Juiz ameaçado de morte após reportagem do Estadão nega elo com presos

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Jornal GGN – O juiz do Tribunal de Justiça do Amazonas Luis Carlos Valois, alvo de uma reportagem do Estadão insinuando que ele tem ligações com a facção criminosa Família do Norte, negou as acusações da Polícia Federal no âmbito da operação La Muralla, cuja segunda fase, deflagrada em junho de 2016, passou a investigar o elo entre magistrados e traficantes.

Um dia após o massacre do Compaj, com 56 mortes – a maior rebelião em presídio desde Carandiru -, o Estadão publicou uma matéria dizendo que Valois foi “convocado” para participar das negociações “pelos presos”, e apontou que ele foi alvo de pedido de busca e apreensão na La Muralla. A PF diz que o juiz foi citado num conversa entre cabeça da facção e uma advogada que temia que Valois fosse sacado da Vara de Execuções Penais. O processo corre em segredo de Justiça. 

Nas redes sociais, Valois revelou que o Estadão o entrevistou por 20 minutos antes de publicar a matéria, mas não inseriu nenhuma linha do que o magistrado respondeu.

Em entrevista ao Nexo, ele foi questionado sobre a denúncia da PF. “A informação é de que há advogado de preso falando com o preso sobre mim. O que eu vou fazer? Eles aparecem conversando, dizendo que eu vou despachar amanhã. É claro que eu vou despachar amanhã. Eu sou respeitado pela massa carcerária. Eu trabalho com isso há 20 anos. Os presos me respeitam”, respondeu.

O magistrado também disse que é “mentira” que ele tenha pedido ajuda de presos para fazer pressão sobre o Estado para mantê-lo como juiz da VEP. “É mentira. Eu pedi licença para fazer meu doutorado na USP. Um advogado soube e foi falar com o preso para que fosse feito um abaixo-assinado pedindo que eu não saísse da VEP [Vara de Execuções Penais]. Eu não estava saindo, eu estava pedindo licença para fazer um doutorado na Universidade de São Paulo.”

Após a reportagem do Estadão, Valois passou a receber ameaças de morte de outra facção criminosa, rival à Família do Norte. Há suspeita de que a rebelião no presídio aconteceu porque houve ordem para assassinar membros do PCC no Amazonas.

A entrevista completa está aqui.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

12 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. juiz…..

    É a falência total do Estado-caricatura, Estado-mediocridade, Estado-fantasia, Estado-centro-esquerda. Facções criminosas estão controlando os presídios pelo país. Aqui em São Paulo, para visitar os presos, os visitantes tem até que usar uniforme. Toda esta aberração só poderia acontecer nas mãos do atual Ministro da Justiça. O fruto não cai longe do árvore mesmo. Direto da “Terra da Chacina”, sem investigação, sem indiciados, sem inquerito. Com todo mundo caladinho, principalmente o Ministério Público para ver se o povo esquece, se some das manchetes e tudo fica resolvido. É a transferência do governo “Picolé de Chuchu” para Brasilia. Olha o futuro deste país? E o presente também?!  Esta nova mosntruosidade que aconteceu em Manaus tem culpados. E de fácil identificação. Serão indiciados, responsabilizados e presos? O Diretor do Presídio, a empresa que administra e seus diretores, o Secretário de Justiça do AM, o Governador do Estado do AM,  Juízes, Promotores e Ministério Público que controlam a área carcerária, Ministro da Justiça. Estas pessoas estavam sob a guarda do Estado Brasileiro. Este Estado é cúmplice dos assassinatos. E quem representa o Estado neste momento também. Fora istoi continuaremos nesta farsa acreditando termos uma nação. Anão Diplomático. Escárnio do Mundo. 100.000 assassinatos por ano. O Brasil se explica.  

    1. Estado centro-esquerda?

      Privatização de presídios é coisa do estado neoliberal, não do estado centro-esquerda. De onde você tirou que a culpa é de um “estado centro-esquerda”?

      E de onde tirou 100 mil assassinatos por ano?

      1. estado….

        Vejamos:

        Estado centro-esquerda: 10 anos de FHC (2 de Itamar + 8 do seu mandato) + 8 do governo Lula + 5 do governo Dilma. Quase 1/4 de século. 

        100.000 assassinatos que se tornam 60 mil por serem subnotificados para agradar a elite nacional que nos governa nestes 30 anos. São como as 100.000 mortes no trânsito todos os anos, que a estatistica diz também serem 60.000 ( o cidadão bate o veículo na estrada, é socorrido já morto. E descobrem o óbvio no hospital. Você vai nas estatisticas da rodovia (principlamnete  as privatizadas) e elas indicam que não houve mortes na estrada. E é verdade, a morte foi constatada no hospital. ” A estatistica é a arte de torturar os números até que confessem o que você quer que digam”. É o Brasil. Acredite que que você quiser. .   

        1. EU não acredito no que quero

          NAcredito nos fatos. Acreditar que FHC era centro-esquerda, isso sim é acreditar no que quer. Quem acredita nisso acredita em qualquer coisa…

          1. eu….

