O poder do bicho: Justiça libera bens do bicheiro João Arcanjo Ribeiro

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Ex-policial civil, João Arcanjo Ribeiro tem um patrimônio de R$ 900 milhões. O patrimônio foi liberado por decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região em Brasília, em decisão que reverte ordem da Justiça Federal de Cuiabá que decidiu que deveria ser indisponibilizado em razão do cumprimento da pena por crimes contra o sistema financeiro, homicídios e porte ilegal de armas. João Arcanjo é bicheiro e o homicídio a que foi condenado por 19 anos foi do empresário Sávio Brandão, dono do jornal Folha do Estado, em Cuiabá, em 2002. A notícia pode ser lida na Folha de S.Paulo, que traz a história de Arcanjo, seus negócios, sua fuga, redução de pena e situação atual.

da Folha

Justiça libera patrimônio do bicheiro João Arcanjo

Comendador foi condenado a 19 anos de prisão por assassinar empresário

Ex-policial civil do Mato Grosso tem mais de R$ 900 milhões em bens, segundo o Ministério Público

Rubens Valente – de Brasília

Uma decisão do TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região, em Brasília, reverteu ordem da Justiça Federal de Cuiabá e liberou todo o patrimônio do bicheiro João Arcanjo Ribeiro, 63, que cumpre pena por crimes contra o sistema financeiro, homicídios e porte ilegal de armas.

O Ministério Público Federal estimou em mais de R$ 900 milhões os bens de Arcanjo –que incluem sociedade em um hotel em Orlando (EUA), um jatinho, apartamentos, fazendas e empresas.

Em 2014, Arcanjo foi condenado a 19 anos de prisão pelo assassinato do empresário Sávio Brandão, morto a tiros em 2002 ao sair do seu jornal, “Folha do Estado”, (de Cuiabá), que vinha publicando reportagens com denúncias sobre seus negócios.

Em 19 de dezembro, o desembargador do TRF Olindo Menezes cassou uma liminar que ordenava a perda dos bens e determinou que o Ministério Público abrisse possibilidade de explicações ao bicheiro sobre o patrimônio.

“Ninguém (nem mesmo os condenados) será privado de seus bens sem o devido processo legal”, escreveu o desembargador, afirmando que a discriminação dos bens “não pode ser feita de forma unilateral pelo MPF e pela União sem a possibilidade de defesa no primeiro grau”.

A AGU (Advocacia-Geral da União), que atua no caso junto ao Ministério Público, disse que pedirá “em caráter de urgência” a manutenção do bloqueio, pois a devolução do patrimônio a Arcanjo “poderá ensejar sua dilapidação, uma vez que eles ficariam livres para alienação”.

IMPÉRIO

Nascido em Jeroaquara (GO) e ex-policial civil de Campo Grande (MS), Arcanjo chegou a Cuiabá nos anos 80. Em pouco tempo ele conseguiu montar, segundo o Ministério Público, “um verdadeiro império”. Ele recebeu da Assembleia Legislativa o título de “comendador” e controlava a banca de jogo do bicho Colibri e um cassino clandestino. Fundou uma série de firmas de “factoring” e criou um esquema de agiotagem.

Segundo os procuradores, o “comendador” tornou-se “reconhecido pela população como o dono do jogo do bicho e chefe do crime organizado” no Estado, além de manter negócios com deputados estaduais e prefeitos.

Em 2002, a Polícia Federal deflagrou a Operação Arca de Noé, com foco no bicheiro, que fugiu para o Uruguai. No ano seguinte, o juiz Julier Sebastião Silva condenou Arcanjo a 37 anos de prisão e decretou a perda de seus bens.

O inquérito apontou que Arcanjo e seu grupo são donos de 65% das cotas de um hotel nos EUA; um jato Cessna de R$ 7,3 milhões; cinco empresas de “factoring”; um shopping em Rondonópolis (MT); um condomínio de 12 prédios em obras em Cuiabá; duas fazendas; três postos de gasolina; lojas, lotes e apartamentos; e US$ 16 milhões (R$ 41,8 milhões) bloqueados em Nova York.

JULGAMENTO

Preso no Uruguai em 2003, Arcanjo foi extraditado ao Brasil em 2006. Ele recorreu ao TRF da 1ª Região, que decidiu, com voto do relator Tourinho Neto, reduzir sua pena de 37 anos para 11 anos e 4 meses de prisão.

O tribunal também se posicionou contra a perda dos bens porque o Ministério Público poderia ingressar com medida própria para discriminá-los.

No início de 2014, o Ministério Público e a AGU entraram com pedido descrevendo os bens, acolhido pelo juiz Paulo Cézar Alves Sodré, que ordenou a perda dos bens.

