Marcelo Odebrecht é apontado em pagamento de propinas ao exterior

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Os procuradores da força-tarefa da Operação atribuem a isso a justificativa de manter o executivo mais tempo preso
 
 
Jornal GGN – A força-tarefa da Operação Lava Jato apresentou à Justiça Federal, nesta quinta (02), documentos para manter presos os executivos Marcelo Odebrecht e o ex-vice-presidente institucional da Braskem, Alexandrino Alencar. As duas empresas negam o envolvimento apontado nas denúncias.
 
De acordo com os procuradores, os executivos eram os responsáveis pelo pagamento de propinas no exterior, por meio de três empresas offshores, usadas com esse objetivo: Intercorp Logistic Ltda, Trident Intertrading LTD e Klienfeld Serviçes Ltda. 
 
“[As empresas] eram empregadas por Alexandrino, este seguindo as determinações de Marcelo Odebrecht, para efetuar pagamentos nas contas indicadas por Youssef. (…) É inafastável a conclusão de que Alexandrino de Salles Ramos de Alencar e Marcelo Bahia Odebrecht devem permanecer com a liberdade cerceado, seja porque possuem plenas condições de interferir na prova, seja pelo fato de se constituírem de executores direto e mediato destas medidas, portanto possuem pleno conhecimento de todas as circunstâncias que as envolvem, bem como pelo fato de que possuem amplas condições materiais e financeiras para tanto”, defendem os procuradores da força-tarefa, na petição enviada a Sergio Moro, juiz federal responsável pelo caso.
 
Os procuradores também mencionam que os documentos trazem outros dois nomes de executivos: Rogério Araújo e Márcio Faria, que teriam se beneficiado das empresas, algumas inclusive, em paraísos fiscais, apontam.
 
A prisão dos dirigentes da Odebrecht ocorreu na 14ª fase da Lava Jato, no ínicio de junho, também motivada pela delação de Rafael Ângulo Lopes, que supostamente carregava malas de dinheiro para o doleiro Alberto Youssef.
 
“Youssef levava número de contas situadas no exterior para Alexandrino e este último providenciava o depósito dos valores nas contas indicadas. Com certeza, era um acerto de contrato de propina e de transferências de dinheiro no exterior”, disse Rafael Ângulo Lopes à PF, mencionando também a Braskem, controlada pelo grupo Odebrecht, como responsáveis por fazer as remessas ao exterior. 
 
“Os valores eram transferidos de contas mantidas em nome de empresas offshores para as contas mantidas pelos servidores da Petrobrás, entre eles Renato Duque e os colaboradores Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco”, informaram os procuradores.
 
Na petição, para o MPF, “verifica-se que há prova robusta de que os investigados Marcelo Odebrecht, Alexandrino Alencar, Rogério Araújo e Márcio Faria, sobretudo os dois primeiros, efetivamente se utilizaram de contas bancárias sediadas no exterior para realizar pagamentos a ex-empregados na Petrobrás, possivelmente em várias transações comerciais que realizaram com aquela estatal, o que não só reforça a conclusão a respeito de sua participação nos fatos, como justifica ainda mais a necessidade de que permaneçam segregados”.
 
A força-tarefa ainda concluiu que se Marcelo Odebrech e Alexandrino Alencar permanecerem no controle das contas, “podem fazer com que os valores nela mantidos sejam remetidos a outros destinos, impedindo sua apreensão, produto do ilícito que são”.
 
Em resposta, a Odebrech respondeu que “nega acusações caluniosas feitas por réu confesso. Em especial, nega ter feito qualquer pagamento ou depósito em suposta conta de qualquer executivo ou ex-executivo da Petrobras”.
 
A Braskem esclareceu que Alexandrino Alencar foi funcionário da empresa até 2007, ocupando o cargo de diretor de Relações Institucionais, e que os documentos apresentados nas declarações de Rafael Ângulo não correspondem a transferências financeiras da companhia. “A Braskem não tem conhecimento de reuniões em seu escritório para pagamentos desta natureza”, afirmou.
 
Com informações do blog do Fausto Macedo.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

5 Comentários

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  1. Esse tal de Moro é um
    Esse tal de Moro é um fanfarrão. Seria muito interessante puxar as cordas e ver, além obviamente, da Globo, quem são os figurões que mantém esse cidadão no lugar onde está

  2. Qualquer pagamento que a

    Qualquer pagamento que a multinacional empresa dele fizer no exterior é propina? Não seria melhor, para qualquer um receber num paraíso fiscal que não cobra impostos e aplicar a grana onde bem entendesse (declarando, é claro, no país de origem)? Isso aí é uma forçassão de barra, imputando crime onde aparecem pagamentos no exterior (se declarados, não é crime, e se o recebedor preferiu lesar o fisco de sua origem, o problema é do recebedor).

    Agora tenho que começar me explicar, antes que alguém venhas com seus tiros de canhão: penso que todas empreiteiras são corruptas e penso também que devem ser punidas por isso, mas, de uma forma eficiente, com uma investigação isenta e verdadeira, não com denúncias que não podem ser sustentadas e que apenas servem para livrá-los da punição.

     

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