/12) seguiram 18 perguntas. Na quarta-feira, após o recebimento da primeira leva de respostas, enviamos mais três, respondidas nesta quinta-feira. Todas, perguntas e respostas, são transcritas abaixo com exceção de uma que por ser repetitiva, desconsideramos e editamos as duas respostas em uma só.

Paralelamente, o Blog apurou que algumas irregularidades se destacaram quando a Controladoria Geral da União (CGU) analisou contratos e documentos do Projeto do Memorial. Um deles foi o pagamento de R$ 103 mil a um mesmo bolsista que teve dois contratos assinados com a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa – FUNDEP, da UFMG. São dados que já foram apresentados a alguns dos advogados dos “conduzidos coercitivamente”. Nos dois contratos e seus respectivos aditamentos, o bolsista assina o mesmo nome com caligrafia totalmente diferente.

A polícia que pediu para prender Antônio Assis, hoje diz que não o ouviu ainda por ele ser aposentado. (Foto: reprodução da decisão da juíza)

Isto não consta das respostas ao Blog. A Polícia citou apenas que enquanto ainda analisa os gastos com a construção do prédio – que exigirá um trabalho mais minucioso -, na questão da contratação de bolsistas a investigação foi mais rápida. Isso permite afirmar que “desvios nas pesquisas já foram constatados“. As bolsas, a professores e alunos tinham por finalidade a realização de pesquisas para o material a ser exposto no Memorial.

Prisão sim, condução não – Pelas respostas enviadas, porém, sobressaem algumas contradições, A maior delas com relação ao ex-diretor do Departamento de Logística e Suprimentos e de Serviços Operacionais – DLO, da UFMG, Antônio Assis, hoje aposentado.

Para Assis, a Polícia Federal chegou a pedir prisão temporária. Pedido que o Ministério Público Federal rejeitou, tal como os pedidos de condução coercitiva que não tiveram apoio do procurador da República Bruno Nomimnato de Oliveira.  Também a juíza substituta da 9ª Vara Federal, Raquel Vasconcelos Alves de Lima, não concordou em decretar esta prisão.

Sem que sua prisão fosse aceita, Assis acabou não sendo conduzido coercitivamente para depor. Seu nome não constava da lista encaminhada pelos investigadores ao juízo. Foi feito apenas um pedido de busca e apreensão na sua casa. Ao questionarmos a Polícia Federal a respeito, a resposta surpreendeu:

“Tendo em vista que o citado encontra-se aposentado, entendeu-se que não caberia a medida contra ele. Ele será ouvido tão logo“.

A dúvida é imediata: como o aposentado pôde ter sido alvo de um pedido de prisão temporária, capaz de lhe manter até sete dias recolhido a uma cela, mas não pôde ser levado a depor sob a alegação de que se trata de um aposentado e, ao que se deduz, merece tratamento diferenciado?

Nas respostas enviadas, a polícia federal justifica as conduções coercitivas como necessárias por existir nos autos “demonstração que, assim que intimados, se articulariam contra a verdade dos fatos”. Isto, pelo que se depreende, foi levantado a partir da escuta telefônica autorizada judicialmente.

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Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

8 Comentários

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  1. Me engana que eu gosto.
    Afinal como acreditar nesta PF marena que só é capaz de ver insignificantes eventos nas universidades públicas como relevantes para movimentar tropas de centenas de agentes. Puro diversionismo tucano !

  2. Ato falho ou…

    …cara de pau mesmo, já estão cantando a bola antes da próxima tacada?

    1 – A operação está sendo vista como inserida em um contexto mais amplo de perseguições do governo atual às Universidades Federais. Falam também que ela tem o objetivo de inviabilizar o Memorial da Anistia Política (MAP). Atenderia assim a interesses governamentais.

    Resp.: A investigação visa apurar os motivos pelos quais o Projeto MAP não foi concluído e os responsáveis. Não houve qualquer ingerência política ou posição ideológica para começar ou dirigir a investigação. O que se busca é a verdade dos fatos de forma isenta e técnica. Se há corrupção e desvio de condutas em qualquer órgão que seja, a polícia judiciária deve apurar. Os contratos celebrados para a implantação do MAP já atingiram seu termo final e o produto não foi concluído. Logo, a investigação nunca atacou o MAP, muito pelo contrário, visa justamente apurar os motivos que o inviabilizaram.

    2 – A sustentar a tese de a Operação querer atingir o Projeto do MAP apontam o nome com que ela foi batizada. Consideram que tentaram fazer uma ironia e acabaram sendo desrespeitosos. O que motivou este nome?

    Resp.: Jamais houve a intenção de ironizar ou desrespeitar a memória dos anistiados e perseguidos nos anos do regime militar. Pelo contrário, a investigação sempre atuou para descobrir os motivos e os responsáveis que inviabilizaram o Projeto MAP.

