MP-SP começa apurar propinas em São Paulo há 11 anos

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

Até agora, só foram tomados os depoimentos da Odebrecht. Faltam da CCR, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, e dos operadores Adir Assad e Paulo Preto
 

Obras do Trecho Sul do Rodoanel são investigadas por propinas a agentes públicosFoto: Divulgação
 
Jornal GGN – Uma nova investigação sobre a Prefeitura de São Paulo e os governos estaduais expõe esquemas de pagamentos de propinas envolvendo, pelo menos, seis empreiteiras em 11 anos de administrações públicas, com cálculos que chegam a R$ 1 bilhão que devem ser ressarcidos aos cofres públicos.
 
A informação é de reportagem do Valor, que obteve acesso a negociações das empreiteiras  Odebrecht, Andrade Gutierrez e grupo CCR, que inclui também a Camargo Corrêa, além de outras, responsáveis por obras da capital paulista, incluindo rodovias federais, transporte público e aeroportos. 
 
Entre as apurações, estão as denunciadas pela Andrade Gutierrez. O acordo está paralisado por uma negociação que envolve a compensação de créditos, mas a Procuradoria-Geral de São Paulo (PGE) nega antecipar e afirma que a empresa deve entrar na fila de precatórios. Por isso, as oitivas com os executivos ainda não foram realizadas.
 
No caso da Andrade e da Odebrecht, improbidades administrativas pelo cartel formado entre as empreiteiras para viabilizar obras como do Rodoanelo Sistema Estratégico Metropolitano, a duplicação de rodovias da Carvalho Pinto e outras, além das obras das linhas Verde, Lilás e Laranja do Metrô de São Paulo. Em boa parte dos ilícitos, a estatal dos governos tucanos de São Paulo, Dersa, esteve envolvida.
 
Além das já irregularidades expostas na Operação Lava Jato durante os governos estaduais de gestões tucanas, outras informações ainda não estavam na mira dos investigadores, como por exemplo, ilícitos envolvendo o grupo CCR. Por não ter sido alvo da Lava Jato, os promotores de São Paulo tiveram que partir investigações do zero.
 
Por deter a concessão de serviços públicos, a CCR não podia fazer doações eleitorais, por lei. O grupo é responsável pela concessão de 3.265 km de rodovias do país, além de mobilidade urbana e aeroportos e tem entre os seus acionistas a Andrade Gutierrez e a Camargo Corrêa.
 
Mas, até agora, só foram ouvidas as delações da Odebrecht. Falta ainda dar sequência aos depoimentos das demais empreiteiras e da CCR, além de ouvir o operador financeiro Adir Assad e o ex-diretor de Engenharia da Dersa, Paulo Vieira de Souza, conhecido como “Paulo Preto”, acusado de ser a ponte principal de propinas para o PSDB.
 
À Lava Jato de Curitiba, Assad afirmou que foi indicado por Paulo Preto para conversar com o então presidente da CCR, Renato Vale, em agosto de 2017, e teria apresentado no encontro “suas operações ilícitas via Rock Star [empresa própria do operador] como meio para fazer caixa”.
 
Assad contou que “fizeram muitas operações com a CCR”, que “geraram caixa com movimentação em torno de R$ 45 milhões, desde março de 2009 até o final de 2012, por meio de diversas concessionárias de rodovias controladas pela CCR”.
 
Como resultado das apurações do MP-SP, somente pelas delações da Odebrecht, fechadas no final do último ano, quatro ações civis públicas foram ingressadas pedindo o ressarcimento de R$ 145 milhões, sendo R$ 35 milhões que devem ser devolvidos pela Odebrecht ao caixa de São Paulo. 
 
Desta delação, o atual ministro de Ciência, Tecnologia e Comunicações de Michel Temer, Gilberto Kasssab, que foi vice do tucano José Serra e assumiu em 2006 o comando do município, teria recebido R$ 21 milhões de caixa dois da Odebrecht para a candidatura a reeleição de São Paulo, em 2008.
 
A ação civil já exige que Kassab devolva R$ 84 milhões de um total de R$ 110 milhões cobrado de agentes públicos investigados por corrupção e improbidade.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. MP -Paulista eficientíssima,

    MP -Paulista eficientíssima, em MG levaram 20 anos para concluir o caso do mensalão tucano. Corporativismo e aliança entre os da mesma casta. A Justiça sempre foi para PPP.

  2. LESADORES DO ERÁRIO

    Se vocês analisarem friamente, sem partidarismo nem politicagem, v erão que todas granxdes empresas apulistas só se tornaram grandes porque todas sempre foram beneficiadas por políticos corruptosd.

    E NÃO ADIANTA TENTAR DIZER QUE TAL EMPRESA CRESCEU SEM CORRUPÇÃO, POIS ISSO É MENTIRA. NÃO ESCAPA UMA. SE NÃO HOPUVE CORRUPÇÃO , HOUVE OUTROS TIPOS DE MARACUTAIAS, COMO LESAR A RECEITA FEDERAL, PAGAR FISCAIS PARA ISENTAR MULTAS, E MUITAS OUTRAS FORMAS DE LESAR O ERÁRIO.

    INVESTIGUEM O PASSADO DELAS E VERÃO QUE ADEMAR E MALUF, NÃO SÃO OS DONOS DO “ROUBA MAS FAZ” ISSO É CARIMBO DE TODOS GOVERNADORES PAULISTAS DESDE 1500;.

  3. Bandidos de togas paulistas e mineiros ….

    Bandidos de togas paulistas e mineiros protegem bandidos da política tucanos paulistas e mineiros.

    SÓ POR ISSO QUE BANDIDOS DA POLPÍTICA DE SÃO PAULO E DE mINAS GERAIS, SE SÃO TUCANOS, DA QUADRILHA DO FHC, NÃO SERÃO PUNIDOS NUNCA. AZEREDO É UM CASO A PARTE,, SÓ FOI PUNIDO PELA NECESSIDADE E MANTER LULA NA CADEIA POR MAIS ALGUM TEMPO, SEM NENHUMA PROVA CONTRA ELE.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador