Negociação entre governo e PCC provoca novo motim com morte em presídio

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O governo do Rio Grande do Norte decidiu negociar com membros do PCC para tentar conter a crise no sistema carcerário local, e aceitou transferir detentos da penitenciária de Alcaçuz para a PEP (Penitenciária Estdual de Parnamirim). O resultado foi um motim no presídio estadual de Seridó, na madrugada desta quinta (19), registrando uma morte e cinco feridos.

O jornal O Globo diz que o governo estadual admite a relação entre a nova rebelião e a transferência de presos a pedidos do PCC. 

As negociações começaram nesta semana, quando uma delegada da Polícia Civil e um oficial da Polícia Militar foram designados para conversar com os criminosos. O objetivo da negociação era evitar novo confronto com o Sindicato do RN, rival da facção paulista.

Segundo a reportagem, os policiais negociadores receberam a missão de descobrir as exigências dos presos e identificar quais delas poderiam ser atendidas. Uma das reivindicações foi a transferência de um grupo de 220 detentos, ligados ao Sindicato, de Alcaçuz para a PEP. A remoção se deu na quarta (17), por volta das 18h30.

Pela manhã, a Secretaria estadual de Segurança do Rio Grande do Norte já havia transferido 119 detentos do PEP para o Complexo Raimundo Nonato, na Zona Norte da capital potiguar.

Outro pedido do PCC ao governo foi a transferência de cinco detentos, identificados como chefes da facção, para alguma penitenciária federal. O estado já enviou ao Departamento Penitenciário Federal (Depen) a solicitação. Os integrantes desta facção ocupam o presídio Rogério Coutinho Madruga, conhecido como pavilhão 5 de Alcaçuz. Dos quatro pavilhões de Alcaçuz, três abrigam detentos rivais, diz O Globo.

Por parte do governo, está em andamento a execução de algumas medidas para mitigar a crise no sistema carcerário local. Uma das ideias para a retomada do controle de Alcaçuz é a contratação de 700 agentes penitenciários e a nomeação do procurador Frederico Martins para ser o responsável pelo trâmites jurídicos da crise no sistema penitenciário.

Alcaçuz foi palco de um massacre com mais de 20 mortes, após as rebeliões e chacinas no Amazonas e em Roraima. Em pouco mais de duas semanas, mais de 130 presos foram exterminados no que as autoridades chamam de guerra entre facções.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

6 Comentários

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  1. Entre a facao local e o PCC

    Entre a facao local e o PCC de Sao Paulo que esta sendo atacado la eles foram negociar com…  com o PCC?

    Nao era pra haver revolta?

  2. O caos em meio ao desgoverno
    Há cerca de dois anos, eu já afirmava, nestas mesmas páginas que um golpe, qualquer que fosse, encontraria uma população armada, e que, portanto, os riscos institucionais seriam imensos. Estas rebeliões tendem a transbordar para a rua, e não haverá quem possa controla-lá.

  3. Os massacres decorrem da má-fé institucional.

    Prezados leitores,

    Um dos melhores e mais reveladores livros escritos nos últimos anos, contendo estudos e pesquisas socológicas de campo, é da lavra de Jessé Souza, colegas e alunos colaboradores. O título da seminal obra é “A ralé brasileira: quem é e como vive”, lançado em 2009 pela Editora UFMG, o qual pode ser lido e baixado gratuitamente através do endereço http://www.mom.arq.ufmg.br/mom/arq_interface/1a_aula/A_rale_brasileira.pdf.

    Esse livro é composto de duas partes. Na 2ª parte, intitulada “O Brasil além do mito”, que compreende os capítulos 6 a 15, a conclusão, o posfácio, a descrição do método de pesquisa, notas e referências é subdividida nos seguintes tópicos:

    NOVO OLHAR E NOVOS CONFLITOS

    AS MULHERES DA RALÉ

    OS HOMENS DA RALÉ

    A MÁ-FÉ INSTITUCIONAL

    O RACISMO NO BRASIL

    Como se pode perceber, o penúltimo desses tópicos contém a chave para compreendermos que a tragédia e matança de seres humanos que temos observado nesses campos de extermínio de pobres, pretos e excluídos, que são os presídios brasileiros, não ocorre por acaso, não é um evento aleatório, incapaz de ser previsto pelos que controlam o “sistema”, ou seja, as instituições do Estado repressor. O tópico intitulado “A má-fé institucional” é composto de três capítulos: 12, 13 e 14. Vale a pena citar os títulos e subtítulos desses capítulos.

    12 – A INSTITUIÇÃO DO FRACASSO  – A educação da ralé

    13 -“FAZER VIVER E DEIXAR MORRER”  – A má-fé da saúde pública no Brasil

    14 – A MÁ-FÉ DA JUSTIÇA

    O capítulo 14 é leitura obrigatória para os que procuram uma lógica nesse sistema que pune, reprime, encarcera, tortura, violenta, sevicia e mata, usando os mais primitivos, cruéis e sádicos métodos, que causam horror e estupefação nos que ainda carregam consigo um pingo de compaixão e humanidade, mas que servem de satisfação e gozo para os que pensam e planejam o sistema repressor e para aqueles cujos cérebros foram lavados e tomados pelo ódio nazifascista. O capítulo se inicia com a seguinte epígrafe, de Michel Foucault:

    “A lei não é a pacificação, pois, sob a lei, a guerra continua a fazer estragos no interior de todos os mecanismos de poder, mesmo os mais regulares.”

    Leiam esse livro, em especial as partes que citei. Certamente quem ler e compreender os estudos descritos não se deixará levar por esas explicações simplistas, que dão a entender que “as facções criminosas dominam o sistema prisional brasileiro” ou que “o Estado perdeu o controle sobre o sistema prisional”. Esse discurso oficial dos agentes estatais é ecoado pelo PIG/PPV e enseja manutenção e recrudescimento dessa máquina de exterminar pobres, pretos, excluídos e indesejáveis para a elite escravocrata, plutocrata, privatista e entreguista, que desde 1500 detém o poder de fato no Brasil.

     

     

  4. negociação….

    “Circo de Horrores, Aberração e Escánio Mundial”. Este é o Estado Brasileiro. Caiu a máscara e o país da Idade Média, não tem mais desculpas nem onde se esconder?! Governo negociando com facção criminosa? Picolé de Chuchu fazendo escola !!! O que vem a seguir TV de plasma, churrasco e transmissão para ver a seleção? 150 pessoas assassinadas sob a tutela do Estado. Onde estão as autoridades responsabilizadas? Não caiu um Governador sequer? O Ministro da Justiça continua lá como se representasse alguma autoridade. Prisão construída encima de dunas (Dunas são áreas de preservação permanente. onde segundo a Constituição é totalmente proibida construções. São áreas legalmente protegidas).Facções realmente criminosas são aquelas que comandam o Poder Público brasileiro Até quando continuaremos aceitando a submissão a tamanha aberração? 

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