Carandiru: defensor diz que julgamento é político e Estado deve ser processado

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – A quarta etapa do julgamento do Massacre do Carandiru iniciou na manhã desta segunda (17) com a divulgação da nova estratégia adotada pela defensoria: negar que 12 policiais militares que compõem o banco dos réus nessa rodada sejam culpados pela morte de 10 presos antes instalados no pavimento da antiga casa de detenção, além de outras três tentativas de assassinato. 

Minutos antes de entrar no plenário do Fórum da Barra Funda, em São Paulo, o advogado Celso Vendramini sustentou que não há indícios suficientes para incriminar os oficiais. “Não existe prova nenhuma que eles mataram algum preso. Efetuaram disparos sim, mas que tenham acertado algum, não há provas”, declarou.

O defensor ainda argumentou que as famílias das vítimas devem processar o poder público por omissão no esclarecimento dos fatos, já que nunca houve a realização de exame balístico, o que, em sua opinião, configura uma falha processual. “Eles que processem o Estado por não terem tomado as medidas cabíveis”, acrescentou.

Segundo Vendramini, por conta da repercussão, o julgamento do Massacre do Carandiru ganhou caráter político, e isso pode comprometer o trabalho do Judiciário. Ele alega que há forte pressão do governo e de outras instituições para que a prisão dos militares seja decretada. 

O Massacre do Carandiru ocorreu em outubro de 1992, a partir de uma rebelião gerada após uma briga entre grupos de detentos. Foram contabilizadas as mortes de 111 presos e outros 87 ficaram feridos durante a operação policial.

Por envolver um grande número de réus e de vítimas, o caso foi desmembrado. A divisão foi feita seguindo o roteiro do que teria ocorrido em cada um dos pavimentos do Pavilhão 9.

Etapas anteriores

No mês passado, durante a terceira etapa do julgamento do Carandiru, Celso Vendramini reclamou da atuação do juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo – o mesmo que decretou a prisão dos policiais ouvidos no segundo júri – e deixou o plenário.

O ato culminou na suspensão do julgamento e, consequentemente, em multa aplicada ao defensor no valor de 70 salários mínimos (mais de R$ 50 mil). A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) recorreu da multa e Vendramini não descartou, na manhã desta segunda, a possibilidade de abandonar o plenário  novamente. Tellini, entretanto, já nomeou outro defensor público para assumir o lugar de Vendramini, caso ele leve a ideia a cabo. O júri vai até o final desta semana.

Na primeira etapa do julgamento, em abril de 2013, 23 policiais foram condenados a 156 anos de reclusão, cada um, pela morte de 13 detentos. Na segunda etapa, em agosto do mesmo ano, 25 policiais foram condenados a 624 anos de reclusão, cada um, pela morte de 52 presos que ocupavam o terceiro pavimento do Pavilhão 9.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

5 Comentários

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  1. “O Massacre do Carandiru ocorreu em outubro de 1992”

    Só isso importa. Nosso sistema jurídico, incluindo o judiciário, mas não só, não tem utilidade nenhuma para a sociedade.

  2. Se o Governador , o

    Se o Governador , o Secretario da Segurança Publica e o Comando da PM nao foram responsabilizados  , alguem tem que perder a cabeça né?

    Voce manda uma tropa entrar ( PM cumpre ordem sob pena de exoneração sumaria ) em um ambiente tumultuado , sem luz, com inumeros becos, com gente alegando que ira contaminar os policiais com sangue HIV positivo ( isso em 1992 ano em que a Aids era sentença de morte absouta ) e espera que a tropa nao estaria disposta a usar arma de fogo para matar qualquer um que tente contato corporal com um membro delas?

    Só pode ser piada…

    E como o massacre de Eldorado , a tropa  foi encarregada de disperar uma multidao armada com foices ( foice mata tambem ) e quando a multidão investiu  eles nao tinha nenhuma arma de contençao para disturbios ou comando eficiente para evitar o embate corpo a corpo, mas tinham .38 e submetralhadoras, um  PM atirou o resto é historia!

    As autoridades sao as responsaveis por manter tropas sem condiçoes para o fim a que se destinam, e tambem devem ser responsabllizadas pelos resultados disso.

    Claro que houve execução pos prisao, isso nao se discute

    Com é obvio que houve uso de dinheiro ilegal no esquema de compra de votos pelo PT com o Dirceu no Comando

    O problema é que à exemplo do mensalão ( que nao ha como configurar o ilicito) é IMPOSSIVEL individualizar os homicidios reallizados por determinados policiais militares naquele contexto ou pelo menos da maioria esmagadora deles.

    Se nao ha como provar a participaçao do PM como condena-los como esta sendo feito?

    Mais uma condenação ao estilo ” dominio dos fatos “

    Agora a justiça só prende os PPP, preto , pobre e Pm…rs

  3. O judiciario esta à reboque da imprensa e seus comparsas

    A defesa diz que atiraram mas não mataram ? E quem atirou e matou ?  E atiraram pra onde, então ? Para o teto ? O fato de terem atirado, denota que o objetivo era matar. E é claro que esse julgamento é politico, que o Estado de SP, governador e Secretario de Segurança deveriam também estar sentados no banco dos réus. Como sempre, so quem puxa o gatilho que vai à julgamento e é condenado. 
     

    1. é obvio que atiraram para

      é obvio que atiraram para matar

      se vc estivesse la suas opçoes muito provalvemente seriam:

      Nao atirar  e tenta segurar na mao um homem adulto alucinado , suado e obviamente totalmente escorregadio ( , e detalhe  ! ) ele nao esta sozinho

      Ai voce tenta segurar ele na mao grande e os amigos deles juntos, isso tudo no meio de muita gcritaria e com pouca ou nenhuma iluminação e obvio rezando para que ninguem realmente esteja com agulhas com sangue contaminado ou mesmo o sangramento dele ou de alguns deles nao seja infectado pelo HIV.

      E claro , tudo isso voce faz apostando na ideia de que ao tentar dete-lo na “mao grande ” ira conseguir domina-lo e caso voce nao consiga ele e os colegas deles nao irao tentar mata-lo ou contamina-lo

      Ou iria ligar o instinto de sobrevivencia e atirar no primeiro cara que viesse em sua direção de modo a neutraliza-lo e desestimular os outros a fazer o mesmo.

       

      Que tal ?

       

      Ficou mais facil entender a razao pela qual grande parte dos PMs atiraram ?

      Não todos claro, houve sim execuçoes 

      Porem se nao ha como individualizar é absurdo condenar alguem  …

      1. So fiz sofismar com minhas

        So fiz sofismar com minhas perguntas. De resto, como diz o ditado popular, parece que você esta trocando alhos com bugalhos. 

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