Mídia usou Geddel para lembrar a Temer que ele não reina absoluto

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O escândalo Calero ter gerado um motivo para a atual oposição pedir o impeachment de Michel Temer foi aparentemente um acidente de percurso. O esporte preferido da grande mídia continua sendo derrubar ministros e dizer aos mandatários que ajudou a colocar no poder o que eles podem ou não fazer.

No caso, a ordem para que Geddel Vieira Lima saia do governo Temer é expressa. Os três principais jornais impressos do país trataram o processo de afastamento como notinha de rodapé e centraram esforços nos conselhos a Temer.

A Folha, por exemplo, deu ao impeachment de Temer um espaço minúsculo na página 6 do primeiro caderno. Não há artigos de opinião abordando o assunto.

Um dia antes, o jornal publicara um artigo assinado por um repórter especial da casa falando que Temer foi colocado na presidência para cumprir com a promessa de fazer um ajuste fiscal rigoroso. Mas em vez de acelerar a entrega de demandas como a PEC do Teto dos gastos e a reforma da previdência, o presidente decidiu patrocinar uma série de ações para estancar a Lava Jato. No artigo, a Folha sugeriu que, com essa conduta, Temer parecia merecer a alcunha de “golpista”.

O Estadão desta sexta (24), por sua vez, também tratou o pedido afastamento por crime de responsabilidade como tema secundário. E escalou Eliane Cantanhêde para lembrar a Temer que ele só tem sustentação nas forças que ajudaram na queda de Dilma Russeff.

“(…) Temer precisa ter muido cuidado com a corda: nem deve esticar uma corda que já é naturalmente curta, nem pode balançar numa corda bamba, nem convém aproximar a corda do pescoço, porque pode ser mortal. Ele não tem popularidade de sobra, não tem controle sobre a evolução da Lava Jato, não tem como se descolar de um PMDB tão comprometido e não esta acima do bem e do mal”, disse a colunista.

O Globo não se aprofundou sequer nas informações sobre a possibilidade de a Procuradoria Geral da República pedir a abertura de um inquérito ao Supremo Tribunal Federal sobre Geddel ter feito uma confusão entre público e privado, com apoio de Temer.

Uma coluna de opinião toma o lugar do espaço de informações, com mais um ultimato a Temer: “Para defender o governo neste momento em que o Congresso precisa aprovar um estratégico ajuste na economia, Temer tem de afastar Geddel”.

Já na noite em que veio à tona que há uma gravação da conversa na qual Temer pressiona o ex-ministro Calero para ajudar Geddel, a CBN ouviu o jurista Wálter Maierovitch, que comentou a questão do impeachment, mas jogando panos quentes.

Ele disse que até existe um “enquadramento legal” para processar Temer pelas informações que Calero deu à Polícia Federal, mas que não está claro, “ainda”, o interesse pessoal de Temer em favorecer Geddel. Além disso, para impeachment, faltam alguns ingredientes, como suporte do Congresso e apelo popular. Não é o caso, disse.

Ao final, o comentarista da rádio do grupo Globo se alinhou aos demais veículos: “O fato de ele [Temer] manter o Geddel é incompatível com qualquer código ético.”

No Correio Braziliense, a mesma linha de pressão sobre Temer: “O ministro [Geddel] arrastou Temer para o olho do furacão da crise ética, num momento em que o Congresso está sobressaltado pelo acordo de delação premiada da Odebrecht.”

Na manhã seguinte ao terremoto no centro do governo Temer, já é anunciada a demissão de Geddel.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

6 Comentários

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  1. aviso ao Michel

    ” temer, você é só um instrumento do golpe. Nós ( mídia) somos líderes. O braço armado é o Moro, com suas excrecências jurídicas amadas pelos imbecis. O nosso partido ( para disfarçar a ditadura da oligarquia) é o PSDB. Servimos aos Estados Unidos e a sua ideia de anistia do caixa 2, pode impedir a implosão dos comunistas. Você só está aí por puro acaso, regojise-se com o poder enquanto nós deixarmos, senão tiramo-lo-ei daí com Marcela, sogrinha e michelzinho, usando um pontapé na bunda de cada um. Entendeu , ou precisamos desenhar?” Midia hegemônica.

  2. Mídia vergonhosa

    mais do que nunca a mídia mostra suas vergonhas.

    E ainda acham que “demitir um ministrozinho ralé” vai cobri-las. 

    Nem todos os brasileiros são imbecis. 

     

  3. O ultimato do PIG/PPV já havia sido dado.

    Prezados,

    A pergunta não era se, mas quando Geddel pediria demissão ou seria demitido. Ele durou 8 dias, após vir a público a chantagem e pressão que fazia com o tucano, ex-ministro da Cultura, Marcelo Caléro, que não é e nunca foi o ‘inocente’ e apartidário diplomata de carreira que o PIG/PPV anunciava e le próprio fazia questão de verbalizar. Caléro foi candidato a deputado federal pelo RJ, em 2010, pelo PSDB.

    O golpe de Estado foi dado não apenas para salvar a quadrilha política do PMDB, mas sim para implantar o ultra-neoliberalismo privatista e entreguista, atendendo aos interesses econômicos e geopolíticos dos EUA. E quem representa esses interesses é a oligarquia plutocrática enfileirada no PSDB, que domina burocraica estatal brasileira ( PF, MP e PJ) e suas ORCRIMs institucionais. Caléro acelera o golpe dentro do golpe. No TSE, presidido pelo político mais poderoso e sem mandato (já que ‘vitalício’ no STF), gilmar mendes, já é preparada a eleição indireta de um tucano, em 2017.

    O golpe dentro do golpe esta escancarado. 

    As únicas saídas para restabelcer a democracia seriam a renúncia ou destituição de michel temer, antes do final do ano. Assim, seriam convocadas eleições diretas para a presidência da república. Mas as ORCRIMs da burocracia estatal e do PIG/PPV, as quadrilhas políticas oligárquicas e plutocráticas e o alto comando não querem e não o permitirão.

    República de bananas é elogio para isso em que transfoprmaram o Brasil.

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