Não era à vera: Gilmar Mendes brincou com a Nação!, por Marcelo Auler

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Os coveiros do TSE. Charge de Amarildo, publicada noGAZETAONLINE.

Não era à vera: Gilmar Mendes brincou com a Nação!

por Marcelo Auler

Foi tudo brincadeira do ministro Gilmar Mendes. Mas, o pior, é que na brincadeira, ele ajudou a levar o país à bancarrota. Após verificar que o trabalho levado a sério pelo ministro Herman Benjamin provou que valores ilegais sustentaram a campanha presidencial de 2014, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao dar o voto de desempate para a permanência do presidente ilegítimo Michel Temer, confessou:

“Não se substitui um presidente da República a toda hora, ainda que se queira. (…) É muito relevante. A cassação de mandatos deve ocorrer em situações inequívocas. (…)  Eu disse aos ministros (NR em 2015), eu defendo a abertura deste processo por conta dos fatos graves que estão sendo imputados e estão sendo confirmaram, mas não é para cassar mandatos. Porque eu tenho a exata noção da responsabilidade que envolve o Judiciário“.

Ou seja, ou era tudo brincadeira. Justamente de quem, na noite de sexta-feira, usou uma frase de efeito para tentar justificar o voto injustificável depois de tudo o que fez e disse nos últimos anos:

“Temos que ter muito cuidado com as instituições. Não devemos aprender a brincar de aprendiz de feiticeiro“.

 
Gilmar Mendes: magistrado de oportunidade. Vota conforme o réu. Reprodução da TV Justiça

Gilmar Mendes: magistrado de oportunidade. Vota conforme o réu. Reprodução da TV Justiça

Quem brincou com a Nação, foi ele. Tanto que, 48 horas antes deste voto o discurso dele era outro. Na abertura da sessão de julgamento desta Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) 194.358, ele se vangloriou de ser o responsável pela mesma e disse que ela beneficiava ao ministro relator, Herman Benjamin:

“Esta ação só existe graças ao meu empenho, modesta às favas. Vossa Excelência só está brilhando no Brasil todo, na TV, graças a isso”.

Na verdade, Benjamin, goste-se ou não de seu voto, brilhou na TV e diante do país por ter levado a sério sua função de relator. Cumpriu seu papel, inclusive, sacrificando sua saúde como se viu durante todo o julgamento.

Já Mendes, como ficou demonstrado claramente no  julgamento destes últimos três dias no TSE, apenas mostrou o que muitos já falavam: trata-se de um magistrado de oportunidade. Suas posições variam de acordo com o atingido, isto é, o réu.

O pior é que na brincadeira, ele acabou contribuindo e muito, para o impeachment de uma presidente legitimamente eleita, a ascensão ao poder de um grupo de bucaneiros que adora navegar nas marolas criadas por crises políticas, como a que impuseram a todos nós com falsas acusações a Dilma Rousseff.

Mendes viajou de carona com Temer no dia 10 de janeiro e jantou com o presidente e com Moreira Franco, no Jaburu, no domingo  Vai se dar por impedido caso a nomeação de Moreira Franco ministro chegue ao plenário?

Mendes viajou de carona com Temer no dia 10 de janeiro e jantou com o presidente e com Moreira Franco, no Jaburu, no domingo Vai se dar por impedido caso a nomeação de Moreira Franco ministro chegue ao plenário?

Quando a presidência era Dilma Rousseff, Mendes defendeu as mesmas teses com as quais o relator  Benjamin fundamentou seu voto nestes três últimos dias. Como Dilma foi derrubada pelo golpe do impeachment, e deu vez a Michel Temer, Mendes mudou de posição.

Afinal, embora na noite de sexta-feira ele tenha afirmado que “Lógica de amigo e inimigo outros utilizam, não eu”,  ao que parece, prevaleceu sim a velha amizade, de mais de três décadas, na qual o ministro do Poder Judiciário tornou-se uma espécie de “conselheiro político” do chefe do Executivo. Isto ficou claro em dois momentos distintos. Em 10 de janeiro, quando pegou uma “carona” no avião presidencial para retornar às férias que passava com a família em Lisboa, tal como mostramos em Carona para Portugal é “presente”? .

E, duas semanas depois, no domingo, 22 de janeiro, quando foi jantar, fora de agenda e em trajes esportes, com Temer e o seu ministro Moreira Franco, no Palácio do Jaburu, noticiado em Quem se habilita?. Nelas já questionávamos se a amizade não seria motivo de impedimento ou suspeição de Mendes como juiz em casos envolvendo Temer.

Dúvida que aumenta a cada dia na cabeça dos eleitores/cidadãos de bem. Não só com relação a Mendes, mas também atingindo outros magistrados, em outros casos. Como, por exemplo, o próprio ministro Luiz Fux, na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4.393, que ele mantém em seu gabinete  graças a um pedido de vistas, desde 17 de maio de 2012, como noticiamos em O impedimento que Fux esqueceu de reconhecer.

