Juiz Luis Carlos Valois critica “relação promíscua” entre imprensa e policiais

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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https://www.youtube.com/watch?v=uDrXjNRMg1Y width:700 height:392

Jornal GGN – O juiz Luís Carlos Valois falou à reportagem do Justificando sobre as “relações promíscuas” entre imprensa e polícia que prejudica que a sociedade entenda a verdadeira situação da segurança pública e das políticas públicas de combate às drogas. 

A partir dos 49 minutos do vídeo acima, após falar da guerra às drogas nos Estados Unidos e em como a imprensa apoiou a empreitada por interesse financeiro, Valois diz que uma “coisa séria” no Brasil é o “jornalista de porta de cadeia”, aquele que vai “mendigar informação”. “Quer que o policial seja seu informante. A fonte privilegiada da imprensa é a polícia.”

“Quando existe essa relação promíscua entre imprensa e polícia, acontece uma coisa séria, que é a imprensa transformar o policial em herói, não interessa quem ele prendeu. Ao mesmo tempo, esconde as péssimas condições da delegacia” e “não faz nenhuma crítica à polícia, só coloca o policial como herói.”

Para Valois, o policial “continua ganhando uma merreca por mês, mas fica satisfeito porque saiu no jornal no herói”. “Enquanto isso fica prendendo pequeno traficante para ser enaltecido na imprensa e alimentar um ciclo vicioso.”

Durante a entrevista, Valois também falou sobre o sistema penitenciário e defendeu que não é possível tratar a superlotação nas prisões espalhadas pelo País sem discutir uma forma de “parar de prender”. O magistrado, que foi responsável por negociar com presos durante a rebelião numa cadeia de Manaus que deixou mais de 54 mortos, voltou a dizer que facções criminosas são supervalorizadas pela mídia para que pequenos criminosos sejam encarcerados enquanto os grandes traficantes continuam soltos.

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

3 Comentários

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  1. Polícia, prostituição e jornalismo…as mais antigas…

    Desde que entendemos o mundo como algo organizado, tem alguém para contar, tem alguém para prender e bater, e tem alguém para vender sexo…

    A juiz descobriu “a pólvora”, mas isso não retira legitimidade ou importância do que disse…

    Faltam algumas coisas, porque, é lógico, é esperar demais de um juiz, que já tem a credencial de pensar fora da caixinha de seus pares…Isso é importante nos dias de hoje…

    A promiscuidade entre imprensa e polícia não é só uma questão financeira, é uma união política e de classe, que tem relação direta com o processo de degradação da forma de produzir conteúdo e a espetacularização da política e, de quebra, de toda sociedade, fenômeno agravado pela fluidez das novas plataformas virtuais…

    Sempre houve essa promiscuidade do tipo plantão de polícia, e desde os primórdios da imprensa, a veiculação de tragédias, estruturada no binômio sadismo-hipocrisia da sociedade, foi um ganha pão importante e fator de construção de simbologias que serviam ao poder (classificar, vigiar e punir)…

    O problema é que, agora, como o próprio capitalismo (que desprendeu a acumulação dos processos orgânicos de produção de riqueza e passou a existir quase que por si mesmo, com os processos de alavancagem da alvancagem da alavancagem), a mídia parece existir também por si, sem necessidade de relatar sua visão dos fatos, mas passando a ser ela (a mídia)o fato em si, naquilo que chamamos de era do pós-fato.

    Não é só nos temas policiais, toda a imprensa hoje funciona na base do achismo, do voluntarismo, da busca apressada pela versão mais dramática e espetacular…

    Então, Meritíssimo, vá se acostumando, porque  pior ainda está por vir…

  2. Xadrez da polícia no Brasil

    Seria berm vindo um XADREZ DA SEGURANÇA PÚBLICA. As implicações vão muito além de jornalistas e policiais.Desse pântano se alimentam os datenas da vida, melhor dizendo, da morte.  Estende-se do escravagismo à ditadura militar.  É a faceta mais obscura e tenebrosa de nossa sociedade. Nosso INFERNO DE DANTE. 

  3. Xadrez da polícia no Brasil

    Seria berm vindo um XADREZ DA SEGURANÇA PÚBLICA. As implicações vão muito além de jornalistas e policiais.Desse pântano se alimentam os datenas da vida, melhor dizendo, da morte.  Estende-se do escravagismo à ditadura militar.  É a faceta mais obscura e tenebrosa de nossa sociedade. Nosso INFERNO DE DANTE. 

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