Nova lei para redirecionar as contas suíças de Baby Doc para o Haiti | E Battisti com isso?

 

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Diante da notícia, apenas me indago, recordando todos os comentários viralaticopáticos acerca do caso Battisti que insistentemente nos apontam a nós mesmos como alcoviteiros de foragidos mesmo quando o tema em pauta – despolitizando aqui, para efeitos didáticos, totalmente a questão – a deportação de um homem que passou as últimas décadas vivendo pacata e honestamente do seu trabalho e que teve outrora o calor da sua juventude fervido por um ambiente em chamas, em meio a uma guerra – declarada ou não – indiscutivelmente conflagrada.

E como todos que à época sentiram na carne o ardor incandescente de um chumbo derretido flamejante como lava cuspida das bocas dos Etnas e Vesúvios vivos da história viva, tanto queimaram quanto arderam escarnecidos pela dor da luta de cada dia.

Foram queimados ao tempo do incêndio.

Depois, pela brasa impertinente dos dedos em riste e linchamentos periódicos.

E, agora, querem queimá-los de novo, vivos, nas fogueiras de mais uma insanta inquisição tardia que, como todas as inquisições, é mais uma vez e sempre promovida pelos papas da imoralidade humana.

Há um tratado firmado entre Brasil e Itália que pressupõe que o respeito à equidade e justeza com relação ao ser humano está acima de quaisquer outras cláusulas do mesmo tratado.

Pois não há dúvidas, nenhuma sequer, que é o relativismo moral, a “justiça de interesses”, o terrorismo de estado, o palhacismo grotesco que faz dos outros degraus, enfim, a calhordice de quinta categoria, quem infelizmente hoje governa o país onde vive um dos povos mais amáveis e amados da Terra.

É para lá que extraditaremos Cesare Battisti?

Mesmo que ele fosse o que alguns pretendem que ele seja, definitivamente não!

Não para um Estado que  persegue política, étnica e religiosamente dentro e fora de suas fronteiras.

Não para um Estado que hospeda e transita subterraneamente como criminosos cidadãos não julgados da aberração humana chamada Guantánamo.

Não para um Estado Terrorista que neste exato momento está obrigando alguns de seus cidadãos – que fardados passam a serem tão somente soldados – a assassinar pessoas e destruir sonhos e famílias – e repito, neste exato momento – no Iraque e no Afeganistão e Deus sabe mais onde, e totalmente contra a total vontade de seus cidadãos que se encontram em seu território.

Não.

Para este Estado Terrorista, definitivamente não.

O Tratado é claro.

Cumpra-se-o!

Nem o cidadão Cesare Battisti, nem o criminoso Beira-Mar, nem o monstro Baby Doc se fosse o caso.

E, falando neste último, retorno ao começo, à viralatopatia nacional que chegou ao extremo de, para insistir no hábito autodepressivo da imagem de si mesmo e de seu país, chegou a colocar Mengele e Biggs no mesmo balaio de Battisti.

Total insanidade bestial demente, entretanto, repetida por muitos e em muitos lugares.

Nenhum dos supracitados foi convidado ao Brasil.

O primeiro, inclusive, na direção totalmente oposta foi, sim, tal qual o megatraficante Colombiano e o mafioso Busceta – que tanto ajudou na limpa italiana (e a Itália, bom lembrar, nos negou o troco do “nosso” mafioso Cacciola) -, foi sim descoberto, enjaulado, e entregue.

E o que dizer dos Estados Unidos da América?

Aqui nós ficamos nos auto-flagelando em nome dessa lista de meia dúzia de dois ou três (lembremos também do Strossner que é feio mesmo) enquanto lá a lista passa brincando das centenas e o calibre é grosso: são quase todos os ditadores do continente e de vários outros, genocidas, destruidores de países inteiros, megagolpistas financeiros e muito mais.

Mas eles serão sempre os civilizados.

