MPF denuncia Cerveró e lobista Fernando Baiano

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – O Ministério Público Federal encaminhou denúncia contra Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Fernando Soares, conhecidos como Baiano, e o empresário Oscar Algorta, nesta segunda-feira (23), por crime de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, em desdobramentos da Operação Lava Jato.
 
Cerveró é denunciado de utilizar o cargo de diretor na Petrobras para favorecer contratações de empreiteiras, com o pagamento de propina. Fernando Baiano seria o operador financeiro do esquema, e Oscar Algorta teria lavado o dinheiro, por meio do investimento dos valores ilícitos em uma cobertura de luxo no Rio de Janeiro, em nome da offshore uruguaia Jolmey, ocultando a real propriedade, que seria de Cerveró. 
 
Diretor da área Internacional entre 2003 e 2008, segundo as denúncias do MPF, Cerveró teria a seu serviço os trabalhos de Fernando Soares, intermediando o pagamento de propina, e lavando os recursos ilícitos adquiridos. Os três são acusados de crime de quadrilha.
 
A investigação do Ministério Público também inclui que parte dos valores que teriam sido recebidos a título de propina por Cerveró foi remetida ao exterior, para empresas no Uruguai e Suíça. Uma parcela desses recursos teriam sido devolvidos ao Brasil, por meio da simulação de investimentos diretos de Oscar Algorta na empresa brasileira Jolmey do Brasil, uma filial da offshores uruguaia. 
 
Algorta era o presidente do Conselho de Administração da Jolmey S/A no Uruguai e o mentor da operação de lavagem. De acordo com o registro de imóveis, o apartamento de cobertura no bairro de Ipanema foi adquirido pelo valor de R$ 1.532.000 e reformado por R$ 700 mil. Atualmente, está avaliado em R$ 7,5 milhões. O MPF afirma que o imóvel pertencia ao ex-diretor da Petrobras, e indicações de que a empresa offshore no Brasil era também controlado por ele.
 
Cerveró chegou a alugar o apartamento por R$ 3.650, valor considerado muito abaixo do mercado. “O objetivo de Cerveró e Algorta era simular uma uma locação do imóvel como forma de ocultar a real propriedade do bem e evitar que Cerveró pudesse ser alvo de investigação por enriquecimento sem causa – e claro, de corrupção”, afirma a denúncia.
 
A Procuradoria solicita o perdimento do apartamento, os valores das contas-correntes da empresa, proveniente de aluguéis recebidos, e o pagamento de reparação dos danos causados pela infração no valor de R$ 7,5 milhões.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. Cerveró

    Essa é a única prova de que o Cerveró seria o verdadeiro proprietário do imovel? Um aluguel abaixo do valor de mercado??

    E que tipo de propina é essa que dá pra pagar apenas um apartamento?

    Se aluguel abaixo do valor virar sinônimo de lavagem de dinheiro salve-se quem puder! Vai faltar cadeia!

    Pra mim é óbvio que isso está mais pra sonegação de IR (do proprietário) do que qualquer outra coisa.

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