“Intocáveis” é segunda operação a expor proximidade dos Bolsonaro com milícias

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Ao menos duas operações recentes do Ministério Público do Rio de Janeiro revelaram a proximidade da família Bolsonaro com milicianos. “Intocáveis”, deflagrada nesta terça (22), expos que Flávio Bolsonaro não só homenageou 2 milicianos como contratou a esposa e a mãe de um deles, o ex-capitão do Bope Adriano Magalhães, que teve prisão decretada sob a acusação de ser chefe do “Escritório do Crime” – grupo que ganha dinheiro na favela Rio das Pedras com assassinatos sob encomenda, entre outros crimes.
 
Foi em Rio das Pedras, segundo divulgou Lauro Jardim, que Fabrício Queiroz se “escondeu” por alguns dias quando o escândalo do Coaf pipocou na imprensa. Capitão Adriano, aliás, é amigo de Queiroz e o ex-deputado Flávio Bolsonaro atribuiu ao ex-motorista a responsabilidade pela contratação da esposa e mãe do miliciano. 
 
Durante a corrida presidencial, outra operação – batizada de Quarto Elemento – também apontou elo entre os Bolsonaro e membros de milícias do Rio.
 
O assunto foi tratado em artigo de Luis Nassif no último dia 20. O editor do GGN destacou que a pauta passou longe dos holofotes da maior parte da mídia e dos setores que patrocinaram a candidatura do então parlamentar do PSL porque, à época, Bolsonaro tinha uma serventia: evitar uma vitória do PT na disputa eleitoral.
 
O que a Quarto Elemento revelou foi que Flávio Bolsonaro também mantinha em sua equipe de segurança pessoal, durante a eleição de 2018, dois policiais militares presos pela participação em milícias.
 
Os irmãos gêmeos Alan e Alex Rodrigues de Oliveira foram apontados por Flávio como “voluntários sem maiores ligações” com seu mandato. Mas “fotos no Twitter desmentiam, mostrando intimidade ampla dos Bolsonaro – pai e filho – com os irmãos.” Em uma das imagens está, Jair Bolsonaro foi prestigiar o aniversário dos gêmeos, em 2017.
 
Além disso, Flávio Bolsonaro homenageou com menções honrosas ou medalha não só os acusados da “Intocáveis”, como outros três membros de organização criminosa detidos na operação Quarto Elemento. 
 
Leia mais: Xadrez do fim do governo Bolsonaro
 
O artigo de Nassif ainda lembra que a família Bolsonaro tem histórico em defesa de milícias.
 
Em 2003, Jair Bolsonaro discurso na Câmara defendendo a entrada das milícias da Bahia no Rio.
 
“Quero dizer aos companheiros da Bahia — há pouco ouvi um Parlamentar criticar os grupos de extermínio — que enquanto o Estado não tiver coragem de adotar a pena de morte, o crime de extermínio, no meu entender, será muito bem-vindo. Se não houver espaço para ele na Bahia, pode ir para o Rio de Janeiro. Se depender de mim, terão todo o meu apoio, porque no meu Estado só as pessoas inocentes são dizimadas.”
 
Em 2008, defendeu milicianos das críticas de Marcelo Freixo (PSOL). “Nenhum Deputado Estadual faz campanha para buscar, realmente, diminuir o poder de fogo dos traficantes, diminuir a venda de drogas no nosso Estado. Não. Querem atacar o miliciano, que passou a ser o símbolo da maldade e pior do que os traficantes.”
 
Flávio, por sua vez, já defendeu pagamento de taxa de proteção às milícias por parte dos moradores dos territórios ocupados. “As classes mais altas pagam segurança particular, e o pobre, como faz para ter segurança? O Estado não tem capacidade para estar nas quase mil favelas do Rio. Dizem que as mílicias cobram tarifas, mas eu conheço comunidades em que os trabalhadores fazem questão de pagar R$ 15 para não ter traficantes”.
 
Segundo o jornalista Marcelo Auler, a Promotoria do Rio foi questionada recentemente, por ele, a respeito da proximidade dos Bolsonaro com milícias do Rio. Mas o procurador-geral de Justiça, José Eduardo Gussem, usou o sigilo das investigações como justificativa para não comentar o assunto.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

10 Comentários

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  1. Jornalismo Investigativo – é isto que “todos” precisam!

    De quem suspeitamos – a investigação! Para os que querem se defender – a investigação. Para todos – a investigação. 

    Chorar não adianta! VIVA A INVESTIGAÇÃO!

     

    Obrigada pelo corajoso trabalho. Um exemplo para “todos”os lados.

  2. Mudança de Curso

    Nassif: vai do desabafo — putaquepariu. Outra dessa e daBla troca Davos por JáVou…

    Ou será que isto não era plano dos VerdeSauva? Têm espias por todos os cantos e não sabiam da vasta “atividade” da família. É muita coisa pro Queiroz sozinho. Ou acham outros laranjas ou a casa vem abaixo. Sai o Tresoitão e entra o AR15. Calibre mais grosso e garantido. Sem falar de patrente. Acontece…

    1. Outros laranjas

      Espécies

      Guide | Types of Oranges - Grappler Gourmet

      01/09/2016 14p0 – Atualizado em 01/09/2016 14p2

      Brasil é o maior produtor e exportador mundial de suco de laranja

      Povo espremido, povo feliz!

      Seiva bruta serviços agrícolas

  3. Não saberia dizer se tomam-me

    Não saberia dizer se tomam-me como ingênuo,certo?Acompanho o senhor editor,entre tapas e beijos,há 15 anos.Eu o conheço como a palma das minhas mãos,quero dizer,sei até das vírgulas dos textos dele.Quando escreveu o Xadrez do Fim do Governo Bolsonaro,ele sabia do que estava escrevendo.O envolvimento do clã com Mílicias foi a bala de prata que ele disparou marotamente.Alguns jornalistas(Cappelli e Maestri,etc,etc,),não se atenaram na liga mestra do texto,e foram engolidos pela chamada “displicência”.E agora,o que dizer?Pois eu digo:A VERDADE INICIOU SUA MARCHA,E NADA PODERÁ DETÊ-LA.A contagem regressiva do fim dos tempos da Vaca Louca,pode ter começado. 

  4. O que falta…

    … neste post é uma colocação clara do porquê não se deve defender milícias: as mesmas promovem crimes para serem alçadas à solução para um estado ineficaz. Este é um dos pontos que deve ser investigado e divulgado!!

       Isto vem num emaranhado que tem que ser destrinchado:  Expor quem leva vantagem na manutenção de um Estado ineficaz, o tal “criar dificuldade para vender facilidade”, disseminar como as ferramentas de transparência devem ser implementadas para o controle da população sobre a corrupção, e tantas medidas de inteligência real (não o jargão superficial usado nas entrevistas) para serem aplicadas na segurança pública, para efetivamente tirar os graúdos de circulação, ao invés de dar lucro à industria de armamentos metralhando os pé-rapados do morro prontamente substituídos.

    1. O abrigo do cristão.

      E à sombra do onipotente descansarão.

      Jeová que  não é sirio e nem libanês só abrigará o ímpio enquanto ele não abrir o bico.

      Queiroz que não se cuide.

      1. e que sombrão…

        se bobear vai ser preciso criar uma nova definição para este tipo de pecado

         

        o que podemos considerar como antecedente, o estar na sombra, o pecar ou ser braço direito sem patrão?

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