MP pede 24 anos de prisão para diretores da Anac e TAM pelo acidente do A-320

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O Ministério Público Federal em São Paulo apresentou à Justiça as alegações finais do processo que busca os culpados pela morte de 199 pessoas que embarcaram na aeronave Airbus A-320, em julho de 2007.

A Promotoria pediu 24 anos de prisão para a ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu, que ludibriou uma desembargadora federal para conseguir a liberação da pista principal do Aeroporto de Congonhas, onde ocorreu o acidente, e para o então diretor da TAM, Marco Aurélio Miranda, que conhecia as más condições do local. Caso a Justiça confirme a conduta, a sentença será cumprida em regime fechado.

A denúncia do MPF foi recebida pela Justiça em julho de 2011, logo após o ajuizamento. Inicialmente, os réus foram denunciados por, na modalidade culposa, expor a perigo a segurança do transporte aéreo. No decorrer do processo, entretanto, a partir da análise de elementos colhidos, o Ministério ficou convicto de que tanto Denise quanto Marco Aurélio assumiram o risco por eventuais acidentes. 

O processo continha um terceiro réu: Alberto Fajerman, denunciado em 2011 por colocar em risco a segurança aérea. O MPF avaliou, ao longo do processo, que não foram obtidas provas suficientes para sua condenação e, por essa razão, manifestou-se pela sua absolvição.

Dois anos após o acidente, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), do Comando da Aeronáutica, concluiu um relatório a respeito do acidente do Airbus A-320, apontando fatores que contribuíram para o desastre. Entre eles, a pouca experiência do segundo piloto com esse tipo de nave. “Apesar de sua larga experiência em grandes jatos comerciais, o SIC (segundo piloto) possuía apenas cerca de 200 horas de voo em aeronaves A-320. Sua experiência na fundação de co-piloto desta aeronave se restringia ao treinamento (…) que se mostrou insuficiente para lidar com uma situação de emergência.”

O Cenipa destacou oito fatores determinantes que contribuíram para o acidente, mas não apontava culpados. Entre as duas hipóteses mais prováveis para o episódio, o Centro aponta falha no sistema de controle de potência do jato ou um erro dos pilotos Kleiber Lima e Henrique Stefanini di Sacco. A segunda hipótese é a mais provável, com base na “improbabilidade estatística de falha no sistema”, defendeu o Cenipa.

Além disso, apontaram para falha no aviso sonoro que tem a função de advertir os pilotos sobre os procedimentos a serem adotados no momento do pouso; irregularidades no aeroporto, pois segundo investigação da Aeronáutica, Congonhas não tinha certificado nos termos do Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica 139; as obras no terminal de passageiros e no pátio de estacionamento, concluídas em 2007, não foram homologadas, e não foi realizada inspeção aeroportuária especial durante nenhuma das obras, e tampouco após o acidente.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

3 Comentários

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  1. O Ministério Público está

    O Ministério Público está jogando na lata de lixo todas as teorias do direito. Neste caso eespecífico,  a Teoria Finalista da Ação foi esquecida pelo MP.

    Nesta ação, o MP entende que os acusados, com suas omissões e atos equivocados, tinham como objetivo assassinar 199 pessoas.

  2. Holofotes

    Ai como é bom um holofote.

    O MP entende ZERO de aviação. Mas é necessário alguém para o ato de fé, para a queima na praça pública.

    Por que desprezam com tanta empáfia o relatório do CENIPA? Por que não obrigam as Cias a dar treinamento (que custa $$$) adequado? Ou a repeitar a regulamentação?

  3. tragedia politizada

    Investigacoes aeronauticas nunca sao feitas para encontrar culpados mas para determinar causas ou possiveis causas e fatores contribuintes.

    Essa denuncia do MP eh exdruxula. Nunca gostei dessa Denise Abreu, quando ela mandava a ANAC era uma zona (melhorou um pouco mais ainda nao funciona como deveria) mas culpa-la pelas mortes me parece descabido.

    Minha opiniao nao vale de nada, nao participei das investigacoes, mas se tem um culpado nessa historia, pra mim eh a Airbus. A possivel falha no sistema apontada pelo Cenipa  me parece muito provavel, principalmente se tratando de um caso de tentativa de arremetida.

    Os sistemas Airbus sempre tendem a se sobrepor aos  pilotos. Ja houveram acidentes por causa disso, e nao duvido que esse seja o caso.

    A falha do copila eh muito grosseira. Qualquer piloto de aeroclube aprende a pousar com a mao na manete, se acontecer qualquer coisa soca pra frente. Pra um  macaco velho entao nem se fala.

    A TAM apenas seguiu o manual da aeronave, pelo que sei. Esta sendo condenada pelos mandamentos do comandante Rolim.

    Nao quero passar aqui a mensagem que jatos Airbus nao sao confiaveis, mas se eu pudesse escolher pilotar um Airbus ou um Boeing, fico com o segundo, FACIL.

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