Funcionário liga setor de propinas a Marcelo Odebrecht

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Na sequência de depoimentos com executivos da Odebrecht, à Operação Lava Jato, o gerente de Recursos Humanos da empreiteira afirmou que o chefe do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht – apelidado pelos investigadores como a Diretoria de Propinas – respondia diretamente ao presidente afastado do grupo, Marcelo Odebrecht.
 
O gerente de Recursos Humanos, Marcos Paula de Souza Sabiá, não é réu na Lava Jato e prestou depoimento como testemunha de defesa de uma funcionária da empresa, Angela Palmeira Ferreira. Ela foi presa temporariamente na 23ª fase, por integrar o setor de propinas.
 
Nas informações cedidas a Sergio Moro, juiz da Vara Federal de Curitiba, Sabiá confirmou a ligação da “Diretoria de Propinas” como Marcelo Odebrecht.
 
Do IG Minas
 
 
Segundo a força-tarefa da Lava Jato, a empreiteira realizava pagamentos ilícitos por meio do setor; denúncia referente às propinas não tem relação com a Petrobras

O chefe do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, respondia diretamente ao presidente afastado do grupo, Marcelo Bahia Odebrecht, afirmou Marcos Paula de Souza Sabiá, gerente de Recursos Humanos da empresa, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato. O departamento é apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como a “Diretoria de Propinas” da empreiteira.

Marcelo Odebrecht está preso preventivamente desde 19 de junho do ano passado, quando foi deflagrada a operação Xepa na 26.ª fase da Lava Jato, e negocia delação premiada. Segundo a força-tarefa, a empreiteira realizava pagamentos ilícitos por meio do setor. A denúncia referente às propinas não tem relação com a Petrobrás.

Sabiá não é réu na Lava Jato e depôs nesta quarta-feira, 20, como testemunha de defesa de Angela Palmeira Ferreira, funcionária da Odebrecht que fazia parte do setor de propinas e foi presa temporariamente na 23.ª fase da Lava Jato, a Acarajé.

Questionado por Moro sobre o que era o setor, ele disse se tratar de uma “estrutura como todas as demais estruturas da organização, não tinha nada que eventualmente fosse diferente de uma outra estrutura”.

Moro perguntou a quem era subordinado Silva Filho. “Ele tinha sua delegação e, dentro da macroestrutura, ficava ligado ao diretor-presidente da organização”, disse a testemunha. “Seria o senhor Marcelo Odebrecht?”, questionou o juiz federal. “Isso”, respondeu Sabiá, que trabalha há 18 anos na empresa.

Na ação penal da Operação Xepa, o MPF delimitou a denúncia aos repasses do setor de propinas para João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, presos desde fevereiro deste ano. O casal de marqueteiros das campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff teria recebido US$ 6,4 milhões no exterior de contas atribuídas à Odebrecht e R$ 23,5 milhões no Brasil.

Investigação

Além dos funcionários do setor de propinas da empreiteira, que tinham um software próprio para fazer a contabilidade dos pagamentos ilícitos e o Drousys em que eles se comunicavam por apelidos, o MPF afirmou na denúncia que dois doleiros teriam atuado para o departamento da propina, por meio de operações dólar-cabo. Nelas, eles recebiam repasses da Odebrecht no exterior e dispunham a quantia em dinheiro vivo no Brasil.

Ao todo foram 45 pagamentos aos marqueteiros no Brasil, de 24 de outubro 2014, ainda durante o período eleitoral daquele ano em que Dilma se reelegeu, até o dia 22 de maio 2015. “O que mostra um acinte em relação à Justiça”, afirmou o coordenador da Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, quando a denúncia foi entregue à Justiça Federal.

Procurada pela reportagem, a defesa do presidente afastado da Odebrecht não respondeu até a conclusão desta reportagem

 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. Delimitou

     o MPF delimitou a denúncia aos repasses do setor de propinas para João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura

    delimitou

    delimitou

    delimitou

    e tirou fora os Aécios, Cunhas, Temer, Casa Grande e Beócios do poder, MPF Traíra, corrupto, tomara que a Dilma volte e que um dia esse MP acabe extinguido. São FASCISTAS com todas as letras

  2.  
     
    Eh Marcelo Odebrecht,

     

     

    Eh Marcelo Odebrecht, doravante tu vai compreender melhor o sentido das advertências e dos aconselhamentos do velho Emílio, o teu avô. Criador do império Odebrechet. …”O que abunda não faz falta,” dizia o velho Emílio. Isso, provavelmente já lhe soava como uma chata litânia.  De fato, de tanto ouvir conselhos para ter precaução com os negócios da casa grande.  Sempre evitar relacionamento e negócios com subalternos. Se inevitável, jamais utilizar das mesmas regras e práticas das  usuais entre a nossa gente,

    O velho Emílio, nunca teve problemas com Juscelino, ou, com os generais que praticavam rodízio cívico-democrático em períodos previamente acordados, todos cumpriam. Não como agora, o golpista e traíra Michel Silvério dos Reis quer melar. 

    Sarney, Collor, é… professor Cardoso! Êita! Ai o trem se profissionalizou de vez. As privatizações, ah! Foi a quadra  mais profícua e de rendosa acumulação de propinas já vistas em Bananolândia. Ali, começamos a mudar o Brasil, de nação provinciana, atrasada, arcaica e estatizante, surge uma nova “megamerda muderna” globalizada e escancarada República da Bananolândia. Foi quando, surge o populismo sindical-bolivariano e, sentou praça na terra da gente.

    Tanto que agora Marcelinho, tenha paciência e resignação. Esse juizeco Moro e os trapaceiros que promovem a tal operação lava-bunda. Finalmente, foram enviados pelos hom,i o pessoal da limpeza. Ao cabo, vão restabelecer a ordem e os bons costumes. Tenha fé, quando completarem a profilaxia, realocando esse pessoal apetralhado, fazendo-os retornarem à senzala, lugar do qual não deveriam ter saído.

    Pelo que se anuncia na TV, tá tudo melhorando e estamos na rota correta. Se os bolivarianos não atrapalharem, em breve nos tornaremos um segundo Porto Rico.

    Orlando

    .

  3. Mais do que óbvio. Na

    Mais do que óbvio. Na iniciativa privada que decide mesmo é o chefe maior. Já em estatais as decisões estão no segundo escalão indo até o porteior, pois instântica máxima , conselho, não tem tempo nem para que leia nada, apenas assina

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