Lava Jato põe fim à negociação e Odebrecht assina aguardados acordos

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A longa e difícil negociação da delação premiada entre cerca de 80 executivos e ex-funcionários da Odebrecht com a equipe da Lava Jato tem um ponto final. Entre esta quarta e quinta-feira (24), os representantes da Companhia assinam os acordos de delação, incluindo Marcelo Odebrecht. A informação é do Estadão e do Jornal do Brasil.
 
A jornalista Sonia Racy foi a primeira a anunciar, na manhã desta quarta, que os membros da força-tarefa da Operação Lava Jato chegaram a um consenso sobre as colaborações dos executivos. Para o ex-presidente do Grupo, Marcelo Odebrecht, outros detalhes ainda estavam pendentes de resolver.
 
Após as negociações entre os advogados de Marcelo e os procuradores da República, o executivo não terá mais quatro anos de regime fechado de prisão com o acordo. Ficará detido na Penitenciária de Curitiba até dezembro de 2017, cumprindo outros dois anos em regime domiciliar.
 
Como o executivo está preso desde julho de 2015, a somatória chegará a dois anos e meio de prisão fechada, uma vitória dos advogados do ex-presidente da Odebrecht. Na publicação, Sonia Racy informa que o acordo dele e de outros 80 funcionários da companhia seriam assinados entre hoje e amanhã.
 
Já o Jornal do Brasil confirma que dezenas de executivos da Odebrecht chegaram entre esta quarta e quinta-feira, para firmas os acordos de delação. Logo após a chegada dos investigados e as assinaturas das colaborações, terá início a fase de depoimentos.
 
Os depoimentos da Odebrecht são os mais esperados da Operação Lava Jato. Desde que uma superplanilha da empreiteira foi encontrada na 23ª fase da investigação, denominada Acarajé, em fevereiro, as investigações apontam para a mira para 279 políticos ligados a 24 partidos. 
 
Ainda em março deste ano, quando os documentos foram liberados à imprensa, o Estadão fez um levantamento mostrando que, em vários casos, os valores indicados eram superiores aos declarados pelos candidatos, indicando a possibilidade de serem propinas para o financiamento eleitoral de 2012.
 
Os valores mostravam repasses que atingiram o montante de, pelo menos, R$ 75 milhões, quase o dobro do declarado como doações pela Odebrecht nas prestações de contas que os candidatos apresentaram à Justiça Eleitoral, que foram de R$ 38 milhões.
 
Entre os nomes que aparecem como possíveis beneficiários do esquema de caixa 2, estão o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o atual ministro José Serra (PSDB-SP), o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Renan Calheiros (PMDB-AL), Jorge Picciani (PMDB-RJ), deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), Francisco Dornelles (PP), o governador Beto Richa (PSDB), entre outros.
 
Leia mais:
Xadrez das delações da Odebrecht
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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