Não existe muito consenso em torno do voto do ministro Herman Benjamin. Há, na esquerda e na direita, quem o abomine ou quem o elogie. Mas, houve momentos brilhantes, que demonstrou o caráter do relator, como a belíssima lição de moral desferida logo no início do julgamento em resposta à provocação do presidente do TSE (cujo vídeo pode ser visto no JornalGGN):

processo em que se discute condenação, em qualquer natureza, não tem e não deve ter nenhum glamour pessoal” .

Além disso, Benjamin teve alguns méritos ao proferir o seu voto. O principal deles foi levar  Mendes às cordas, como em um ringue de luta. Ou, para quem preferir, usando o comentário do subprocurador-geral da República aposentado, Eugênio Aragão, obrigou-o a “dar um cavalo de pau às 17H00 na Avenida Brasil (ou Marginal do Tiete)“.

Bastou usar o próprio voto que Mendes proferiu, em outubro de 2015, para convencer os demais membros do TSE  a abrir exatamente a Aije julgada nestes três últimos dias. Há dois anos, ao propor essa ação de investigação, Mendes mirava em Dilma, na expectativa de provocar novas eleições e abrir uma segunda chance de o tucano Aécio Neves, ainda longe de ser ferido politicamente pelas delações recentes do Joesly Batista, da JBS, chegar à presidência.

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Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

7 Comentários

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  1. Alguém leu o processo e é

    Alguém leu o processo e é capaz de mostrar uma prova apresentada pelo relator benjamim de financiamento ilegal da campanha Dilma 2014?

     

  2. Fico a me perguntar para que

    Fico a me perguntar para que o Brasil tem toda esta despesa(1,8% do PIB) com o judiciário?

    Sugiro acabar com esta porra toda e deixar somente o ministro gilmar dantas mendes para representar o judiciário. iríamos economizar bilhões. o perigo é ele querer os mesmos bilhões só para ele.

    Este ministro pode ter todos os defeitos do mundo mas é o ÚNICO do stf que tem culhão e não pode ser acusado de ser guiado pela mídia. pelo contrário, a mídia é que é guiada por ele.

    Estou começando a acreditar que o gilmar é mais poderoso que a globo.

     

  3. IMBECILIDADE INFINITA

    Segundo o autor dessa matéria, Marcelo Auler, Gilmar Mendes deveria ter acatado a teoria do caixa 3 do “jenial” ministro Herman Benjamin também conhecida como propina poupança ou gordurinha onde o PT teria acumulado imensa reserva de dinheiro em sucessivas gestões e despejou tudo na eleição de 2014 se tornando completamente imbatível eleitoralmente pelo acúmulo de reservas de dinheiro ilícito e lícito tudo junto e misturado.

    Levei três linhas e meia pra descrever a tal de propina gordurinha, nome da invenção do ministro Herman Benjamin, mas o dito cujo nos aporrinhou três dias seguidos explicando essa coisa, por certo para enganar trouxas iguais ao autor desse texto ridículo.

    Gente… Bem dizia Einstein que só reconhecia duas coisas infinitas, a imbecilidade humana e o Universo, mas que quanto ao Universo guardava certa dúvida.

  4. O Marcelo Auller deve tomar

    O Marcelo Auller deve tomar cuidado com

    suas fontes referenciais. O gazetaonline

    não é essa Brastemp que imagina ser. O site

    dança de acordo com o que pensa a matriz,

    assim como o seu chargista, pendurado no

    blog do Noblat, que, por sí só, uma péssima

    referência.

  5. A opção é Gilmar ou Janot,

    A opção é Gilmar ou Janot, aqui no blog parece que a turma prefere o Janot, boas ferias em Curitiba para todos.

  6. Eita bicho que adora holofotes é juiz brasileiro

    “Esta ação só existe graças ao meu empenho, modéstia às favas. Vossa Excelência só está brilhando no Brasil todo, na TV, graças a isso”. – Gilmar Mendes, dirigindo-se ao Ministro Herman Benjamin

    “Não estou almejando ser manchete favorável. Sou um juiz constitucional, me pauto pelo que acho certo ou correto. O que vai sair no jornal no dia seguinte não me preocupa. Eu cumpro o meu dever. Se a decisão for contra a opinião pública é porque este é o papel de uma corte constitucional”. – Ministro Roberto Barroso

    É palhaçada. O Brasil é conhecido mudialmente pelas suas dançarinas, não por seus juristas.

    Não estou almejando ser manchete favorável. Sou um juiz constitucional, me pauto pelo que acho certo ou correto. O que vai sair no jornal no dia seguinte, não me preocupa”. “Eu cumpro o meu dever. Se a decisão for contra a opinião… – Veja mais em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2013/09/12/durante-voto-de-marco-aurelio-barroso-diz-que-nao-se-deve-votar-pela-multidao.htm?cmpid=copiaecolaNão estou almejando ser manchete favorável. Sou um juiz constitucional, me pauto pelo que acho certo ou correto. O que vai sair no jornal no dia seguinte, não me preocupa”. “Eu cumpro o meu dever. Se a decisão for contra a opinião… – Veja mais em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2013/09/12/durante-voto-de-marco-aurelio-barroso-diz-que-nao-se-deve-votar-pela-multidao.htm?cmpid=copiaecola

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