Não tanto quanto a Suíça é claro, modelo exemplar de civilização.

Que vai agora permitir que seu Gabinete Federal possa, no prazo máximo de 10 anos, devolver ao povo do Haiti o que Baby Doc lhes extorquiu.

Pois vou lhes dizer 02 coisas sobre a “Civilização Suíça”:

01. O povo suíço – conheço Zürich e alguns cantões da Suisse – realmente oferece bons exemplos de comportamento civilizado. Mas quanto ao País Suíça: “civilização porcaria! lixo do lixo do lixo do atraso civilizatório do mundo! qual a base da economia Brasil? eu cito umas 20! agora, qual a base da economia da Suíça? eu também cito várias: genocídio, trafico de drogas, armas, órgãos, crianças e mulheres, crime organizado em geral, ditaduras, nazi-fascismo, pedofilia, escravidão, testes assassinos de medicamentos, lavagem de dinheiro etc etc etc. Isso responde por cerca de 70% da economia do país que é sustentada pelo dinheiro nos bancos que em cerca de 65% é oriundo do crime internacional. O resto vem de pesquisa, ciência, tecnologia, laticínios e até da falida indústria relojoeira. Este é o País da Civilização?”

02. A segunda coisa que tenho a dizer sobre a Suíça é que a frase acima não é minha. Ela me foi dita e repetida várias vezes por um grande amigo suíço, residente na Suíça, com quem dividi casa por cerca de dois anos fora do Brasil e que ficava encantado com meu jeito de ter sempre uma bandeirinha do Brasil à mão e com minha forma de tratá-la. Ele dizia nunca ter visto no meu comportamento um ar xenófobo, arrogante ou, no sentido oposto, de necessidade de afirmação. Ele só via carinho e prazer na minha relação com meu país em relação com o mundo. E dizia que sonhava com o dia em que ele pudesse ter a mesma relação com a bandeira e o país dele. E que isso era um pensamento generalizado na sua geração pelo menos na região onde ele morava. E é graças a pessoas civilizadas como ele que, hoje, a Suíça está começando a tentar se livrar desse dinheiro sujo de Duvaliers e Malufs. E tenho certeza que a Suíça só vai se enriquecer mais e mais – inclusive economicamente – ao se livrar dessa pobreza de espírito.

A Suíça está começando a civilizar-se.

Isso não é o máximo?

E nós também.

O respeito pelos outros e por si mesmo é um grande e indispensável passo dessa caminhada civilizatória.

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Guilherme de Alarcon Pereira
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Finalmente, a notícia:


Nova lei para redirecionar as contas suíças de Baby Doc para o Haiti

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Rádio Mundial na Suíça – 18 de janeiro de 2011
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Segundo uma nova lei suíça, os bens do ex-ditador haitiano Jean-Claude Duvalier atualmente congelados no país poderiam ser devolvidos às autoridades haitianas.

Duvalier, conhecido como Baby Doc pelos haitianos, fez um retorno inesperado ao país neste fim-de-semana, depois de ter sido deposto há quase 25 anos.

Ativos no valor de 6 Milhões de Francos Suíços, ligados ao ex-ditador, foram bloqueados em contas na Suíça desde 1986.

A nova Lei sobre o Retorno de Fundos Ilícitos de Ditadores, deve entrar em vigor em 1º de fevereiro.

A Lei dá poder ao Gabinete Federal, nestes casos, para bloquear bens litigiosos.

O Gabinete terá, então, até 10 anos para confiscar esses bens.

A lei foi criada especificamente para o caso de Baby Doc.

Uma vez que os fundos sejam devolvidos, os mesmos devem ser utilizados exclusivamente para melhorar a qualidade da população, no combate ao crime e no aperfeiçoamento do sistema legal.

Duvalier disse que retornou ao Haiti para ajudar o seu país em decorrência do devastador terremoto de 2010.

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Redação

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