Marcelo Odebrecht deve confirmar que Temer pediu repasses ao PMDB

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Com as expectativas do depoimento ao TSE, peemedebistas estudam como adiar o processo que pode encurtar o mandato de Michel Temer
 
 
Jornal GGN – O empresário Marcelo Odebrecht, ex-presidente da companhia que leva o sobrenome da família, será ouvido pela Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral, nesta quarta-feira (01), no processo que pede a cassação da chapa Dilma Rousseff e Michel Temer.
 
Após as delações dos 77 executivos e ex-funcionários da Odebrecht arrolarem entre as acusações o atual presidente da República Michel Temer e as campanhas de 2014 do PMDB, o ministro relator da ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Herman Benjamin, convocou Marcelo a prestar depoimento no processo.
 
A decisão do relator das ações de cassação no TSE foi adotada na última quarta-feira (22). Benjamin anunciou que serão ouvidos, por enquanto, três dos delatores da companhia, entre eles, Marcelo.
 
No despacho, o ministro afirmou que os depoimentos seriam necessários “diante de indicativos extraídos da mídia escrita sobre a recente homologação da colaboração premiada de 77 (setenta e sete) executivos da empresa Odebrecht, no âmbito da denominada Operação Lava Jato, e de que houve depoimentos relacionados à campanha eleitoral da chapa Dilma-Temer em 2014”.
 
Além do ex-presidente da Odebrecht, também foram convocados a prestar depoimento Cláudio Melo Filho e Alexandrino de Salles Ramos. O primeiro é ex-vice-presidente de Relações Institucionais da empreiteira e, em delação à Procuradoria-Geral da República, informou a remessa de, pelo menos, R$ 10 milhões da companhia às campanhas peemedebistas de 2014.
 
A informação é de que mais da metade desse montante, R$ 6 milhões seriam destinados a Paulo Skaf, então candidato do PMDB ao governo de São Paulo, e outros R$ 4 milhões seriam destinados a Eliseu Padilha, atual ministro da Casa Civil, para as então campanhas do partido. 
 
O desfecho desta ação poderá encurtar o mandato de Michel Temer. Com a ameaça, a defesa de Temer pretende pedir recursos e outras medidas com o intuito de prolongar o processo. O advogado do atual presidente deverá solicitar o acesso a todas as delações dos executivos da Odebrecht, apresentar pedidos de novas testemunhas, aprofundamento das investigações com o uso, por exemplo, de novas oitivas e perícias.
 
Com a expectativa do depoimento de Marcelo, nesta quarta-feira, confirmar o envolvimento direto de Temer e a participação no episódio de um jantar em que o próprio presidente combinou com o executivo as doações para o PMDB, e outro caso envolvendo repasses em troca de apoio a partidos da coligação, peemedebistas avaliam como produzir novas contraprovas.
 
A estratégia é adiar o máximo possível o desfecho do julgamento de cassação contra a chapa. 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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