O legalismo parcial de Raquel “Bola Nossa” Dodge, por Luis Nassif

“O Brasil está vinculado a compromissos constitucionais e internacionais que compelem o Estado a separar as funções de investigar e julgar, como garantia de que todo réu terá direito a um julgador imparcial, não contaminado pela coleta da prova na fase extraprocessual”.

As palavras acima são da Procuradora Geral da República (PGR) Raquel Dodge, em uma profissão de fé comovente nos compromissos constitucionais e internacionais do país, uma campeã dos direitos civis.

Não ficou nisso. Deu uma bela aula sobre o papel do Ministério Público e do processo penal.

“A Constituição define o Ministério Público como titular da ação penal, garantindo ao órgão a atribuição de formar a opinião acerca do delito (opinio delicti). A partir dessa opinião, o MP pode fazer a acusação ou pedir o arquivamento do inquérito”.

Ou seja, o papel do procurador não é acusar, mas fazer justiça. Ou seja, analisa um inquérito de forma isenta, pesando os argumentos e provas invocados. Só depois de formada a convicção sobre a culpa, promoverá a denúncia.

É um fantástico mea culpa, pelo fato da Lava Jato ter promovido a cumplicidade total entre o juiz Sérgio Moro e o Ministério Público? Corte essa! É a reclamação de Dodge contra as decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) mandando arquivar investigações sem que o pedido seja formulado pela PGR, por demora excessiva na apuração.

Raquel lembra um antigo bandeirinha mineiro, torcedor do Atlético. Cada vez que havia lateral para o Atlético, ele gritava para os jogadores:

– Bola nossa!

Ela invoca os acordos internacionais não em favor do réu, mas da acusação.

A PGR é espelho da maioria das procuradores: não conduz, é conduzida. Age como advogada de acusação, não como promotor de Justiça. Fecha os olhos a todos os abusos. Joga para a plateia dos seus eleitores, os procuradores. E faz jogo de cena, jogadas previamente combinadas.

Basta atrasar as investigações sobre os réus blindados. Aí o STF manda arquivar por excesso de atraso. E a PGR exerce o direito inútil do jus sperniandi. Missão cumprida!

Em suma, doutora Raquel Dodge está pronta e preparada para buscar seu objetivo final: uma cadeira no STF, escapando da sina dos PGRs, de voltar a ser procurador comum depois de deixar o cargo. Até hoje seu antecessor Rodrigo Janot não se refez do choque.

 
Luis Nassif

10 Comentários

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  1. Na minha modesta opinião….

    Ela é a mais forte candidata à “Barroso de tailleur”…. sem duvida nenhuma……..disparada na frente…….

  2. Prefiro raquel dodge “Dart

    Prefiro raquel dodge “Dart Vader”

    O Dart Vader está maiúsculo porque merece mais respeito.

    Era mau, bandido, canalha, hipocrita, desclassificado, traidor e assumia, não ficava dissimulando.

  3. Nassif me fez dar umas boas

    Nassif me fez dar umas boas risadas agora , nestes tempos conturbados, lembrando das personagens folclóricas do futebol mineiro: Cidinho “bola nossa”. Olavo Bastos Leite, o “Kafunga”. Carlos César “Pinguim”. E uma das melhores vozes da TV : Fernando Sasso “tá no filó”!!

  4. ‘Doutora’ Raquel – eita coisa

    ‘Doutora’ Raquel – eita coisa jeca chamar qualquer um de doutor -: tão Dodge Dart contra uns, tão Polara contra outros.

  5. Incrível…

     

    Em suma, doutora Raquel Dodge está pronta e preparada para buscar seu objetivo final: uma cadeira no STF, escapando da sina dos PGRs, de voltar a ser procurador comum depois de deixar o cargo. Até hoje seu antecessor Rodrigo Janot não se refez do choque.

    Incrível tanta cegueira institucional e profissional.

  6. Já viram a lista de traduções para “dodge” no google tradutor?

    https://translate.google.com.br/?hl=pt-BR#en/pt/dodge

    esquivar, fugir, escapar, esconder,  iludir, sofismar e outras que não vou transcrever aqui, viche!

    É óbvio que qualquer pessoa que porte este sobrenome nada tem a ver com seu possível significado. No caso, aliás, a Doutora Raquel Elias Ferreira (ou Silveira) Dodge (vi na wikipedia) tem este sobrenome por ser casada com o Sr. Bradley Dodge.

  7. Só jogada manjada…
    Isso
    Só jogada manjada…

    Isso sempre esteve no plano do golpe com supremo com tudo, nenhuma surpresa.

    O que impressiona é o tanto de gente que embarcou na historia de que se trata de “combate à corrupçao”…

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