Direito é um sistema, juízes não podem perder noção do conjunto, diz Carmen Lúcia

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Divulgação/TRT-MG

Por Léo Rodrigues

Cármen Lúcia diz que juízes devem se especializar sem perder a noção do conjunto

Da Agência Brasil

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, disse hoje (29) em Belo Horizonte que os juízes vêm cada vez mais aprofundando seus conhecimentos, mas considerou ser preciso tomar alguns cuidados com a especialização. A avaliação foi apresentada durante sua conferência no Seminário Reforma Trabalhista, evento realizado pelo Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais (TRT-MG) que se encerrou nesta sexta-feira (29).

“É preciso ter cuidado para que a especialidade não leve a um afunilamento de conhecimento que faz com que o juiz perca a ideia de conjunto. O direito é um sistema”, disse a ministra. Para ela, os magistrados têm cada vez mais ferramentas à disposição para se capacitarem, como o ensino a distância, trazendo novas possibilidades. No entanto, Cármen Lúcia destacou que o Poder Judiciário é um só.

“Um juiz não pode pensar que é mais importante que o outro, em razão da especialidade que ele tem. Eu gostaria até que não tivessem os títulos que acabam separando o juiz de primeiro grau, o de segundo grau e o de um tribunal superior”, acrescentou.

A presidente do STF disse que é preciso ter uma segurança da legislação e da jurisprudência. “A vida é dinâmica, o direito muda ao longo do tempo, da mesma forma como em todos os lugares do mundo. Ainda assim, é preciso um cuidado maior num país de tantas realidades e de tantos desafios”. Ela lembrou que a mesma Constituição deve ser aplicada para pessoas que usam helicópteros para se deslocar em grandes centros urbanos e para aquelas que levam dois dias a pé para ter acesso a um hospital.

Tolerância

Cármen Lúcia lamentou também a escalada de intolerância no Brasil e no mundo. De acordo com ela, o trabalho dos juízes deve ser voltado para construir uma sociedade menos violenta e onde existam condições de convivência entre diferentes. “Eu não pensei que eu fosse viver para ver o que eu vejo hoje. Tantos agravos a direitos fundamentais. Por exemplo, quando a gente vê imigrantes sendo destroçados e jogados ao mar, literalmente, quando vemos seres humanos serem destratados em larga escala”.

A ministra defendeu ainda a conciliação e avaliou que o Brasil precisa apostar em novas formas de solucionar conflitos. De acordo com a ministra, há 80 milhões de processos em tramitação no judiciário brasileiro para um quadro de 18 mil magistrados, comprometendo a eficiência do trabalho. “A partir da experiência da conciliação iniciada na Justiça do Trabalho, estamos pensando em como, cada vez mais, podemos ser capazes de pacificar os processos em varas de família, de infância e juventude”.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1. A fala dela apenas confirma o

    A fala dela apenas confirma o que já se sabia.

    A especialização é saber cada vez mais sobre cada vez menos.

    Talvez por isto o MPF, PGR e o golpista de curitiba destruiram o país; faltou visão de conjunto.

  2. Essa ministra enxerga longe

    Essa ministra enxerga longe (“imigrantes” jogados aos mar ) para fingir que não vê o que acontece sob seu nariz. Essa ministra se preocupa com o social, advoga que é preciso tratar igualmente o dono do helicóptero e o que anda a pé dois dias para chegar ao hospital. A ministra é um exemplo de estupidez, cinismo, hipocrisia, desfaçatez, arrogância, enfim, forma uma parelha com o barroso. 

  3. “Um juiz não pode pensar que

    “Um juiz não pode pensar que é mais importante que o outro, em razão da especialidade que ele tem.”

    É mesmo! O que você faz presidindo o CNJ e protegendo o Moro? 

    Hipócrita e nula.

    E arre  que tirou as as duas voltas de pérola!

     

  4. Em breve poderá comandar um programa de entrevistas na tv

    A mulher é uma piadista! Só pode!  Está habilitada a comandar um programa de entrevista noturno na tv bananeira pois a quantidade de platitudes que emana de sua boca é descumunal.

  5. Mais do mesmo outra vez de

    Mais do mesmo outra vez de novo, como sempre.

    Próxima vez que o blogue manchetear alguma fala dela, nos poupe e se economize. Já tenha a manchete engatilhada.

     “CL disse aqulio tudo que todxs estão cansadxs de saber, mas ela não cansa de dizer…nada”

     

    Como ela morre de medo de se pronnciar na corte ou nos autos e contrariar Gigi, então ela dá uma palestra qualquer para verborragiar.

  6. SANTA NULIDADE

    SANTA NULIDADE

    É possível extrair mais conteúdo em rodas de discussão sobre futebol do que em ‘palestras’ dessa senhora. Exceto para seus futuros alunos, melhor faria, para todos nós, a Santa Nulidade se se aposentasse e fosse ensinar religião católica confessional em alguma escola da sua terra natal, para por em prática seu último voto no stf, contra o estado laico e as minorias religiosas. Quem sabe não entraria na lista de futuras beatas do vaticano?

  7. È o cebolório juridico em

    È o cebolório juridico em ação, 

     

    vestes ridiculas, linguajar arcaico, modismos obsoletos e nenhuma eficiencia, isso é bem ao gosto desse povo, o bla bla bla……….

  8. Realmente “A vida é

    Realmente “A vida é dinâmica,…” e a justiça se fará quando todas as pessoas que “levam dois dias a pé para ter acesso a um hospital”… entenderem que neste país não existe sistema judiciário que proteje os seus direitos.

    O sistema judiciário atual brasileiro se compara a uma idosa iludida, manipulada por canalhas.

    Por isso muitos já se viram por conta própria para exigir os seus direitos e para se ver livres de efeitos dos crimes de alguns dos que andam helicóptero às custas de roubos daquilo que por direito seria de outros. Isso quando não usam o referido aparelho para seus tráficos criminosos.

    Sistema judiciário é onde a JUSTIÇA se realiza, o resto é museu da ignorância e pilantragem.

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