            A desculpa histórica da esquerda brasileira é que quando chega ao poder deixa de ser esquerda. Dizem que agora até o PT não é esquerda. Até Haddad afirmou isto: “é um partido trabalhista, nunca foi de esquerda”. Vamos continuar com este nível de discussão? FHC que andava de braços dados aqui e em Paris com Sartre e Simone, não é de esquerda. Serra, fugido do país enquanto membro da UNE também. Aloisio Nunes Ferreira, perseguido politico. Deve ser de direita. Mais exemplos? É a Terra das Desculpas mesmo.   

  2. Prá cima dele meritíssimo!

    Acho que o juiz, apezar de se dizer pequeno contra a “grandeza” do estadão, tinha que ir prá cima do jornal, com processo pedindo indenização e o que mais couber, em todas as instancia possíveis, inclusive denunciando o jornal junto a entidades de imprensa e jurídica.

    Para isso deveria contar com o apoio de entidades de clase e democráticas.

    Se ele, que é um juiz, se apequena diante dessa midia venal, o que nós pequenos cidadãos iremos fazer?

    Prá cima dele meritíssimo! 

    1. Pq não faz igual o ZAP ??

      Bloqueie o jornal por 72 hs  até que eles entregue todos os tipos  usados na impressão dos  fatos mentirosos ??

       

  3. Não conheço o juiz citado mas

    Não conheço o juiz citado mas sei bem como funciona a mídia golpista sensacionalista. O pasquim paulista que nada tem de grande merece um bom processo na área criminal. A empresa e a suposta “jornalista”, para não apostar no caos.

  4. O Estadão colocou em risco o
    O Estadão colocou em risco o Juiz e sabotou o Judiciário. Há fundada suspeita de que o jornal paulista está trabalhando para o PCC. Ele deve ser dissolvido através de uma ação judicial a ser ajuizada pelo MP do Amazonas.

  5. Nota Pública da Associação

    Nota Pública da Associação Juízes para a Democracia

     

    As mortes em Manaus configuram a tragédia anunciada do punitivismo

     

    A Associação Juízes para a Democracia (AJD), entidade não governamental e sem fins corporativos, que tem dentre suas finalidades o respeito absoluto e incondicional aos valores jurídicos próprios do Estado Democrático de Direito, diante das dezenas de mortes ocorridas no privatizado Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) de Manaus, em 02 de janeiro de 2017, vem a público manifestar-se nos seguintes termos:

    O massacre sucedido na capital do Amazonas somente ocorreu em razão de uma histórica política de Estado brasileira, consistente no tratamento dos problemas sociais de um dos países mais desiguais do mundo como caso de polícia. É assim que se deve entender o crescente processo de encarceramento em massa, que inseriu o Brasil à posição de quarta maior população carcerária do mundo, formada basicamente pelos excluídos dos mercados de trabalho e de consumo, jogados, em abandono, para as redes de organizações criminosas que comandam estabelecimentos penitenciários que se assemelham a masmorras medievais.

    A tragédia do Compaj corrobora a necessidade da sociedade e do Estado brasileiro refletirem sobre tal política punitivista. É necessário desnvencilhar-se da crença no Direito Penal como solução de problemas estruturais, como a violência decorrente da pobreza e das desigualdades. É necessário também cessar a irracional “guerra contra as drogas”, que vem causando a morte de milhares de pessoas socialmente excluídas em todo o mundo, o que, a propósito, tem levado a seu paulatino abandono até mesmo nos países que mais a incentivaram.  

    A tragédia do Compaj corrobora, ainda, a importância do respeito à independência de juízas e juízes, como imperativo democrático. É o caso da fundamental atuação do Juiz da Vara de Execução Penal de Manaus, Luis Carlos Valois, que, coerentemente com o que defende em sua carreira acadêmica e conforme se espera de um magistrado no Estado de Direito, exerce controle rigoroso sobre o poder punitivo oficial, priorizando as liberdades públicas sobre o encarceramento: por tal motivo, desagrada os donos do poder, acomodados com o tratamento prevalentemente repressivo dos problemas sociais do país.

    Por tudo isso, a AJD reitera sua histórica crítica ao crescimento do punitivismo estatal e clama para que a sociedade e o Estado brasileiro atentem que velhos problemas sociais do país não se resolvem com o encarceramento ou com a intimidação de juízas e juízes que exercem seu dever funcional de controlar o aparelho repressivo oficial.

    Do contrário, a tragédia de Manaus continuará a não ser caso isolado.

     

     

    São Paulo, 3 de janeiro de 2017.

     

    A Associação Juízes para a Democracia

  6. Enquanto isso, a presidenta

    Enquanto isso, a presidenta da Çuprema Corte idealiza realizar um censo carcerário. 

    Mais sem noção, impossível.

    Depois de desprediçar nosso dinheiro e tempo com esse recenseamento, talvez chegue à conclusão de que o sistema é deficitário e inoperante. Novidade! Bingo!

    Talvez chegue à conclusão de que o excesso de prisões preventivas, xodó dos “tempos modernos”, esteja congestionando ainda mais sistema.

    A pior presidenta do Çupremo de todos os tempos.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador