Morte de 99 presos não é “descontrole” porque ainda existem 650 mil no país, diz ministro

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O ministro da Justiça Alexandre de Moraes minimizou as rebeliões e massacres em presídios do Norte do país e disse que a morte de 99 presos não representa “descontrole” por parte do poder público porque ainda existem outro 650 mil presos sob tutela dos governos estaduais.

“Há no país 650 mil pessoas que estão no sistema penitenciário. Superlotado? Superlotado. Com problemas? Com grandes problemas. Com crise aguda nos Estados do Norte? Sim. Mas temos 650 mil presos que continuam sob a guarda dos respectivos Estados que estão se desdobrando para evitar qualquer problema. Nós temos uma crise aguda gravíssima, não descontrole”, disse o ministro, em entrevista publicada pela Folha nesta quinta (12).

Moraes foi abordado sobre o por que de o poder público tentar minimizar, também, o poder das facções – já que elas foram apontadas como responsáveis pelas chacinas em Roraima e no Amazonas, numa disputa entre grupos interessados em controlar o tráfico de drogas a nível internacional, inclusive.

Moraes respondeu que não vê “negligência” no combate aos traficantes. “O que tem de ser feito de forma mais efetiva é encerrar a comunicação delas com os outros. Aí entra outra coisa que não se discute no Brasil, o país mais negligente na questão de legislação com grandes lideranças. Pode ter visita íntima e pode ter conversa de liderança sem que se grave.Então deve ter uma revisão na legislação para chefes de facções?”

O ministro defendeu “uma revisão procedimental, de direito penitenciário” para impedir que advogados e presos considerados líderes de facções conversem sem a presença do Estado. “As lideranças são colocadas em um presídio de segurança máxima com bloqueadores de celulares, mas aí você permite visita íntima sem que o Estado possa filmar. Você permite a entrada de advogados, mas, nos outros países, quando ele [advogado] fala, está sendo gravado. Não pode passar isso para fora, o sigilo deve ser garantido.”

Questionado sobre a expansão do PCC em São Paulo durante os governos do PSDB, Moraes, ex-secretário de segurança de Geraldo Alckmin, saiu pela tangente. “Se compararmos as lideranças presas, o sistema penitenciário e a construção de presídios em São Paulo em relação a todo o país, é possível ver que é um modelo que deve ser seguido.”

“Não subestimamos a força de nenhuma facção, mas talvez a imprensa superestime”, finalizou.

A entrevista completa está disponível aqui.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

23 Comentários

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  1. Ah, bom! Agora deu pra

    Ah, bom! Agora deu pra entender. O “ministro” só vai considerar um problema quando os mortos chegaram a casa dos 5 ou 6 dígitos.

      1. Não duvido que ele e Temer

        Não duvido que ele e Temer ainda façam propaganda disso: “Reduzimos em 20% a população carcerária do Brasil”.

        1. Essa é a questão.

          Não são poucos aqueles entre populares que nesse momento partilham dessa idéia!

          Estamos num mato sem cachorro neste momento.

          Nossa revolta está devidamente neutralizada por argumentos toscos, repetitivos e por hora cristalizados. (Direitos Humanos para os que são humanos e daí para baixo.)

          Temos que tirar coelhos da cartola para chegarmos ao coração do Brasil novamente!

          Até porque por mais longo e horrível que seja é fato que essa aposta no caos tem data de validade. Nossa capacidade de nos reorganizarmos será o fiel da balança.

           

  2. Hoje 12.Jan.1700:00 ~ 12:00 –

    Hoje 12.Jan.17

    00:00 ~ 12:00 – já foram assassinadas 72 pessoas

    12:00 ~ 24:00 – mais 72 pessoas serão assassinadas

     

     

  3. Pior é que faz sentido…
    Se

    Pior é que faz sentido…

    Se ainda não era idéia de fazerem isso, agora a idéia fica mais forte num país onde as leis nem sempre são cumpridas pelo próprio poder judiciário!

    E se este golpe continuar, se não houver punições aos golpistas, isso certamente se confirmará.

    O STF deu a senha – Não existe pecado no lado de baixo da linha do equador…

     

    https://www.conversaafiada.com.br/brasil/imperialismo-brasileiro-sera-com-a-droga

     

    Cocabras.jpg

    Segundo dados da Polícia Federal, do Ministério Público e do núcleo de inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, a atuação de facções criminosas na região Norte está ligada ao controle do fornecimento de cocaína do Peru para o Brasil.

    De acordo com o relatório, a facção Família do Norte (FDN) – um dos grupos envolvidos nas degolas de Manaus – aliciou fornecedores peruanos e colombianos para construir seu próprio cartel. O objetivo do grupo, segundo essas informações, seria obter o controle da distribuição da cocaína no Brasil, um negócio avaliado em pelo menos 4,5 bilhões de dólares ao ano.

    O Brasil é o segundo maior mercado consumidor de cocaína no mundo, atrás apenas dos EUA.

    “Os resultados obtidos indicam que o Amazonas se configura como o principal corredor do ingresso de cocaína no Brasil, proveniente dos cultivos de coca nas fronteiras Brasil-Peru e Brasil-Colômbia”, diz o relatório.

    Desde 2010, a FDN vem apliando seu poderio e influência nas rotas do tráfico de drogas e no controle dos presídios do Norte, além de se configurar como principal aliada do Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro.

    Apesar da hegemonia da FDN, o tráfico no estado do Amazonas conta com a presença também do CV e do Primeiro Comando da Capital. O PCC, entretanto, detém um controle maior sobre as rotas que abastecem o sul e sudeste do Brasil, via Paraguai.

    MEXICANIZAÇÃO – A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas alerta para um novo risco: a transferência das áreas de cultivo dos arbustos de coca de território peruano para o Brasil.

    Apesar de constantes operações de órgãos de segurança brasileiros e peruanos, o relatório afirma a existência de “diversas áreas ocupadas com cultivo de coca na Amazônia” – especialmente na região do Rio Javari, na fronteira entre Brasil e Peru – e “a grande quantidade de laboratórios destinados a transformação das folhas de coca em pasta base de cocaína”. Além disso, as mesmas fontes também citam o emprego de índios Ticuna no cultivo da coca.

    A Polícia Federal e o MPF estudam também a existência de uma nova rota de tráfico entre a região de fronteira e Fortaleza. Através de pequenos barcos e aviões, a pasta base de cocaína seria enviada até a capital cearense e, de lá, distribuída aos EUA, Europa, Ásia e África por via marítima.

    Existe ainda a possibilidade de a FDN e o CV obterem, em pouquíssimo tempo, o controle da maior parte do tráfico de cocaína na América do Sul. As facções mantinham, segundo o Ministério Público Federal, estreitas relações com as FARC, da Colômbia. Apesar dos recentes acordos de paz entre as FARC e o governo colombiano, que podem pôr fim a mais de 50 anos de conflito, a FDN e o CV continuam em contato com um grupo dissidente, a “Frente Primeira”, que se recusou a aceitar os termos de desarmamento.

    “Há forte relação comercial da guerrilha com traficantes brasileiros e até autoridades, em troca de dinheiro e drogas.Não se pode negar, é muito possível que esse grupo rebelde FDN tenha relação com integrantes dissidentes das FARC”, declarou o professor de Ciências Sociais, Alejandro Villanueva Bustos, da Universidade da Colômbia.

    “Se não houver uma guinada, estaremos no caminho do México”, disse à Folha o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes.

    Com informações do Valor e Folha.

     

  4. Morte de 1000 presos não é

    Morte de 1000 presos não é descontrole, porque ainda tem 649 mil presos
    Morte de 50 mil presos não é descontrole, porque ainda tem 600 mil presos

    Entendi, descontrole é quando zerar, hum, porque ninguém nunca pensou nisso antes, eita, pensou, lembram da Alemanha nazista.

  5. MENOS PIADA gente !

                    O assunto é sério,  nao sabemos a missao desse homem neese governo, sabemos que é ou foi advogado, portanto tem ligaçoes com uma facçao do crime organizadol .

                    Se tem outro pais latino que passou ou passa pelo mesmo processo da qual estamos vivenciando , esse pais é o Mexico aonde o crime organizado cresceu  a sombra do estado e ha pouco tempo executaram cerca de 50 estudantes de uma escola com ideologia de esquerda por supostas milicias criminosas que até poje nao foi devidamente explicada .

                   Sera esse o nosso futuro ?

  6. Piada macabra?

    Se não for piada macabra do capitão do mato de temer, o governo está pretendendo aumentar esta contagem alexandre, não o grande, mas de temer, está afirmando que cabem mais mortes. 650.000 possiveis. Isto é o escracho do horror.

  7. O Ministro faz-de-conta

    Mais uma vez o Pais do faz-de-conta. Alexandre de Moraes faz de conta que se interessa pelo destino de presidiarios, faz de conta que se interessa pela reforma carceraria (a unica coisa que conta realmente é a construção de mais presidios. Isso, eles acham que é importante) e o tragico nisso tudo é que nos fazemos de conta que temos governo.

  8. Com 99 vidas ceifadas, está tudo sob controle

    Se há algum descontrole, ele está sob controle, pois ainda temos 650 mil presos.

    Como diria Diana Pequeno, interpretando a música Engenho de Flores, de autoria de Josias Sobrinho, agora é que eu quero ver se couro de gente é prá queimar.

  9. Conversa de liderenças sem gravação, desde que não seja a Dilma

    Pode ter conversa de liderança sem que se grave, desde que essa liderança não seja a Dilma.

  10. Tah ki pharilll!!!

    e eram Dilma e Lula os bandidos.

    O ministério de Temer, todo ele, é uma aula de como um país inteiro pode se afundar sendo gerenciado por canalhas cúmplices beneficiários diretos do crime organizado.

  11.  
    Onde já se viu um indivíduo

     

    Onde já se viu um indivíduo medíocre como esse ignorante, rude, e tosco skinhead, ser designado para ministro da Justiça. Isso não é um governo. Quadrilha?..Não mostram competência organizacional. Na melhor das hipóteses, seriam classificados como um rebanho de neuróticos – distônicos. Ao menos assim, quando forem levados às barras dos Tribunais terão a chance de serem condenados a internação em  um nosocômio judiciário. Mais pela idade avançada, pois a maioria do rebanho é formada por macróbios brancos e reacionários.

    Como uma autoridade em bom estado mental, permitiria a um indivíduo como esse rapaz, ocupar diuturnamente os microfones da imprensa para falar tantas asneiras, em nome do governo? Claro! Sabemos que o país está atolado numa fraude federal. Duvido que tamanha sandice ocorra nalguma republiqueta de merda por ai, em algum fim de mundo.

    Orlando

  12. Mãos à obra

    Nassif: não acredito em acaso. Veja possível entrecruzamento dos planos “democráticos” e “republicanos” dos golpistas.

    O Prefeito eleito em São Paulo, por exemplo, não se traveste de Gari, pega a vassoura e diz que vai “varrer” os ambulantes da Paulista? É lógico que essa “limpeza” social se estenderá por toda Metrópole. Está na mesma linha da esfera estadual. E na federal, vemos Kojak, prata da casa.

    Segundo dizem, são 650 mil meliantes. Gente pá dedeú! Os chiqueiros, que ele teima em chamar de “prisões”, estão abarrotados. É preciso fazer a fila andar.

    Quais opções?

    1) fazer mais escolas (decentes) e assistência aos do Povão. Também Presídios (não, chiqueiros);

    2) terceirizar as administrações penitenciária com empresas de idoneidade duvidosa, mas que pagam pedágio aos instituidores políticos;

    3) fomentar mais “revoltas”, para que as facções se digladiem e exterminem umas as outras. Dentro de seis meses, no máximo, essa população estará com menos de 50.000 meliantes.

    Nessa ordem, exclua a primeira, porque os tempos são de liberar dinheiro só prós banco, para investidores estrangeiros e para os empresários.

    A segunda hipótese pode bem fundir-se com a terceira. Bingo. As elites do sul e do sudeste agradeceriam. E com as Farcs fora do caminho, o BNDES poderia financiará helicópteros para elas transladarem os pertences.

    Por isto o plano do homem não é de todo absurdo. Os planos são maiores e mais ambiciosos.  Esses 99 são só para sentir o pulso e o rumo da proza. Faz parte da lógica do golpe.

     

    PS.: se guarda, Nove Dedos…

  13. Nos presídios a carnificina

    Nos presídios a carnificina humana, no governo Temer a carnificina moral. O que são 99 mortes num universo de 650 mil presos, né Ministro?

    E por essas e por outras que continuo achando que Alexandre de Moraes continua advogando pro PCC e sendo Ministro da Justiça nas horas vagas.

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