Lentidão e desvios sob investigação no MP de São Paulo

Em Observação

Vamos tomar cuidado com a escandalização de questões administrativas. A espetacularização da notícia tem por hábito transformar qualquer problema administrativa em escândalo.

Por Alberto Porem Jr.

Bom dia Nassif e comentaristas.

O Conselho Nacional do Ministério Público realizou inspeção no mês de setembro no Ministério Público Paulista e encontrou várias irregularidades e muito atraso em processos.

Corrobora-se com uma inspeção várias suspeitas que foram levantadas sobre a atuação do MPE em São Paulo.

FOLHA DE SÃO PAULO – PODER – 03/11/2011

Investigação aponta lentidão e desvios na Promotoria de SP

Desperdício de verbas, licitações suspeitas e atraso nas apurações foram alguns dos problemas encontrados
Órgão foi inspecionado pelo Conselho Nacional do Ministério Público, que deu prazo para que situação seja sanada

ROGÉRIO PAGNAN
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

Inspeção realizada no Ministério Público de São Paulo pelo conselho nacional da categoria constatou uma série de problemas no trabalho de promotores e procuradores de Justiça do Estado.

Desperdício de dinheiro, irregularidades em licitação, furtos, extravio de processos e morosidade nas investigações foram alguns dos casos encontrados na instituição, que tem como tarefa defender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses sociais e individuais.

As irregularidades constam de relatório do Conselho Nacional do Ministério Público aprovado em julho, que tem como base inspeção realizada em setembro de 2010.

Na vistoria, a equipe detectou que 63 procuradores, de 240 pesquisados, estavam com serviço atrasado.

Juntos, eles acumulavam 1.553 processos com prazos acima do previsto em norma, segundo o relatório.

Um exemplo: na área criminal, cada procurador recebe semanalmente, em média, 20 processos e tem até um mês para se manifestar.

O procurador Luiz Antônio Castro de Miranda, por exemplo, segundo o documento, tinha em seu nome 132 processos com prazo acima de 30 dias, sendo 23 deles parados havia mais de três meses.

A Corregedoria-Nacional do conselho determinou que a situação fosse regularizada. O prazo dado para isso venceu no final de setembro.

O relatório também informa que o Ministério Público fracionou uma licitação para compra de alimentos, expediente normalmente utilizado para escapar das regras mais rígidas previstas para as concorrências públicas.

A divisão da licitação é apontado em diversas ações movidas pelo próprio Ministério Público como indício de direcionamento de contrato.

Os corregedores do conselho federal registraram que nem entrariam no mérito da necessidade dos alimentos adquiridos, como água de coco, iogurte, peito de peru, cereais e cappuccino.

A inspeção também constatou que a Promotoria paulista comprou duas mesas aparentemente iguais, mas pagou em uma delas um valor 36% superior ao da outra.

A justificativa seria o “design diferenciado”. A única diferença encontrada pela corregedoria, segundo o relatório, foi o tamanho entre as duas: uma era 0,7 centímetros menor.

Para os corregedores, foram desperdiçados R$ 88 mil só em três compras inspecionadas, de um valor total de R$ 589 mil.

O relatório também revela que ocorreram vários furtos em sedes do Ministério Público que acabaram não sendo solucionados. Peças de impressoras, computadores, furadeiras e serras teriam sumido. Há o relato de furtos de três automóveis, sem que tenha havido punições por essas ocorrências.

Processos que tinham de estar na Procuradoria-Geral também não foram encontrados pela inspeção.

Por fim, o relatório diz que os fiscais não localizaram nos dias de inspeção o promotor Lycurgo de Castro Santos, que na época deveria estar trabalhando na Promotoria de Mandados de Segurança.

FOLHA DE SÃO PAULO – PODER – 03/11/2011

Ministério Público de SP nega desvio, mas apura atraso

DE SÃO PAULO

O Ministério Público de São Paulo afirmou que sua Corregedoria-Geral instaurou procedimento para apurar os atrasos nos trabalhos.

Segundo a assessoria de imprensa, os processos estavam parados devido ao grande volume de trabalho.

Para tentar corrigir o problema, a Promotoria afirmou que está implantando um sistema de dados de acompanhamento dos inquéritos.

A previsão é que as Promotorias estejam interligadas até dezembro.

Conforme o Ministério Público, o excesso de prazo em processos judiciais, em si, não é uma irregularidade, desde que haja justificativa.

A Promotoria paulista afirmou ainda que não desperdiçou recursos públicos.

O órgão informou que “as licitações [de alimentos] foram realizadas quando as aquisições se mostravam necessárias”. Além disso, disse que a compra das mesas atendeu às variações de dimensões para “instalações físicas absolutamente distintas”.

Sobre os furtos em suas sedes, a instituição afirmou que registrou boletins de ocorrência e contratou empresas de vigilância e um seguro coletivo para a frota de veículos.

Em relação ao promotor Lycurgo de Castro Santos, o Ministério Público disse que ele estava trabalhando e que houve um equívoco do conselho. A Folha não conseguiu falar com o procurador Luiz Antônio Castro de Miranda

Luis Nassif

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