Na petição acolhida pelo TRF, o advogado de Arcanjo, Zaid Arbid, disse que o acordo de extradição entre Uruguai e Brasil excluía a perda dos bens e que “esse arbitrário procedimento” praticamente decretou a “morte civil” de Arcanjo, que perdeu seus meios de subsistência.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

12 Comentários

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  1. Honorários

    Tem advogado aguardando pelo leitinho da crianças.

    Quem sabe se outros mais graúdos também.

    Fosse cantante seria liberado para cantar nos finais de semana e poder alimentar esses sanguessugas que o mantém vivo na cadeia, assim como o cantor Belo.

    Alguma instituição honesta poderia seguir o caminho desses 900 milhões. Estão depenando o sujeito.

  2. coitadinho,

    deve estar passando fome. mas com a liberação do patrimônio, certamente contas bancárias engordarão!!

    vai ter muito filé mignon na mesa.

  3. O CNJ não tem nada para dizer

    O CNJ não tem nada para dizer sobre isso ???

    Faz tempo que eu não ouço nada sobre quebra de sigilo fiscal  de  “JUIZES E AFINS”

    Já passou da hora…….

     

  4. a partir de uma certa quantia em disputa…

    o judiciário passa a ser a mercadoria mais barata ou a milhar da vez, das que dão na cabeça

    e são sempre repetidas

    só isso pode explicar a liberação dos bens acumulados como o crime

  5. A justiciaria e seu infalível

    A justiciaria e seu infalível e sempre atuante balcão de negócios. Quem trafica 500kg de cocaina, está solto, mas quem trafica um papelote de cocaina, está preso. Nossa justiciaria na podridão, como sempre. Desonra. Esses bufões só querem grana, são juizes só pra isso.

  6. quem  devia esta na cadeia

    quem  devia esta na cadeia  era justamente  esse membros  do  tribunal  regional federal, o  cara esta condenado  os bens  indisponiveis  pelos crimes.  Depois  nós sabemos que  um policial para  ter  um  patrimonio  avaliado em  900 milhoes  ele  tinha que  roubar  e muito.  Ele é um POLICIAL  LADRAO   E  quem  esta  liberando  é  a  favor  de criminosos como estE   vamos  ver  se  alguem no  SUPREMO   SUSPENDE  ESSA  IMORAL   DECISAO. 

  7. a  pôs  pôs  pôs   quem  tem

    a  pôs  pôs  pôs   quem  tem  um papelote  é   traficante  barato   e nao tem  dim dim   mais quem   trafica  500kg  tem  dinheiro para dar   aos  famigerados  da justiça.

  8. Esta figura “proba” sempre

    Esta figura “proba” sempre foi ligado ao PSDB e nem uma nota nesta pseudo notícia? Tá explicado o porque da liberação…aos amigos do rei tudo aos inimigos o rigor das leis.

    A revista Carta Capital, que começa a circular hoje, dá notícia de um inquérito aberto há pouco mais de dois anos pela Polícia Federal do Mato Grosso que investiga as ligações da cúpula do PSDB regional com o crime organizado local. A reportagem aponta vínculos entre o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), o ex-governador Dante de Oliveira e o bicheiro João Arcanjo Ribeiro, conhecido como Comendador.

    Segundo a reportagem assinada por Leandro Fortes, o chefe da quadrilha seria o banqueiro do jogo de bicho João Arcanjo, acusado de ter ordenado o assassinato de mais de 30 pessoas em Mato Grosso, e o espancamento e mutilação de pelo menos outras 50. O Comendador está preso no Uruguai.

    Entre 1994 e 2002, diversas empresas ilegais de factoring (que antecipam dinheiro de cheques pré-datados) montadas por Arcanjo teriam servido para irrigar dinheiro em campanhas eleitorais do PSDB. Apenas na campanha a governador de Antero Paes de Barros, em 2002, teriam sido encontrados 84 cheques de uma factoring do bicheiro, no valor total de R$ 240 mil.

     

    Fonte: Carta Capital – março de 2006

  9. 0001584-32.2013.403.6110 –

    0001584-32.2013.403.6110 – ACOKORTE IND/ E COM/ LTDA (SP126642 – ESTACIO AIRTON ALVES MORAES) X UNIÃO FEDERAL (Proc. 181 – SEM PROCURADOR)

    http://www.jusbrasil.com.br/diarios/79013817/trf-3-judicial-i-interior-28-10-2014-pg-532

     

    ________________________________________

    O “Anjo” trazido do Uruguai tinha (não sei se ainda tem) um “contador”  “empresário”. O nome dele está aí na íntegra da peça acima (link).

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