    E assim correm todas as respostas da PF. Mas quem disse que o projeto está inviabilizado?

    Sendo federal, essa polícia obteria muitos mais – e muito mais vultosos – mal-feitos se investigasse os governos do PSDB paulista.

    – Metrô

    – monotrilho

    – Sabesp

    – Rodoanel

    para ficar no que pode ser investigado apenas lendo jornais, hein?

    Não adianta fingir-se de bobo. É óbvio que a PF está politicamente alinhada com o PSDB. Mesmo quem não quer, é isso que escancarada e escandalosamente se vê.

  3. Ato falho ou…

    …cara de pau mesmo, já estão cantando a bola antes da próxima tacada?

    1 – A operação está sendo vista como inserida em um contexto mais amplo de perseguições do governo atual às Universidades Federais. Falam também que ela tem o objetivo de inviabilizar o Memorial da Anistia Política (MAP). Atenderia assim a interesses governamentais.

    Resp.: A investigação visa apurar os motivos pelos quais o Projeto MAP não foi concluído e os responsáveis. Não houve qualquer ingerência política ou posição ideológica para começar ou dirigir a investigação. O que se busca é a verdade dos fatos de forma isenta e técnica. Se há corrupção e desvio de condutas em qualquer órgão que seja, a polícia judiciária deve apurar. Os contratos celebrados para a implantação do MAP já atingiram seu termo final e o produto não foi concluído. Logo, a investigação nunca atacou o MAP, muito pelo contrário, visa justamente apurar os motivos que o inviabilizaram.

    2 – A sustentar a tese de a Operação querer atingir o Projeto do MAP apontam o nome com que ela foi batizada. Consideram que tentaram fazer uma ironia e acabaram sendo desrespeitosos. O que motivou este nome?

    Resp.: Jamais houve a intenção de ironizar ou desrespeitar a memória dos anistiados e perseguidos nos anos do regime militar. Pelo contrário, a investigação sempre atuou para descobrir os motivos e os responsáveis que inviabilizaram o Projeto MAP.

    E assim correm todas as respostas da PF. Mas quem disse que o projeto está inviabilizado?

    Sendo federal, essa polícia obteria muitos mais – e muito mais vultosos – mal-feitos se investigasse os governos do PSDB paulista.

    – Metrô

    – monotrilho

    – Sabesp

    – Rodoanel

    para ficar no que pode ser investigado apenas lendo jornais, hein?

    Não adianta fingir-se de bobo. É óbvio que a PF está politicamente alinhada com o PSDB. Mesmo quem não quer, é isso que escancarada e escandalosamente se vê.

  4. PF diz que UFMG “estaria manipulando documentos”.

    Achei muito boa e oportuna a apuração de eventuais desvios de recursos nas obras do Memorial da Anistia; afinal a PF está aí para coibir esses tipos de abusos, também.

    Esperamos, agora, que tal cuidado com os recursos públicos seja dirigido para o metrô paulista.

    É sabido que as obras por lá andam mais devagar que as assinaturas de aditivos.

    Investigações anteriores andam no ritmo  devagar quase parando, ou já pararam de vez.

    Um mistério.

  5. Marcelo, se voce tivesse a

    Marcelo, se voce tivesse a mais infima ideia do quao Minas Gerais eh e sempre foi fascista voce nao estaria se perguntando muita coisa nao…

    Libertas que sera vaca, isso sim.  Porque nem isso tem em Minas.

  6. Bolsa de alto valor p/ pessoa aposentada => Professor visitante

    A PF coloca como motivo de suspeita o fato da bolsa ter alto valor e ser destinada a um cidadão aposentado.

    Isso por si só não é uma irregularidade. Não são apenas jovens alunos que recebem bolsas.

    A CAPES tem uma linha de bolsas exclusiva para professores aposentados retornarem temporariamente à academia. Claro, os valores são diferenciados em relação a uma bolsa de iniciação científica ou de mestrado destinada a um jovem.

    Vocês podem conferir no link: http://www.capes.gov.br/bolsas/bolsas-no-pais/pvns

    É o Programa Professor Visitante Nacional Sênior (PVNS), cuja bolsa tem valor mensal de R$ 8.905,42.

    1. A verdadeira intenção é

      A verdadeira intenção é criminalizar a universidade pública para privatizar… ou na melhor das hipóteses para cortar direitos e poder cobrar algumas coisas… tem que sobrar dinheiro pra sustentar tanta mordomia… cada juiz e promotor ganhando R$ 80.000,00… isso quando não chega a R$ 300.000,00… então vamos cortar no lombo dos trouxas que trocaram seus votos por uma dentadura!

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